Quem não trai?
"Todo homem trai", ouvi isso. Se
"homem" for entendido como "todos os seres humanos" eu
concordarei. Porque toda pessoa mal amada, mal cuidada e "mal comida"
pode trair. A gente busca "fora" o que não tem em casa, isso é
elementar, compreensível e demasiado humano.
E não é só na cama não, até no intelecto, no humor
e na cultura! Enfim, não seja machista, trair é uma opção que qualquer ser
humano pode optar por tomar! Eu ainda prefiro o diálogo e, se nada mudar, o tal
do bom e velho "mandar se ferrar", mas eu sou eu! Só não estigmatize
os gêneros parça!
A capacidade de trair é tão humana quanto a
capacidade de matar. Acredite, todos temos, mas só gente com transtorno de
personalidade antissocial o faz sem razão e descriteriosamente. No momento da
raiva, da carência, do desespero, da frustração o ser humano é capaz de cometer
qualquer erro, qualquer ato que ele mesmo saiba ser errado.
Se você ouvir um adultero ele sempre aferira alguma
razão, eles sempre tem argumentos e, quiçá, os mesmos sejam reais. Eu tive relações,
até mesmo a distancia, que nunca despertaram-me, sequer, a vontade de olhar
para os lados, mas já fui, inclusive apaixonada por quem estava diariamente ao
meu lado e senti raiva e carência, algo como “esse idiota não me merece” que,
em tal momento eu seria capaz de trair com toda certeza. Por vingança, por carência,
por frustração e quiçá, desespero, não sei ao certo.
Todavia, ainda que eu tivesse tido tal coragem, enfim,
coragem para decair ao nível do homem que me fazia sentir-me carente, nada
mudaria o que eu vivia. Nada, exceto o dialogo aberto, a franqueza. Não aquela
proveniente de agressões verbais, cobranças e exigências nojentas.
Me refiro àquele dialogo sem o qual a relação não se
mantém e nem se equilibra, aquele amigável, de coração para coração,
proveniente do respeito, da admiração e da consideração mutuas. Então, se um
dia a relação chegar ao ponto em que nem o dialogo sincero resolve as “brochuras”
do dia a dia, então a relação findou e é, sim, possível sair dela com a
dignidade intacta de não ter sido infiel ao outro e a seus próprios princípios
morais.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 12 de julho de 2015.
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