Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A sabedoria e o amor

A sabedoria e o amor

Às vezes eu mesma me pergunto por que gosto tanto de falar, de escrever sobre o amor. O amor é a força motriz da vida humana, já afirmei este fato. Só quem já amou alguém, quem já se relacionou ou talvez, já confundiu paixão, desejo, carinho, e até mesmo “costume” com amor, sabe da importância de tal palavrinha de quatro letras no quadro de nossa vida - ela torna o fundo negro, algo mais claro, mais iluminado.
Pode um homem ter mil mulheres, fortuna avaliada em milhões, pode uma mulher ter inteligência fenomenal, um corpo magnífico e um rosto perfeito, pode ela ter todos os homens a seus pés, tudo muda depois de ter apenas alguém: Um amor para chamar de seu.
Existem definições magníficas para o amor, e o Rogério Flausino, vocalista da banda mineira Jota Quest foi extremamente feliz ao afirmar: “Amar não é ter que ter sempre certeza, é aceitar que ninguém é perfeito pra ninguém e poder ser você mesmo e não precisar fingir, É tentar esquecer e não conseguir fugir, fugir (...) Já pensei em te largar já olhei tantas vezes pro lado, mas quando penso em alguém é por você que fecho os olhos.”
O amor às vezes assusta, assusta por ser inexplicável. Você pode explicar a beleza de seu amado, as virtudes que ele possui, os defeitos que têm, mas, no fundo, não consegue explicar o porque o ama, o porque ficar longe dele, o porque romper os laços é tão dificil, praticamente impossivel. O porque do “tentar esquecer e não conseguir fugir”.
Todavia, tudo se torna mais simples quando a gente entende a primeira frase do estrofe da música, ou seja, o amor não requer certezas constantes, mas deve trazer consigo uma: A de que amar alguem implica em compreender que o amado não é perfeito, (você também não) e que, ninguém deve caber no outro- as pessoas devem somar, e não se “perfectibilizar” como amendoin no melado.
As diferenças existem e devem ser respeitadas, porque é através delas que ambos podem crescer- um sempre tem algo a ensinar ao outro. O relacionamento a dois é a síntese mor da vida em sociedade, mas agraciada com o maior dote que os deuses nos lançaram- o amor.
“Feitos um para o outro” é frase mais afim com o romantismo do que com o amor. As pessoas são românticas, o amor não. O amor se conjuga no presente- a gente não perde um amor de verdade, a gente deixa passar pseudo-amores, o amores verdadeiros são reais, estão no hoje, sentados no nosso sofá, dormindo na nossa cama, ou reclamando de alguma coisa- mas estão ali, ao nosso lado.
Todavia, se estiverem apenas em nosso pensamento é porque andou nos faltando coragem para vive-lo intensamente, paciencia para nutri-lo, para ir busca-lo, porém se houver eco no coração do outro, sempre há tempo: As oportunidades são criadas, basta querer.
Ao nosso lado esta nosso amor do presente: nos fazendo felizes por existirem, por sorrirem, por nos olharem ternamente. Pessoas, pessoas como nós, capazes de ser extremamente chatas e irritantes às vezes, mas independente disso, amadas. Inexplicavelmente amadas e queridas. Sua presença nos faz falta, sua falta nos maltrata, nos tortura e nos torna mais irritados do que ficamos frente às brigas tolas.
Gosto e sempre vou falar de amor. Nasci em meio ao amor, “amada Cláudinha” esta escrito no meu primeiro álbum que “a mamãe formou, sempre com a ajuda do papai”. Minha mãe escreveu isso, e segue a vida me amando, o “papai” já não esta a seu lado, mas o amor entre eles foi real, triste é o fim, é ver que as traças da falta de zelo, de cultivo, de presença e de honestidade plena podem acabar com o que de mais precioso um homem pode construir.
Todo fim leva de nós um pouco de vida (porque viver é sonhar, é planejar), mas trás a força e a descoberta de que ter amor próprio é uma questão de sobrevivencia. O amor por si só não nos dá um atestado de eternidade, ele é um mistério que requer a sabedoria como aliada. Apenas os sábios conseguem aprender a se relacionar e a cultivar um relacionamento, e, consequentemente a manter o amor vivo mesmo diante das intempéries da vida.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 05 de abril de 2007.

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