Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Apesar

Apesar

Apesar de imperfeita a vida tem muitas maravilhas, inclusive o fato de que tudo em nossa existência depende de nosso olhar para e de nossa capacidade de buscar pensamentos antídotos àqueles que nos fazem sentir mal envenenando nosso humor e harmonia de espírito. É um eterno tentar ser alegre, ser feliz e viver bem "apesar dos pesares". Afinal, apesar das mazelas existem as coisas boas, cabe a nós valorizarmos mais estas do que àquelas.
Levantar com ânimo diariamente para viver nesse nosso mundo é um exercício de garra e força, afinal apesar da cama ser confortável e do sono ser uma bela fuga, a vida bem vivida requer força e, principalmente, vontade de felicidade e ai reside nosso mérito ao aprendermos a dançar nesse baile chamado vida. Quando falo em felicidade não me refiro à meta inatingível do "serei feliz quando...", mas, pelo contrário, a constatação: "Sou feliz hoje apesar dos inconvenientes do mundo".
Não deveríamos saber nem apreender o significado da palavra futuro. Talvez assim vivêssemos mais intensamente o dia de hoje e desperdiçaríamos menos momentos lamentando, vendo as coisas de um ponto de vista negativo e pedante, talvez assim, toda vez que a tristeza e a depressão vierem bater a nossa porta conseguíssemos tranca-lá e, ainda que pulando a janela, fôssemos fazer algo que nos faça contentes e alegres, afinal, apesar de termos alguns motivos para chorar temos, sempre, (muitos) para sorrir.
Tudo depende de nós. Somos nós quem criamos nossa tristeza e amargura nutrindo pensamentos ruins e enxergando com lente de aumento nossos problemas. Podemos fazer o contrário, supervalorizar o que é bom e o bem que a vida nos fez. Um amor, uma amizade, as alegrias quotidianas, a maravilha da natureza que sequer observamos absortos em nossas preocupações vãs e problemas que criamos quando nos sentimos pequenos diante da vida.
Nenhum homem é pequeno, nenhum homem é fraco ao menos que se sinta assim. Se ele se sentir de tal forma a vida irá lhe dizer o mesmo que diz aos felizes: "Você é o que você pensa ser. E que assim seja!". A única diferença entre um ser feliz e um infeliz é a forma com que ele vê a si mesmo e a vida. Alguns conseguem ver bem, apesar dos pesares, outros vêem os pesares apesar das boas surpresas da vida.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 26 de agosto de 2007.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Os outros II

Os Outros II

Porque algumas pessoas tem uma tendência maior à deixar-se influenciar pelo medo da opinião alheia? Depende do caso, o certo é que baixa auto-estima e o orgulho andam, freqüentemente, lado a lado em tais circunstâncias. Relevante, porém, pensar nos casos em que o analisar previamente o possível julgamento do outro indicia falsidade.
Valores, formas de pensar a vida, cada um tem os seus. O certo é que de nada adianta agir como políticos desonestos e cônjuges infiéis (ou, enfim, qualquer espécie de traidor e larápio, afinal aqueles são os traidores da Nação com a qual deviam estar "casados", visando, porém o crescimento e evolução) que não possuem auto-controle, vergonha e brio por não agirem de forma correta, fazendo sujeiras, roubos e outros ilícitos na surdina demonstrando medo do julgamento popular após seus atos serem descobertos.
Os valores e o agir das pessoas deveria ser de tal forma justos que não tivessem que se envergonhar de seus atos. Porém, tal agir deve ser inerente e não baseado no medo da opinião alheia, mas, isto sim na adequação com sua própria consciência. Quem age de forma "correta" apenas com receio da crítica alheia pode, muito bem, mascarar seu agir em frente a tais pessoas e agir tal qual seus parcos valores por trás delas. Eis ai a desonestidade e deslealdade.
Sempre preferi pessoas abertas, que dizem o que pensam e agem da forma que lhes apraz sem ter duas caras. Transparência é uma grande virtude nesse mundo cor-de-rosa da boca e das aparências para fora e fétido, negro e podre por dentro. Chega de beleza, honestidade, meiguice, progresso e probidade "para inglês ver" enquanto o brasileiro padece, sofre e nada faz.
Não existe o "certo" e "errado", mas existem valores praticamente universais. A atitude de cada pessoa deve se aproximar do justo não porque os outros assim o desejam, mas porque a pessoa é e pensa da forma com que atua no palco da vida, do contrário fica fácil agir de forma diversa atrás da cortina de sua existência que assim se torna um teatro - um mundo falso.
Viva à auto-censura, a consciência de si mesmo e o agir da forma mais apropriada aos valores universais! Não fazer aos outros o que não se deseja que eles nos façam não significa viver fazendo o que os outros desejam e esperam. É preciso viver com liberdade, agir com espontaneidade, pensar e falar com transparência, mas numa justa medida onde o respeito pelos outros deve se manter. Respeito, não escravidão. Amor, não servilismo. Compaixão, não falsa caridade. Verdade, não falsidade.Sempre.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 24 de agosto de 2007.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Os outros

Os outros

Pense rápido: Até que ponto você deixa de agir ou falar pensando na opinião alheia? Quantas foram as risadas contidas, as piadas que ficaram só na mente, as afirmativas veladas, os gestos contidos em prol "dos outros", e, obviamente, do medo do julgamento e opinião alheia?
Primeiramente, meu amigo, quero dizer que mudar seu jeito, conter seu estilo, e se auto-censurar pensando na opinião que os outros terão é, primeiramente sinal de medo. E, este medo leva ao real sentimento existente nessa forma de agir: Orgulho.Sim, você que se acha "humilde" porque vive pensando nos outros e na sua opinião acerca de seus atos é um tremendo orgulhoso.
O medo de ser mal julgado, criticado, tripudiado indica orgulho. A pessoa não quer parecer frágil, não quer parecer vil, teme criticas até mesmo de seu humor, e por isso se cala, afinal não quer ser criticado, quer parecer, sempre o melhor, o "acima" de qualquer critica, "acima" de qualquer mal julgamento. E vai ficando tão acima de tudo que acaba sumindo, evaporando com as nuvens de seus receios tolos.
Certa vez um grande amigo me disse que eu devia me cuidar com meus atos porque muitas pessoas julgavam minha espontaneidade de forma negativa. Confesso que parei para pensar, "controlar" um pouco a língua (como diria minha mãe), afinal pensar antes de falar é sempre salutar. Todavia, de resto, eu tenho minhas certezas, dentre as quais a que "mudar" pelos outros nunca vale a pena.
Mudar, crescer, evoluir e aprender são essenciais em nossa vida, mas por nós mesmos e não pensando no julgamento alheio. Essas pessoas, esse "ente" verbal e material denominado de "outros" sempre irão criticar e mal julgar porque, sendo a maioria, estão em constante conflito interior e, por isso, atribuem a nós seus problemas, conflitos e "defeitos". Os outros, enfim, sempre irão nos criticar por algum motivo, querer agradar-lhes é algo mais do que impossível, é algo estúpido.
Aliás, não existe mudança baseada na opinião dos outros, mas "adequação" apenas. E quem vive se adequando aos outros não têm a si mesmo, enfim, já perdeu sua essência na vida. De tanto se adaptar, se adequar, a pessoa se perde de si mesma. Fundamental é se conhecer, se aceitar, e, até mesmo se auto-modificar, mas movido pela própria vontade e necessidade sem pensar, exclusivamente, em agradar aos outros.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 23 de agosto de 2007.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Aconchego

Aconchego

As pessoas não são muito diferentes no que diz respeito à necessidades emocionais. Todo ser humano gosta de se sentir amado, cuidado. É um anseio que nos acompanha do berço até nosso fim, seja ele previsto ou inesperado. Vivemos desejando o aconchego, valorizando a sensação de sermos amados, estimados.
Pode a vida estar atribulada, a conta bancária semi-vazia, podem os clientes nos chatear, os devedores nos trapacearem, é no abraço, é ouvindo as palavras de quem nos ama que encontramos um elixir, uma força para enfrentar as dificuldades.
Ruim mesmo é buscar e não encontrar aconchego, compreensão, atenção, amor. Engana-se quem pensa que pobre é aquele desprovido de conforto na vida, pobre mesmo é aquele que não tem um ombro para chorar, uma mão para pegar, aquele que não tem ninguém para dizer que ele é importante em sua vida.
A felicidade esta nos pequenos momentos, ser feliz é uma questão de ânimo, de vontade, mas garanto que é mais fácil ser alegre devendo no banco e comendo costela barata com maionese no almoço de domingo, porém rodeado de pessoas queridas, podendo “sestear” ao lado de quem lhe faz sorrir, do que saborear um filé mignon ou uma picanha numa mesa vazia.
Pena que nem todas as pessoas saibam da importância que possui um afago, um abraço, um “eu adoro você” para o outro, muito embora gostem de recebê-lo. Via de regra, os indivíduos preferem dar a receber (individualismo ao extremo, egoísmo em alta). Todavia, de nada adianta sentir-se bem sem fazer o bem. Receber e não dar é o primeiro passo rumo à cova da solidão.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 10 de agosto de 2007.