Animais e homens
Eu que estou indignada com o assassinato do menino Bernardo pelo pai e madrasta, no interior do RS, em cidade próxima a minha terra natal, recebo "dela" a comovente história do cão que aguarda ao dono, morador de rua, em frente ao hospital em que ele está internado em Passo Fundo.
Prova de que os animais podem ser melhores do que os seres humanos, prova de que "racionalidade" sem bondade torna as pessoas mais perigosas, cruéis e ferozes do que qualquer fera indomada. Seco, nome do cachorro, é um exemplo de animal puro, doce e leal.
Quisera que os homens passassem a aprender com os bichos o verdadeiro significado da palavra "fidelidade", o real sentido do amor despretensioso, que nada quer, nada exige, mas se rejubila com o afeto e a presença do outro.
Já tive cão, já tive passarinhos, já tive gatinhos que partiram, já me apeguei a animaizinhos que não eram meus e nunca, nunca eles me causaram estranhamento, todavia é isso que eu sinto desde que me conheço por gente ao conviver com os seres humanos: eu estranho.
As pessoas mentem, as pessoas enganam, as pessoas traem a confiança de quem lhes ama e, deliberadamente, usam umas as outras como se fossem coisas, e, sabe o que, disso tudo mais me entristece? É saber que elas pensam! Fazem tudo racionalmente, logo, desde quando a racionalidade nos torna melhores do que os animais? Não torna.
O que faz de um ser vivo superior ao outro, não é dinheiro, inteligência, cultura ou beleza, é a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro e, sobretudo, é a capacidade de amar, de doar-se, de ser transparente, de ser fiel.
A capacidade de pensar não significa nada sem pureza, sem candura, sem bondade. É na alma e não no cérebro que se encontra o que diferencia um ser do outro, o que torna um ser melhor que o outro e, nesse aspecto, o cachorro Seco deveria causar inveja em muita gente.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 16 de abril de 2014.
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