Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ode ao casamento II

Ode ao casamento II

Véspera de dia dos namorados volto a fazer ode a união quotidiana dos casais: Ao casamento, à união estável, sinônimos na prática, mas diferentes em detalhes ínfimos, porém assustadores e não compreendidos por todos - algumas pessoas mudam ao assinar um "papel" achando que estão adquirindo o outro como "legítimos proprietários".
Bem, namorar é ótimo. Sempre fui a favor do namoro, nunca soube bem o que significa "ficar". Para mim era dar uns beijinhos e não assumir nada sério, para outros - a maioria hodiernamente- é ir para a cama, usufruir bem da boa sacanagem sem ter compromisso afetivo algum. Para mim, é algo nauseante, para muitos se tornou estilo de vida.
Enfim, o bom namoro é aquele em que há parceria, cumplicidade, jantares legais, saídas, passeios, paixão, sexo atrás da porta do quarto na casa dos pais, na sala depois da família dormir, apertado na cama de solteiro da namorada, amor ou ilusão de amor, mas onde cada um, via de regra, dorme e acorda em camas separadas. É legal, mas depois de conhecer a tranqüilidade da vida a dois não acho o namoro algo tão interessante.
Quando a gente namora fica chateado por não passar um feriado inteiro com o amado, fica resmungando baixinho por não poder ficar junto numa noite em que o namorado tem uma janta com os amigos, ou quando, por algum motivo não estará conosco jantando num restaurante chique e indo a um Motel de primeira na noite do dia 12 de junho. Mas, quando a gente é maduro, possui uma boa cabeça, auto-estima e auto-confiança e vive junto com o amado, as coisas são mais simples.
Dia dos namorados para quem dorme e acorda junto é todos os dias. Os presentes diários são a paciência, o conter a raiva quando a vontade é enxovalhar, fazer um programa chato porque o outro marcou (ainda que sem ter nos ligado para pedir nossa opinião), é comer, sem reclamar, a comida muito salgada que a companheira fez às pressas, é ver o amado cortando o melhor pedaço de carne para nos dar, é apontar a falha alheia sem perder o respeito.
O outro tem janta com os amigos? Festividade em pleno feriado? Compromisso na noite do dia dos namorados? Não faz mal, porque a gente também tem amigas, tem o livro pra ler, a comida especial que o outro não gosta para fazer e saborear sozinha, tem a mãe, a prima, as amigas, os amigos. A prática do casamento ensina que ele é mais gostoso na medida em que podemos nos sentir livres socialmente, sem deixar de sermos leais ou fiéis.
Mas, a vida também ensina que só é feliz no casamento quem tem maturidade, quem não encana por pouca coisa, quem respeita a si mesmo, ao outro e a liberdade que ambos precisam. É preciso, sempre, inteligência emocional, e é por isso que a grande maioria dos casamentos finda. Pessoas emocionalmente inteligentes são raríssimas nesse mundo de muita vaidade, plásticas, roupas de grife, ensinamentos de como "enlouquecer o outro na cama" e pouco equilíbrio interior, amor próprio e auto-conhecimento para viver bem com o outro, também, fora da cama.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de maio de 2008.

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