As minhas regras e a minha proteção.
Tem dias que a gente se sente um poço de certezas,
sabe o que quer, sabe o que não, quer, acha que age sempre da melhor forma, que
suas regras lhe protegem e assim por diante. Então, você se desconecta
temporariamente das suas regras e descobre...ora, ora, veja só: que elas fazem
parte de você, que você inseriu-as em sua vida por uma razão e que elas atuam
em você, pelas mesmas razões.
Parece bem legal quebrar seus limites, romper seus
paradigmas, especialmente se for acompanhada, mas daí, eu lhe pergunto:
acompanhada com quem não está deixando de lado as regras que tem para si ou com
quem não se desapega de seus ideais? Ah, meu amigo, então, neste caso você está
agindo só e, consequentemente, correndo risco sozinho. Sendo leviano, para
dizer algo sutil.
Até falar pode ser arriscado se não há afinidade ou
reciprocidade, vontade, destemor, ousadia no mesmo porte da outra parte. O que
para um pode ser especial, para o outro pode ser um simples “bah, que legal,
diferente isso, curti!”. E só! Não à toa, a ética da reciprocidade circunda a
minha vida moral e, porque não dizer, emocional. Eu não faço jamais aos outros
o que não desejo que me façam, mas, sobretudo, eu me limito a refletir em mim o
que o outro me passa.
Brinco de lei de espelho: em determinados momentos
o foco pode até sofrer uma ilusão ótica, nos demais eu reflito o que vejo, dou
o que recebo, cresço ou murcho, me entusiasmo ou me recolho, vibro por dentro
ou simplesmente sinto um leve animo, na exata proporção do que em mim reflete. Talvez
por isso eu nunca tenha sofrido com alguma paixão não correspondida ou
desastres românticos afins.
Eu posso até sentir paixão, posso até me empolgar,
se não percebo o mesmo, no olhar, gestos, palavras e anseios eu volto ao ponto
de partida. Aquele da objetividade e da racionalidade que me protegem e do
qual, a cada retorno a ele, eu acabo percebendo que dele nunca deveria ter
saído, porque as minhas regras, na verdade, mais do que fazerem parte de mim, são
“eu” e rompê-las pode gerar abalo. O abalo de deixar-me de lado por meros
instantes, possivelmente ilusórios e demasiado sensíveis ou, até mesmo, românticos.
Eu não consegui, definitivamente, tornar-me uma
pessoa obvia, previsível, coerente, coesa, conexa, invariável e imutável. Sou um
misto de mulher convicta, um misto de feminista, um misto de desapegada que não
sabe não se apegar ao que desperta o seu vibrar, um misto de menina romântica que
fala o que pensa e sente, um misto do suprassumo da segurança com o extremo
medo de abandono e rejeição, sou um misto de coisas que não cabem em mim.
Sou um “animal sentimental que se apega facilmente
ao que desperta o meu desejo”, como cantou o Renato e, para não transbordar eu
escrevo e, assim, ao menos “eu comigo mesma” me entendo e acabo voltando ao
paradigma das minhas regras auto protetivas: elas não estavam sempre em mim em
vão!
De toda forma, a quem interessar possa deixo a
dica: apegue-se a você mesmo, porque, com toda certeza, no frigir dos ovos da
vida é você com você mesmo e que seja sorrindo, que seja feliz e, sobretudo,
que seja em paz e sem ilusões ou dores oriundas de uma sensibilidade que, de
tão grande, sobra e o que sobra, meu caro, é dispensável!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 09 de julho de 2015.
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