Dia 11/02 farão 10 meses que estou trabalhando como acompanhante de luxo e, praticamente um ano que comecei a me identificar com a ideia. O que quer dizer o tal de me "identificar com a ideia"?! Bem, para uma mulher de fortes princípios éticos e morais como eu, (apesar de certa dose de devassidão em momentos propícios), isso significa fazer renúncias, além de escolhas.
A escolha por tal profissão envolveu a superação de muitas necessidades vãs que eu insistia em ter. A priori, está aquela já bem sucateada em tempos de relacionamentos líquidos: a de ter "alguém para chamar de meu", parodiando a velha canção. Não vislumbro um namoro, menos ainda um casamento, coexistindo com a vida de cortesã. Eu jamais desejaria isso e tampouco teria admiração por um homem que aceitasse tal condição passivamente.
Vejo porém, que minha abdicação me fez mais forte, independente, imersa emsolitude, sem o sentimento negativo da solidão que eu já senti noutros tempos, naqueles em que a imaturidade emocional vigorava! Aliás, fico boquiaberta ao me recordar da minha vida afetiva em tais épocas: vários namoros sérios, envolvimento familiar, para, não muito tempo depois eu me deparar com o comodismo e egoísmo do companheiro e, diante disso, terminar o relacionamento.
Não direi que tais relações foram perda de tempo, pois aprendi muito com elas. Me encontrei através de cada relação frustrada.
Todavia, viver do sexo com homens seletivos (afinal, eu só me encontro com os que leem meu blog, anúncio e descobrem detalhes a meu respeito) é, pois, muito mais libertador e regozijador para mim do que passar horas conversando com o cidadão do Tinder, do "Par Perfeito", do cara do Facebook que fizeram eu usar muita internet e desperdiçar tempo de leitura e estudo jurídico para, ao final, percebe-los frustrantes ou namora-los até vê-los acomodados deitados na cama, mexendo no celular para falar com os filhos ou família enquanto eu estava nua ao seu lado querendo transar.
"E as noites sozinha, Cláu?". São noites em paz! Eu não preciso dormir acompanhada para ser feliz, assistir a um filme com alguém para me sentir"preenchida", eu não preciso e ninguém precisa, mas eu descobri isso, muitas pessoas não. Algumas jamais descobrirão, porque sempre colocarão alguém para tapar os seus buracos existenciais. Eu tenho um urso de pelúcia que eu abraço para dormir, a Pimpo, ela me basta, tenho dois gatos e inúmeros livros. Tenho a escrita, tenho filmes!
O grande problema das pessoas é que elas têm para si a ideia de que um "amor" lhes fará mais felizes, lhes fará um imenso bem e lhes completará, ignorando que já viveram amores e terminaram no tédio, porque seguidamente este é o caminho das relações duradouras, sobretudo após os filhos nascerem. Ignorando que elas não são metades para serem completavas.
O problema é que as pessoas não se sentem plenamente bem sozinhas, sem uma parceira sexual, um amigo colorido, um caso pra conversar no WhatsApp, um amigo festeiro, um monte de álcool e várias ilusões. O ser humano vem se alimentando de ilusões, porque vive com o ego, não com o coração.
Porque ainda não descobriu dentro de si mesmo que ele tem e ele é tudo o que precisa para ser feliz e que a sua companhia sempre será plena e a melhor que ele poderá encontrar nesta vida. Sem descobrir a inteligência emocional em si mesmo o ser humano seguirá assim: casado com ilusões vãs e com parco conhecimento de si mesmo mantendo-se na procura pelo seu "par perfeito".
Cláudia de Marchi
Brasília/DF, 04 de fevereiro de 2017.
MARAVILHOSA a sua reflexão condensada em um texto maduro e objetivo... Shakespeare podia ter facilitado as suas reflexões também... Parabéns a voce por sua significante historia de vida e obrigada por compartilhar ela conosco
ResponderExcluirMARAVILHOSA a sua reflexão expressa em um texto bem escrito e objetivo... Eu compartilho das mesmas idéias que você mas eu ainda sinto que preciso passar por um relacionamento afetivo para ter a experiência de como e porque eu nunca passei por um, e desconfio de que vou chegar a mesma conclusão apesar de que eu sou bem metamorfose ambulante também. Parabéns pelo blogger e obrigada por compartilhar a suas experiencias, me ajudou muito
ResponderExcluirMARAVILHOSA a sua reflexão condensada em um texto maduro e objetivo... Shakespeare podia ter facilitado as suas reflexões também... Parabéns a voce por sua significante historia de vida e obrigada por compartilhar ela conosco
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