Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Do racismo ao preconceito, dos meus semelhantes aos meus diferentes, da minha admiração a minha ojeriza.

Do racismo ao preconceito, dos meus semelhantes aos meus diferentes, da minha admiração a minha ojeriza.

Ao ler a notícia sobre o racismo em face da Maju, a “garota do tempo” do jornal Nacional da Rede Globo eu pensei: "Sério que ainda tem gente que julga o outro pela cor?". Caramba racismo é mais "démodé" do que casar virgem nos dias atuais!
Mas, dai eu penso: Sim, mas como que algo tão estúpido já esteve presente no mundo? Ah, dai eu concluo que a palavra estupidez define tudo, a começar pelas atitudes racistas! Nada pode ser mais ignorante e estúpido como qualquer espécie de discriminação atualmente.
Da cor da pele a predileção sexual: querido você não é filtro solar e nem cama alheia para se importar com a melanina alheia ou com a forma que a pessoa gosta de transar. Por falar nisso, um foda-se bem maldoso para esse povo preconceituoso para o qual a solução seria um transplante de cérebro!
Agora, meu caro, eu lhe digo que, se a mulher negra, linda, famosa e bem sucedida foi vitimada assim, fico com dó da pobre, anônima, feia e negra também! Sem contar o tal do racismo velado, aquele do “eu até tenho amigos gays, mas não acho o jeito deles ‘normal’”, “eu não tenho nada contra negros, até tenho amigos negros...”.
Tipo: “Olhe que pessoa boa que eu sou, são uma “classe humana” inferior e eu consigo me relacionar cordialmente com ela! Céus eu sou uma pessoa excelente, Deus sabe disso!”. Enfim, o racista hipócrita fala esse tipo de coisa, o racista confesso posta ofensa a negros no facebook e em roda de bar.
É a tal da intolerância com o diferente, da intolerância com aquilo que não é como eu, não pensa como eu, não é meu “semelhante”, não vive como eu. Outro dia estava num evento da OAB municipal, jantando e, ao meu lado, haviam dois colegas de fora de Sorriso falando sobre a religião que cultuam. O catolicismo.
Falavam de sua assiduidade à igreja e de como a sua religião é boa e lhes faz bem, juntamente com fortes criticas à evangélicos e outros religiosos. Lá pelas tantas um dos sujeitos falou o seguinte: “Eu tenho uma cunhada que lida com aquela coisa de ‘espíritos’, mas até que ela é boa pessoa, bem caridosa.”
Ah, então porque a pessoa não acredita no mesmo que eu, não crê na mesma religião, o fato de ela ser uma pessoa boa é algo espantável? Algo surpreendente? Me deu coceira na língua para me meter no assunto, mas sou da opinião de que, pessoalmente e em redes , a gente só se manifesta com quem tem afinidade de pensamento conosco, porque é uma arrogância demasiada (e que não me “pertence mais”) achar que posso dissuadir alguém que tem as suas certezas.
Ainda hoje, pensava numa linda e admirável aluna que tenho. Uma pessoa especial de alma, de inteligência, de coração e dedicação. Uma jovem da qual eu teria orgulho em ser mãe. Todavia, naquele momento, eu percebi o quanto me identifico com aquela menina. Ela é uma versão melhorada do que eu era na idade dela e por isso eu a admiro do fundo da alma.
Vi, pois que eu também tenho em mim algo de narcisista. E sabe por que eu digo isso? Porque eu sinto uma enorme admiração por quem eu tenho afinidades! Acho que todos são assim, ao menos quem ama a si mesmo! Eu admiro quem é comigo afim, unicamente.
Não nutro admiração alguma por pessoas muito diferentes de mim. Que feio né?! Mas sincero e nada hipócrita. Os diferentes que me desculpem, mas eu gosto mesmo é dos meus semelhantes. A eles eu amo fácil, aos demais deixo meu respeito e distância.
Todavia, a minha capacidade de amar e de admirar não envolve nada que não seja caráter, atitude, cultura, forma de pensar e de viver. Não julgo semelhanças por coisas que o outro faz e não me dizem respeito, por exemplo. Não me importaria se ela fosse negra, amarela, rubra, roxa, não me importaria se ela gostasse de fornicar com cães e beijar em boca de idosas lésbicas, não me importa nada que não venha do coração e do cérebro alheio.
Por exemplo, eu nutro enorme ojeriza por pessoas partidárias ou fanáticas por qualquer coisa e de qualquer “causa”, não suporto intolerância e desrespeito. Não gosto de quem é demasiado crente, porque lê a bíblia e não questiona, não indaga, não tem curiosidade, não gosto de gente machista, racista ou que tenha preconceito com a opção sexual alheia. Esses são os que eu chamo de “diferentes” de mim.
O resto, de idade à condição financeira, de opção sexual à cor da pele, não cogito como diferença. O meu semelhante, aquele que eu amo e não apenas respeito, é uma pessoa de intelecto digno, de cabeça pensante, ativa e desprovido de tacanhez de espirito. Quanto aos preconceituosos? Deixo-lhes apenas a minha distancia e certo respeito, mas não a eles ou a suas opiniões abjetas e arrogantes, mas a mim: eu não perderei meu tempo discutindo ou expondo meus pontos de vista para seres que se mostram incapazes de pensar e de aceitar ao próximo por coisa que a ele pertence e não me fere em nada, como cor, sexo, opção sexual, credo e etc..
Deixo-lhes minha distancia que é só o que eu posso dar-lhes sob pena de ser presa ou assassinada. Enfim, o ser humano ignorante é chamado de racional por conta de nossa generalização bondosa, porque um cão é mais "gente"!
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 03 de julho de 2015. 

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