Ilimitada.
Eu não gosto de pessoas limitadas. Intelectualmente
limitadas, afetivamente limitadas. As primeiras, no entanto eu deixo minha
piedade, dó e compaixão. Já, as segundas, eu deixo meu mais sincero
"foda-se".
Ser intelectualmente limitado não é questão de
escolha, mas algo neurológico e até mesmo psiquiátrico. Ser emocionalmente
limitado é questão de opção, de decisão, de ideais. Eu gosto muito do destemor,
do destemido, de quem se interessa por mim e em mim se joga.
Mas, não falo deste se jogar na beleza, no corpo,
na aparência! Se eu fosse prostituta eu teria clientes fazendo isso. Ou seja,
corpo é pouco, assim como comida é pouco. É o sabor que define o que você come,
não a aparência do "prato" pedido.
Mergulhar em alguém é se interessar, saber mais do
que todos sabem ou desejam, é tocar a alma e não ao corpo, é dar-se de si para
atingir o algo mais no outro. É ser intenso, é ser profundo e ir a fundo. É
saber ser mar e não poça, balde cheio, chuveiro.
Em tempos de pessoas rasas, ser mar e amar é raro! “Para
que molhar-me todo se eu posso umedecer a superfície?”. E de "mal
molhado" a "mal molhado" segue a humanidade mal amando, mal
vivendo, mal se entregando e morrendo afogada no raso de uma poça de água.
Céus! Que triste fim.
Eu sou mais vida, mais desejo de vida, mais
inteirice, mais profundidade, mais ilimitada. Não sei fazer nada por fazer, ser
por ser, vivenciar por vivenciar, sobretudo no afeto, no carinho, no amor,
enfim.
Tem quem joga no amor, tem quem jogue com as pessoas.
Eu me jogo, me atiro no que me apetece, mas, ao contrario do que muitos podem
temer, eu não me frustro e vivo bons, excelentes, magníficos momentos depois
que resolvi destemer a dor.
Aliás, acho que essa coisa de sofrimento tem correlação
com os pensamentos da gente, tipo a tal da lei da atração: quem muito teme
sofrer, se “prepara” pra muito, mas sofre por menos. Eu não tenho medo de desilusões
amorosas, de decepcionar-me. Não invento expectativas, apenas vivo com
intensidade.
Se for para ser feliz com alguém, serei, se não for,
eu continuarei sendo, mas sem o tal do “alguém”. Amar não mata, desamar não mata.
O que nos mata mesmo são nossos medos, nossos bloqueios, nossos receios vis. O que
nos mata é o nosso desperdício de vida, de prazeres, de “ais”. Eu quero uma
vida cheia de “ais” gostosos, de gemidos sem dor.
E se um dia a dor me abordar? Eu fujo. A vida não tem
a obrigação de ser fácil com você ou de lhe dar só o que você dela espera, mas
você tem a obrigação de, se quiser ter uma boa vida, fazer “bom uso” do que lhe
ocorre, bem viver, bem amar e saber bem a hora em que a desistência é o seu
maior ato de coragem.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 17 de julho de 2015.
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