Do racismo ao preconceito, dos meus semelhantes aos
meus diferentes, da minha admiração a minha ojeriza.
Ao ler a notícia sobre o racismo em face da Maju, a
“garota do tempo” do jornal Nacional da Rede Globo eu pensei: "Sério que
ainda tem gente que julga o outro pela cor?". Caramba racismo é mais
"démodé" do que casar virgem nos dias atuais!
Mas, dai eu penso: Sim, mas como que algo tão
estúpido já esteve presente no mundo? Ah, dai eu concluo que a palavra
estupidez define tudo, a começar pelas atitudes racistas! Nada pode ser mais
ignorante e estúpido como qualquer espécie de discriminação atualmente.
Da cor da pele a predileção sexual: querido você
não é filtro solar e nem cama alheia para se importar com a melanina alheia ou
com a forma que a pessoa gosta de transar. Por falar nisso, um foda-se bem
maldoso para esse povo preconceituoso para o qual a solução seria um
transplante de cérebro!
Agora, meu caro, eu lhe digo que, se a mulher
negra, linda, famosa e bem sucedida foi vitimada assim, fico com dó da pobre,
anônima, feia e negra também! Sem contar o tal do racismo velado, aquele do “eu
até tenho amigos gays, mas não acho o jeito deles ‘normal’”, “eu não tenho nada
contra negros, até tenho amigos negros...”.
Tipo: “Olhe que pessoa boa que eu sou, são uma “classe
humana” inferior e eu consigo me relacionar cordialmente com ela! Céus eu sou
uma pessoa excelente, Deus sabe disso!”. Enfim, o racista hipócrita fala esse
tipo de coisa, o racista confesso posta ofensa a negros no facebook e em roda
de bar.
É a tal da intolerância com o diferente, da intolerância
com aquilo que não é como eu, não pensa como eu, não é meu “semelhante”, não vive
como eu. Outro dia estava num evento da OAB municipal, jantando e, ao meu lado,
haviam dois colegas de fora de Sorriso falando sobre a religião que cultuam. O catolicismo.
Falavam de sua assiduidade à igreja e de como a sua
religião é boa e lhes faz bem, juntamente com fortes criticas à evangélicos e
outros religiosos. Lá pelas tantas um dos sujeitos falou o seguinte: “Eu tenho
uma cunhada que lida com aquela coisa de ‘espíritos’, mas até que ela é boa
pessoa, bem caridosa.”
Ah, então porque a pessoa não acredita no mesmo que
eu, não crê na mesma religião, o fato de ela ser uma pessoa boa é algo espantável?
Algo surpreendente? Me deu coceira na língua para me meter no assunto, mas sou
da opinião de que, pessoalmente e em redes , a gente só se manifesta com quem
tem afinidade de pensamento conosco, porque é uma arrogância demasiada (e que não
me “pertence mais”) achar que posso dissuadir alguém que tem as suas certezas.
Ainda hoje, pensava numa linda e admirável aluna
que tenho. Uma pessoa especial de alma, de inteligência, de coração e dedicação.
Uma jovem da qual eu teria orgulho em ser mãe. Todavia, naquele momento, eu
percebi o quanto me identifico com aquela menina. Ela é uma versão melhorada do
que eu era na idade dela e por isso eu a admiro do fundo da alma.
Vi, pois que eu também tenho em mim algo de
narcisista. E sabe por que eu digo isso? Porque eu sinto uma enorme admiração
por quem eu tenho afinidades! Acho que todos são assim, ao menos quem ama a si
mesmo! Eu admiro quem é comigo afim, unicamente.
Não nutro admiração alguma por pessoas muito
diferentes de mim. Que feio né?! Mas sincero e nada hipócrita. Os diferentes
que me desculpem, mas eu gosto mesmo é dos meus semelhantes. A eles eu amo fácil,
aos demais deixo meu respeito e distância.
Todavia, a minha capacidade de amar e de admirar não
envolve nada que não seja caráter, atitude, cultura, forma de pensar e de
viver. Não julgo semelhanças por coisas que o outro faz e não me dizem
respeito, por exemplo. Não me importaria se ela fosse negra, amarela, rubra,
roxa, não me importaria se ela gostasse de fornicar com cães e beijar em boca
de idosas lésbicas, não me importa nada que não venha do coração e do cérebro alheio.
Por exemplo, eu nutro enorme ojeriza por pessoas
partidárias ou fanáticas por qualquer coisa e de qualquer “causa”, não suporto intolerância
e desrespeito. Não gosto de quem é demasiado crente, porque lê a bíblia e não questiona,
não indaga, não tem curiosidade, não gosto de gente machista, racista ou que
tenha preconceito com a opção sexual alheia. Esses são os que eu chamo de “diferentes”
de mim.
O resto, de idade à condição financeira, de opção sexual
à cor da pele, não cogito como diferença. O meu semelhante, aquele que eu amo e
não apenas respeito, é uma pessoa de intelecto digno, de cabeça pensante, ativa
e desprovido de tacanhez de espirito. Quanto aos preconceituosos? Deixo-lhes
apenas a minha distancia e certo respeito, mas não a eles ou a suas opiniões
abjetas e arrogantes, mas a mim: eu não perderei meu tempo discutindo ou
expondo meus pontos de vista para seres que se mostram incapazes de pensar e de
aceitar ao próximo por coisa que a ele pertence e não me fere em nada, como
cor, sexo, opção sexual, credo e etc..
Deixo-lhes minha distancia que é só o que eu posso
dar-lhes sob pena de ser presa ou assassinada. Enfim, o ser humano ignorante é
chamado de racional por conta de nossa generalização bondosa, porque um cão é
mais "gente"!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 03 de julho de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.