Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

domingo, 29 de maio de 2016

Sobre a chatice do excesso de vaidade feminina.

Sobre a chatice do excesso de vaidade feminina.

Fui ao restaurante mineiro do bairro. Peguei um recipiente de saladas, outro de torresmo e fui à churrasqueira, ao meu lado, uma jovem que me pareceu grávida aguardava algo. Perguntei ao churrasqueiro: "Qual a carne macia mais gorda que você tem?", o moço falou, "que legal, uma mulher comendo gordura!", nem respondi ao jovem e a moça me perguntou: "Você está fazendo a dieta cetog...?", "Ceto... O quê?", perguntei. "Cetogênica, baseada em gorduras e sem carboidratos para emagrecer e ficar com músculos!", respondeu.
Fiquei estarrecida! Que mundo estamos não é!? Você não pode comer de forma "diferente" que tem que ser, por outros, "adequado" ao universo das dietas e da paranoia pela magreza e músculos saltados! Pois, lhes digo uma coisa: eu PREFIRO não ter uma barriga negativa ou tanquinho e ter orgasmos à mesa, eu prefiro ler à acordar cedo e erguer peso, eu prefiro manter o tônus muscular me "divertindo", já que a saradice das "malhadas" não me atrai!
As pessoas estão tão iguais! Gostos iguais, papos iguais! Onde há mulheres a conversa é: maromba, cirurgia plástica, tratamento estético, silicone, dieta, mulher do Belo, não sei mais quem! Gente parem que tá feio: vocês estão chatas! Chatíssimas! Sem contar aquelas: "Se eu não me cuidar, meu namorado que malha vai me deixar".
Arre! Se eu lhes contar que a "atitude" e o "cuidado" que os homens gostam vai muito além desta futilidade toda pró-estética de vocês, cês acreditam? Se eu lhe dizer que virar uma obcecada pelo corpo pra manter macho lhe faz uma ridícula insegura, você vai se ofender? Então tá, desculpa!
Nem toda mulher vive de dieta. Nem toda mulher adora conversar sobre academia e alimentação saudável. Nem toda mulher coloca botox na boca ou silicone no corpo. Nem toda mulher faz de tudo pra agradar ao marido. Nem toda mulher quer um marido! Nem toda mulher quer procriar. Nem toda mulher acha bonito músculos a mostra. Nem toda mulher quer ser saradona!
Nem toda mulher quer perder 5 kg. Nem toda mulher gosta de novela. Nem toda mulher come quinoa. Nem toda mulher se sacrifica pela estética ou se torna fútil. Nem toda mulher bebe pouco e come menos ainda. Nem toda mulher tem pudor no sexo. Nem toda mulher se limita pela criação machista e pela mídia que coisifica nossos corpos e nos exige adaptação a padrões. Vigorando o da chatice! Mais: nem toda mulher gosta de "papo de mulher"!
Cláudia de Marchi

Brasília/DF, 29 de maio de 2016.

sábado, 28 de maio de 2016

Cortesã feminista, sim senhor! (Sobre machismo, misoginia, cultura do estupro e um idiota chamado Diógenes).

Cortesã feminista, sim senhor! (Sobre machismo, misoginia, cultura do estupro e um idiota chamado Diógenes).

Seguidamente e hoje mais do que nunca, sou alvo de críticas por parte de homens. Com minha profissão atual, principalmente homens aculturados e residentes nas cidades interioranas em que morei, se atrevem a dizer, frente AOS POSTS EM QUE CRITICO A FALTA DE EDUCAÇÃO E DE RESPEITO DIRECIONADAS A MIM, que eu sou grossa, que eu "me acho" (eu sou meu bem, não preciso "me achar", até porque não "me perdi"!) e bobagens misóginas afins.
Como cortesã eu EXIJO, EXIJO HOMENS FINOS, CULTOS, ELEGANTES E EDUCADOS! "Ah, mas como se você foi casada com fulano e já namorou sicrano?", porque conforme o tempo empregado no verbo, isso É PASSADO! Eu era uma jovem mulher romântica, sexualmente reprimida e machista. Uma idiota mal comida que adorava chamar as outras de "puta", de "interesseiras" e etc., enquanto eu mesma estava ao lado de homens cujo o melhor que tinham era o carro, a renda ou a casa, mas eu era tola o suficiente para estar com eles só por paixão (uma coitada mesmo!).
Enfim, eu escrevi isso tudo pra dizer, que eu SOU FELIZ COMO NUNCA FUI, porque tenho ao meu lado, frequentemente, homens educados, gentis, nenhum pouco machistas, homens que me fazem carinhos que muitos maridos não fazem às suas "amadas" esposas e tenho respeito e consideração que muitas namoradas não têm dos seus "mozões". Ao menos pelas horas em que estamos juntos eventual ou semanalmente.
Por que eu falei tudo isso? Pra dizer-lhes que Diógenes deve ter esposa, namorada ou ficante. Diógenes é este machista asqueroso como muitos caras com quem namorei! Hoje eu não daria 10 minutos do meu tempo a um tipo deste, nem por bilhões! Porque sou cortesã feminista sim senhor, porque tento desconstruir o machismo como posso, porque eu luto pelas mulheres da minha maneira, porque dispenso homem otário e porque os Diógenes do mundo existem porque existe mulher reprimida sexualmente ou sem estima por si mesma que paga pau pra esse tipo de mané, sim! (Eu já fui uma, meus ex em sua maioria não pensavam muito diferente deste aborígine aí!).
E existem várias miseráveis assim, das quais tenho pena, assim como tenho pena de você que aceita a companhia de homem machista e misógino para não ficar sozinha e, assim, porque no fundo nem você se ama, você alimenta o que de mais negativo há no mundo. A cultura do estupro, inclusive! Porque ela nada mais é do que a "aculturação" que coloca a culpa de tudo nas mulheres, a "aculturação" que gera o ódio ao invés da empatia entre as mulheres, a "aculturação" que faz mulheres debocharem de outras mulheres para mostrarem aos trastes que chamam de "amor" quão "decentes" e superiores elas são, a "aculturação" que, inclusive apoia a "castração química" pra estuprador!
Estupro, baby é sobre poder, sobre menosprezo a mulher, sobre machismo, sobre ódio, sobre ego, não é sobre libido avantajada, não! Estupro é sobre cultura misógina. O remédio é o feminismo, é a intolerância a opiniões machistas e misóginas, é educação, não é castração química! É castração do machismo da mente dos homens e isso começa em casa, quando, ao invés de ensinar o filho a "pegar todas" (como se mulher fosse gripe!) e a filha a se "guardar", você ensinar que sexo não define masculinidade e virgindade não define moralidade, quando, ao invés de dizer pra menina se "vestir discretamente para não excitar os meninos", você ensinar o seu menininho a respeitar as meninas ainda quando nuas e deitadas de pernas abertas na rua, porque o "não é não" e se aproveitar de quem está desacordada é imoral e criminoso!
E este será um bom começo, porque não tem essa de que "homem pensa com o pênis", nenê, o que tem é mãe e pai machista convencendo o filho portador de falo que é pelo número ou pelas vezes que ele faz sexo que ele será "macho de verdade". E não é! É pela forma respeitosa, cavalheira, educada e gentil com que trata uma mulher, seja ela uma idosa, uma freira, uma estudante, uma garçonete com decote grande, uma coleguinha com traseiro avantajado e jeans justo, uma stripper, uma cortesã de luxo ou uma prostituta de beira de estrada!
Homem não pensa com o pênis não, ele só é ensinado a ostentar poder e sexualidade ainda que acabe não respeitando a mulher que chama de "amor", porque o seu ego frágil e tolo lhe faz achar que precisa enfiar o pau na "gata" do trabalho ou na moça da cantina e depois contar para os amigos, igualmente otários, pra ser "macho de verdade", quando, na verdade, é só mais um babaca broxante no mundo! ("Ah, mas mimimi eu sou exceção à regra!". Bom pra ti, o dia que eu escrever um tratado sobre sexualidade e machismo eu abordo as exceções, no momento só tenho tempo pra falar das regras!).

Cláudia de Marchi
Brasília/DF, 28 de maio de 2016.