Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Identificação.

Identificação.

Minha mãe era professora, meu pai caminhoneiro com pouca instrução. Eles se deram bem em 27 anos de casados, afinal ela parou de lecionar para me educar e viajar com ele, nunca teve amigas e em virtude do ciúme, legou a vaidade para segundo plano, pois machista: "Seu marido nunca está em casa, por que ela se arruma tanto?", por receio disso ela parou de se arrumar e de usar seu extremo bom gosto consigo para fazê-lo comigo.
Mas, de toda forma nunca alteraram o tom de voz um com o outro antes da separação e nem após. Ela nunca discordou e, sempre quando o fez, foi com uma classe digna de uma lady e ele, por sua vez, sempre foi humorado e educado.
Pra que essa história? Porque apesar de fruto de uma família constituída por um casal de cultura diversa eu acho essencial afinidades culturais no amor, na amizade, no convívio!
Nenhuma relação sobrevive calcada em gritantes distinções de cultura. E o que isso inclui? Valorização do teísmo, conservadorismo, propagação de ideias patriarcais e machistas, predileções diversas, de cinema à programas televisivos, de livros à musicas (gêneros musicais)!
Se a gente pode conviver com os diferentes? Claro, somos tolerantes, ou seja, os suportamos porque somos educados, não nos metemos na vida alheia e nem temos porte de arma! Tolerar é algo parco quando se fala em laços fortes de convívio!
Eu me tornei um ser demasiado seletivo e não trago mais para minha doce redoma quem possui cultura e educação muito diversas da minha. Eu gosto de admirar e não sou hipócrita para dizer que eu admiro quem vive, pensa e cultua coisas que eu não gosto. Respeito, mas não admiro.
Assim como nas redes sociais temos o bloquear e o excluir, na vida podemos ignorar. Eu ando com gente que pensa de forma semelhante a minha, não sou falsa com eles, eles não de moldam a mim e podemos passar uma noite dialogando e dando risada em paz.
Sabe a celeuma dos últimos dias, a do jornalista que criticou a cultura dos fãs do tal sertanejo universitário e que eu me posicionei de forma contrária ao mesmo? É pra isso que existem as afinidades culturais, porque o pensamento exarado por ele frente a uma legião de fãs comovidos não teria sido inoportuno se feito numa roda de pessoas afins com o ponto de vista dele! Ou seja, quando temos afinidades culturais com alguém nossos desabafos, por mais grosseiros que sejam aos outros, fazem sentido e não ferem. Somos compreendidos, para dizer pouco!
Por isso valorizo pessoas que tem uma forma de ver a vida semelhante a minha e não chamo isso de narcisismo, mas de identificação! Com elas eu não preciso conter todas as minhas opiniões com medo de ser tripudiada ou ofendida, porque, de uma forma ou outra, nossas ideias convergem e, quando não convergem, a gente tem a cultura da boa educação, a cultura da finesse que nos impõe calarmos quando nada de bom temos a dizer, que nos impõe sermos educados e suaves com as palavras. Questão de berço, de educação e, obviamente, de cultura, de exemplos.
Aos demais, aos diferentes educacional e culturalmente de mim, deixo o meu respeito e, sempre, o meu "com licença, muito obrigada". Simples assim, afinal a vida é minha e eu não conservo uma tez jovem "forçando" minha paciência ou amizade num mundo em que pensar além de dogmas e paradigmas culturais é exceção! Quer saber? Eu amo exceções! A regra que me desculpe, mas eu sou gamada mesmo é nas exceções.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 02 de julho de 2015. 

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