Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 27 de julho de 2015

O estranho reino da superficialidade.


O estranho reino da superficialidade.
Vivemos na era em que as pessoas riem quando alguém lhes manifesta apreço, desconfiam demais, se entregam de menos e perdem excelentes oportunidades. Tudo porque ter compromisso é temeroso. Podem-se as mais incríveis intimidades, sexo de todas as formas, prazer a rodo, mas, ah, falou em coração, falou em sentimento, paixão, bem querer, ah não, ah, daí é demais, daí da “medinho”!
Vejo que o medo das pessoas em pegar uma DST ou de engravidar de um estranho ou a uma estranha são menores que o medo de criar apego, de ir além das vestes, de desvelar a alma. Para o amor, mil desculpas! Ocupação, distancia, prioridades, tempo, para o superficial, tudo pode, pode tudo!
A intimidade dos corpos virou comum, banalizou-se, mas o sentimento não. As pessoas são felizes com a superfície, eu não. Existe medo de envolvimento e desconfiança, mas só no que diz respeito ao que é sério, como é o caso do apego, do sentimento.
Eu não nego, fujo do que é superficial, por conhecer-me. Para chegar ao ponto de eu me envolver de corpo é porque sei que o resto não será difícil, motivo pelo qual a minha “modernidade” é contida. Não saio “ficando” por aí, porque não quero me irritar por pouca coisa, digo, por parco sentimento e pouco coração. Por “pessoa pouca”.
Gosto de entrega, de confiança, de compromisso, mas, realmente, não procuro quem não me procura, não por pensar que a pessoa é dessas bestas masoquistas que valoriza o que é difícil ou inacessível, não menosprezo o ser humano a tal ponto, mas porque acho que, se o outro me conhece e me deseja, ele tomará atitude.
Na verdade, se eu tenho um “tipo” de homem é aquele que toma posse, que “chegam chegando”, consciente do que quer e ciente do que encontrou. Aquele que vê com facilidade o ser especial que conheceu, aquele que valoriza e, conhecendo o mundo, quer para “si”, quer exclusividade.
Afinal, ao contrário de muitos, eu gosto de quem gosta de mim e me entrego diante da entrega, do contrário, eu fujo ou não deixo o sentimento prosperar, porque a vida é muito curta e eu sou muito bonita e inteligente para nutrir sentimentos de forma unilateral. Existem dias em que sentimos falta de dar e receber amor! Dias em que queremos ser compreendidos, acarinhados e cuidados.
Dias em que a gente deseja alguém que se importe, que pergunte se estamos bem, alguém que diga o quanto curte nossa existência e não apenas nossa aparência, enfim que não nos diga o que qualquer pedreiro de pau duro possa nos dizer como sendo "elogioso".
Tem dias que a gente quer ter significado para alguém, em que queremos considerar e sermos considerados, envolver e sermos envolvidos, admirar e sermos admirados e não meramente olhados e desejados. Existem épocas em que desejamos demais e o mundo costuma oferecer o "de menos". Eis a vida e, sempre, vale o tal de antes só, porque eu, ao menos, me nego a cair nessa superficialidade toda que tornou a intimidade do corpo tão banal.
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 27 de julho de 2015.

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