Sobre o direito de tirar a máscara.
Resolvi falar, brevemente, sobre riscos e aquilo que
muitas chamam de “mito da vida fácil”. Ou seja, a nossa vida de acompanhantes
de luxo não seria, de fato, “fácil”.
Bem, mas afinal, o que seria uma vida “fácil”? Ser
dondoca, mas ter que prestar satisfação de todos os gastos do cartão de crédito
ao marido? Ser advogada e ter que estudar eternamente, ver os processos andarem
com uma leniência absurda e ser membro de uma classe parcamente valorizada?
Ser médico, fazer vários plantões, ter uma imensa
responsabilidade, poucas horas de sono e ainda ter que ouvir “graças a Deus
fulano curou”, depois de tratar alguém?
Ser professora universitária, fazer especialização,
Mestrado, ser parcamente remunerado, dar aula pra mais de 80 alunos por sala e
enfrentar o machismo da academia?
Ser professora de primeiro grau ou segundo grau e
receber uma miséria para fazer a diferença na vida de crianças e adolescentes?
Gente, vocês acham que alguém tem a vida plenamente
“fácil”? Quiçá quem tenha nascido milionário, mas se a pessoa contar com um
pouco de inteligência a sua vida não será fácil. Para quem questiona e não é
egocêntrico o mundo não é fácil.
Como diria meu prezado Arthur Schopenhauer “quanto
menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência”, ou
seja, até para um milionário inteligente haverão mistérios e, consequentemente,
a vida não lhe parecerá “fácil”.
A minha vida, a vida da Cláudia de Marchi, codinome
Simone Steffani, também não é fácil. Eu questiono demais, me irresigno demais,
exijo respeito, gosto de cultura, admiro a moralidade, a ética e não a
religiosidade, luto pela total separação entre Estado e religião, afinal nossa
Constituição é laica, luto pelo fim da cultura machista, misógina e que
malbarateia a vontade feminina. Mais, luto pelo fim da propagação do machismo
por parte das próprias mulheres que rivalizam ao invés de serem empáticas.
Luto pelo fim da ignorância pró-beleza estética e
que não valoriza a leitura, o bom diálogo, a profundidade da alma e não apenas
o tamanho da bunda ou cumprimento dos cabelos da mulher.
Quanto ao trabalho? Eu gozo! Tenho clientes
carinhosos, beijos fervorosos me fazem ter tesão, homens educados me excitam,
homens cultos me fazem gozar só ao tocarem meu clitóris. Eles sabem fazer isso.
E os ruins de cama? São raros, mas, danem-se! Sempre resta uma conversa e até
algo novo a aprender com eles.
Quem nunca teve uma transa ruim na vida? No meu
trabalho, muito raramente eu tenho alguma. Mas, mais para o cliente caso ele
tenha algum problema de saúde. Em matéria de língua e dedos eu saio no lucro em
99% das vezes!
É difícil pra você? Não é pra mim. Pra mim o difícil
é conviver com a hipocrisia da sociedade, com a infindável ignorância humana,
com a arrogância dos incultos, com a soberba dos falsos ricos e com o egoísmo
miserável dos milionários.
Sobre os demais riscos inerentes à profissão? Eu
evito. Exemplo, o print abaixo:
Antes deste dialogo este cidadão me ligou no celular
61, pediu como é meu programa (Pergunta tosca! Ora, pergunta se faz isso ou
aquilo, não é sempre que estamos num lugar reservado para lhes narrar o que
fazemos, ademais eu já tenho um site com diário pra isso, mas...), falei,
passei o site e o celular com o whatsapp e então ele escreve isso.
Você acha que este cara estava em seu juízo
perfeito? Imagina!? "Fotos atuais e reais"? Tá escrito
"24/07" de brincadeira no site e são todas montadas, irreais, só quem
toma o chá do Santo Daime visualiza, aquela ali não sou eu, é um fantasma!
Gente, com ligação depois das 22 horas de quem ainda não é cliente precisamos
abrir o olho: tem muito cara embriagado e chapado "caçando" na net!
Eu não saio de casa por nada! E depois ele ligou
pela segunda vez pra saber como é o "encontro", é mole?! Não basta,
se a acompanhante quiser ser feliz na carreira, ser bonita, culta e
inteligente, tem que ser esperta e se desvencilhar dos "suspeitos",
pois é por tais precauções que eu afirmo: a minha vida enquanto cortesã de luxo
é FÁCIL e DIVERTIDA, mas eu prefiro perder grana, a correr riscos e perder a dignidade!
Literalmente? Fica a dica!
Cláudia de Marchi
Brasília/DF, 27 de julho de 2016.