A era da aparência sem essência.
Vivemos na era em que a igreja vale mais que Deus,
o casamento mais que o amor e o que se diz, mais do que se faz. Coitados dos
que acreditam piamente no que lhes é dito, isso desde “eu te amo” até o tal do “podes
contar comigo”.
Atualmente, chamar de "amiga" vale mais
do que ser amiga, discursar sobre lealdade e fidelidade parece mais importante
do que ser leal e fiel, tirar selfie sorrindo e colocar frase de
"impacto" parece mais importante do que vivenciar o bom do momento e
ler as obras do autor da frase.
Tem muito pseudo intelectual caçando frase no
Google de autor renomado cujo nome não sabe nem pronunciar. Na verdade, nem
sabe se trata-se de poeta romântico, filosofo, psicanalista ou apóstolo de
Cristo.
O tal do aparentar ser culto é mais interessante e
menos cansativo do que angariar cultura. Tem gente que adora usar palavra difícil,
também, pra pagar de inteligente. “Olha, ele fala difícil, ui, que pessoa
inteligente!”.
Aliás, em rodas de conhecidos em cidade pequena se
ouve muito: "Coitada da fulana, tomou guampa demais do sicrano! Até com o
bebê pequeno, ainda bem que separou!". Daí outra, melhor informada diz: "Sim,
mas voltaram!”. Uma terceira
participante no “lero” intervém: "Sério!? Ele está flertando com a minha
irmã! Vou avisar a ela!".
Ah, mas trata-se de uma "instafamily"
linda! No maior estilo “#familiaprojetodeDeus”! O facebook também conta com
fotos da família feliz! Com “eu te amo”, “amor da minha vida” e coisas afins,
quando o sujeito tem cara de infeliz, sorriso amarelo e flerta com qualquer “bonitinha”
que passe rebolando em sua frente. Diga-se e inclui-se, nas redes sociais
também, mas o cara se acha “o espertalhão”.
Diga-se que "esperto" se tornou um
adjetivo mais atraente e cobiçado do que "inteligente": as pessoas
querem ser espertas como águias, enquanto são menos leais e amigas do que um
cão. Aliás, a conduta dos animais vem se mostrando mais humana do que a de
muitos seres humanos.
Destes seres (des)humanos que apregoam pudor e
santidade enquanto são menos santos do que as "vadias", as loucas e
as tolas que adoram julgar! Aliás, triste era em que o homem julga ao outro
para não ir a fundo numa análise de si mesmo e descobrir que, com suas
fraquezas, não pode criticar pessoa alguma.
Até o meu “defendido” feminismo vem sendo
bombardeado com incoerências entre o que é e o que dele fazem. Tipo, feminista não
precisa queimar soutien, deixar os pelos crescerem e sair transando com um por
noite para fazer valer a sua liberdade sexual! Menos ainda pagar a conta do
restaurante!
Conta de jantar a dois eu pago se quero. E costumo
nunca querer. Isso não me faz menos feminista, me faz lógica e racional. Como
mulher vaidosa eu gasto muito! Unhas, depilação (feministas se depilam!
Virilha, sobrancelha, buço!), cosméticos, maquiagem, perfume, produtos para o
cabelo, lingerie, roupas, sapatos e por aí a fora! Se, além disso o sujeito
quiser que eu pague a conta é porque ele não é meramente moderno, é um idiota!
E eu não saio comer com idiotas.
E sobre a “promiscuidade” e tal?! Realmente acho
absurda a conduta de algumas mulheres. E, não, isso não me faz menos feminista.
Cara, quem é que ganha com mulher saindo pelada na cidade como aconteceu ontem
em Sorriso? Saindo praticamente seminua em festas à noite?
Malhando só pra ficar com corpo de panicat mesmo
que canse e deixe de pagar contas para pagar academia? Quem ganha quando jovens
saem transando sem seletividade alguma? Os homens, apenas eles. Isso é uma
forma inversa de usar a liberdade feminina para favorecer o machismo. Esse
mesmo machismo que separa as mulheres entre "pra pegar" e "pra
casar", (o que é uma piada, não nego).
Então, por que as mulheres acham bonito caírem num nível
de fazer e serem, física e esteticamente, tudo o que um macho alfa quer? Inclusive
vestirem-se de forma a denotar sua incrível vontade de chamar a atenção? Com que intenção, afinal?
Insanidade? Desespero pra achar macho? Caramba, a
gente sai e escolhe se quer e com quem desejamos transar, não precisamos cair
na vulgaridade e no ridículo para exercermos nossa liberdade sexual. Acho que
facilitar demais não é ser feminista, é ser mero produto da cultura machista,
dessa em que quase todas as mulheres fazem sexo oral nos seus parceiros e eles,
os “omis” em sua maioria, tem “nojinho” de fazer nas mulheres. Haja paciência
pra tanta inversão de valores, conceitos e princípios!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 24 de julho de 2015.
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