Da sala ao quarto.
Sobre mulheres e sobre sexo o poeta Mucio de Lima
Goês definiu as raras com maestria a finesse: “Dona de uma fineza absoluta: na
sala, Sartre, na cama, Sutra.” A sala, a cozinha e toda a sociedade não
precisam saber o que você faz no quarto. Fale sobre psicologia, filosofia,
política, religião, culinária, enologia, pensadores modernos, filmes cult,
cinema atual e até sexologia e o seu objeto de estudo.
Tudo com classe, franqueza e educação. Não coma com
as mãos, não faça barulho ao tomar líquidos, não flerte aleatoriamente,
conjugue corretamente os verbos, sorria e dialogue. Perante o mundo demostre a
cultura e o humor que possui, mas, entre quatro paredes e para quem você
escolher, desfaça-se de pudores, receios e eventuais "nojinhos"
tolos.
Na cama seja você no sentido mais anímico e animal
que pulula no seu ser! Sartre na sala, sutra no quarto! Bochechas ruborizadas
na sala diante de um singelo elogio ou narrativa, rosto suado e corado no
quarto diante de atos não narráveis e censurados pela sociedade.
Simples, pois: seja mulher, mas não perca a
finesse, a elegância e a classe. Não precisa ser santa nem puta, apenas dona
das suas vontades e do seu nariz. Ninguém irá lhe dominar, a menos que você
permita. E deseje. E peça. E goste.
Seja + você, - o que esperam de você, + decidida e
atrevida, -princesa discreta! Você não precisa ser vulgar, desesperada, carente
e atirada para ser atrevida. Você não precisa flertar com todos os
"gatos" do pedaço pra ser decidida. Você não precisa se tornar uma
dessas "biscas" que não pode ver uma cueca na frente para mostrar que
é "boa", dona de si, feminista e independente.
Ser livre é ser dona das suas vontades, não
necessariamente liberal ou libertina. Ser livre é poder mandar em si e dizer
"agora eu quero" ou "não, está bem assim" ou o tal de
"quero mais, não me contento com pouco". Não carece ir ao extremo dos
conceitos, porque tudo o que sobra, vai pro lixo queridinha! Nem demais, nem de
menos baby!
Amor próprio, independência e liberdade são
essenciais, não carece chegar ao ponto da histeria, da paranoia, do desespero,
de fazer joguinhos, de bater de porta em porta ou, atualmente, de whatsaap em
whatsaap. Quer, quer, não quer, não quer, simples! Só que antes de querer
qualquer migalha, queira um banquete para você! Queira-se bem, muito bem!
Apaixone-se por cada pedaço do seu corpo e neurônio do seu cérebro!
Você não precisa dizer não quando seus hormônios e
mente querem dizer sim, só para se fazer de santa, pudica, virginal, afinal, o
pior tipo de vadia é a que se faz de "santinha", a que posta
versículo bíblico ou frase de filósofo capturada do Google (que nunca foi
"lido") para pagar de intelectual religiosa no facebook e flerta com
homem casado e pai de família no whatsaap.
Seja você, comande-se, satisfaça-se, saiba a hora
de entrar em cena e o momento de deletar o filme, saiba a hora de dizer
"vem cá" e o momento de dizer "retire-se", saiba o momento
de ser franca e transparente e a hora adequada de não dizer nada, apenas virar
as costas e seguir adiante.
Não carece descer ao nível do fingimento, do vestir
a mascara da "mulher perfeita", mas também não carece extrapolar os
limites da fineza, da classe, do "eu mereço ser tratada como rainha e não
apenas chamada de princesa, porque assim como me atrevo a entrar e me jogar de
corpo e alma eu também decido sumir e nunca mais aparecer". Enfim,
comande-se, não dependa de palavras doces, guie-se pelas suas vontades e o
resto que se dane!
Use o cérebro na sala e no quarto, porque o
princípio de toda espécie do prazer vem dele. Permita-se usá-lo. Acredito que
mulheres inteligentes gozam mais! Se conhecem mais, se seguram menos, mas são
mais seguras de si e de suas vontades. O corpo age, o cérebro reage e instiga!
Sartre, ah, Sartre!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 29 de julho de 2015.
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