Sexo é sexo, orgia é orgia e eu sou limitada.
Eu nunca tive um relacionamento de mais de 4 anos. Não
fui casada há décadas e nem tive filhos. Não passei por relações entediantes e,
sinceramente, não gosto de tédio e não sei se o suportaria.
Contra o tédio numa relação? Vinho e sexo. Locais diferentes,
atitude diferente. É a minha eterna dica e sempre funcionou nas minhas não muito
longas relações. Aliás, nunca vivenciei o tédio, para ser franca.
Hoje em dia muitas coisas estão na moda para mexer
com o imaginário dos casais, sair da tal da “temida” rotina e etc.. A tal da
troca de casais, o tal do “ménage” (anseio essencialmente e de longa data por
parte dos homens), sexo explicito, clubes disso, clubes daquilo.
Eu tenho a mente liberta, acho que entre dois e entre
quatro paredes (até a céu aberto, se for o caso) tudo, absolutamente tudo é
válido. Só que eu tenho em mim, envolto com minha libido saudabilíssima, um “que”
romântico e até retrogrado, careta para muitos.
Eu envolvo sexo à confiança, confiança à
cumplicidade, cumplicidade à entrega e entrega à paixão. Paixão à exclusivismo
e apego, por sua vez. Vale tudo, ou seja, com quem eu quero pra mim. Sou exclusivista
e se, conhecendo-me, um dia meu tédio numa relação chegar a ponto de eu achar
legal “agregar” pessoas na minha transa ou trocar de pessoas, simplesmente, eu
encontro outra pessoa para viver comigo e transar comigo!
Eu sou livre de alma, ideias, ideais e desejo, mas não
sou do tipo que usa táticas para insistir na manutenção de uma relação. Não tais
táticas, porque, tal como ouvi de um amigo há anos: “Pra mim sexo é sexo, orgia
é orgia”. Enfim, não curto, não quero e nem pretendo.
“Ah, mas se o seu casamento estiver ruim e você
quiser manter a sua família, não acha bom dar uma ‘inovada’, uma animada?”.
Tipo, pra começar eu quero uma família de dois que, por sua vez, chegando ao
tédio a dois, fica fácil de “apartar” não fica? Não quero que nada além do amor
e do desejo me prenda a alguém. E se esses se mostrarem insuficientes eu sigo
só! Do meu jeito, alegre, sozinha e livre para substituir o “ex” por quem me
parecer interessante na cama e fora dela.
Aliás, meu filho, desde quando o casamento,
enquanto “instituição familiar” se tornou uma obsessão tão forte pela qual você
abre mão da sua privacidade sexual para mantê-lo? Então você é moralista,
porque a igreja diz que o casamento é de “Deus”, mas não o é em relação ao
sexo? “Perai” um pouco que eu não entendo. Não, “pera” nada, não quero lhe
entender mesmo.
A minha modernidade é grande, mas não infindável. Eu
tenho barreiras, não bloqueios. Gosto de “libertinagem” com quem conquista o
meu eu “libertino” e me faz ceder “mais do mesmo”, não gosto de variações de
parceiros, menos ainda excêntricas. Posso até ser vagabunda entre quatro
paredes sim, mas não pretendo sê-lo fora delas, menos ainda para satisfazer “fetiche”
de quem deveria se contentar comigo.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 19 de julho de 2015.
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