Parque de diversões
"Assim eu não brinco mais". Duvido adulto que, quando criança não tenha dito essa frase ou, ao menos não tenha ouvido de alguma. Quando a brincadeira não esta mais agradando, ou melhor, quando por um motivo ou outro a criança se sente prejudicada na brincadeira, porque ela não esta "andando" como ela quer ela faz seu protesto. Da mesma "família" de frases infantis-protesto é "se tu fizer isso não serei mais seu amigo".
Todavia nós crescemos, e criamos uma noção bem errada do que é ser mimado. Como filha única sempre me tacharam de "mimada". De fato, sempre tive o que eu desejava, porém meus pais sempre me colocaram a par do mundo dos adultos, de forma que, com 14 anos os papos adolescentes me davam náusea enquanto o das minhas tias balzaquianas me davam calor tamanha a empolgação e meu interesse neles.
E, graças as minhas experiências, mudança de cidade, escolas, cursos, aprendizado aferido da observação de experiências alheias (dos mais velhos, inclusive), aprendi que grande parte dos acontecimentos na vida da gente independem de nossa vontade consciente, e, obviamente, nem tudo acontece como desejamos, sendo que, via de regra, quem espera demais, acaba por se frustrar na mesma intensidade. Assim, deixei de introjetar o "mimada" e não me sinto mais de tal forma. No mundo dos adultos, não existe o "não brinco mais". As casinhas não são de bonecas, a comida não é de "faz de conta", as panelas não são de plástico, nem as paredes de lona construídas embaixo de galhos de árvore.
Os relacionamentos são sérios. A gente assume compromisso com os sentimentos próprios e com os alheios, não existe "assim não brinco mais com você", tampouco "assim não sou mais seu amigo". No mundo dos adultos a falsidade existe, a deslealdade, a infidelidade. Conquistamos amigos eternos, fizemos inimigos mesmo sem saber que os temos, despertamos os mais diversos sentimentos sem termos ciência de quem os sente. Na vida adulta as circunstâncias, os relacionamentos, os empreendimentos, não são desmanchados com atitudes birrentas, com um beicinho ou com um "mamãe olha o que ele me fez".
Aqui, meus caros, nós temos responsabilidade não apenas pelo que escrevemos, mas pelas palavras ditas, pelas atitudes tomadas, pelos sentimentos que despertamos, pela confiança que nos impõem, pelas expectativas que temos e, também, pelas que criamos em que nos preza. Infelizmente, porém, existem pessoas que se ferem por não ter algum retorno do que espera ou, simplesmente, porque a vida não esta andando da forma esperada e desejada, assim, emburrados e feridos, acabam criando uma aura de descontentamento que, ao invés de findar, acaba atraindo mais situações de desagrado como um círculo vicioso lamentável e de lástimas.
Não adianta não querer mais brincar nesse imenso parque de diversões que é a vida adulta. A gente tem que aproveita-lo, rir do que é engraçado, rir também quando sentimos frio na barriga, chorar quando nos sentimos amedrontados ou pequenos diante das surpresas, afinal, nesse parque nossa vontade é muito, mas não é tudo. O interessante é curti-lo sabendo que nem sempre sentiremos prazer, nem sempre as coisas darão certo, nem sempre seremos vitoriosos em nossos empreendimentos, mas que, a coragem é fundamental porque desse parque ninguém pode fugir pela sua própria vontade, ao menos que seja, isto sim, mimado e covarde demais para desistir porque não conseguiu perceber que, nesse parque a roda gigante chamada trajetória humana não anda da velocidade, tampouco da forma que podemos desejar.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 09 de janeiro de 2008.
"Assim eu não brinco mais". Duvido adulto que, quando criança não tenha dito essa frase ou, ao menos não tenha ouvido de alguma. Quando a brincadeira não esta mais agradando, ou melhor, quando por um motivo ou outro a criança se sente prejudicada na brincadeira, porque ela não esta "andando" como ela quer ela faz seu protesto. Da mesma "família" de frases infantis-protesto é "se tu fizer isso não serei mais seu amigo".
Todavia nós crescemos, e criamos uma noção bem errada do que é ser mimado. Como filha única sempre me tacharam de "mimada". De fato, sempre tive o que eu desejava, porém meus pais sempre me colocaram a par do mundo dos adultos, de forma que, com 14 anos os papos adolescentes me davam náusea enquanto o das minhas tias balzaquianas me davam calor tamanha a empolgação e meu interesse neles.
E, graças as minhas experiências, mudança de cidade, escolas, cursos, aprendizado aferido da observação de experiências alheias (dos mais velhos, inclusive), aprendi que grande parte dos acontecimentos na vida da gente independem de nossa vontade consciente, e, obviamente, nem tudo acontece como desejamos, sendo que, via de regra, quem espera demais, acaba por se frustrar na mesma intensidade. Assim, deixei de introjetar o "mimada" e não me sinto mais de tal forma. No mundo dos adultos, não existe o "não brinco mais". As casinhas não são de bonecas, a comida não é de "faz de conta", as panelas não são de plástico, nem as paredes de lona construídas embaixo de galhos de árvore.
Os relacionamentos são sérios. A gente assume compromisso com os sentimentos próprios e com os alheios, não existe "assim não brinco mais com você", tampouco "assim não sou mais seu amigo". No mundo dos adultos a falsidade existe, a deslealdade, a infidelidade. Conquistamos amigos eternos, fizemos inimigos mesmo sem saber que os temos, despertamos os mais diversos sentimentos sem termos ciência de quem os sente. Na vida adulta as circunstâncias, os relacionamentos, os empreendimentos, não são desmanchados com atitudes birrentas, com um beicinho ou com um "mamãe olha o que ele me fez".
Aqui, meus caros, nós temos responsabilidade não apenas pelo que escrevemos, mas pelas palavras ditas, pelas atitudes tomadas, pelos sentimentos que despertamos, pela confiança que nos impõem, pelas expectativas que temos e, também, pelas que criamos em que nos preza. Infelizmente, porém, existem pessoas que se ferem por não ter algum retorno do que espera ou, simplesmente, porque a vida não esta andando da forma esperada e desejada, assim, emburrados e feridos, acabam criando uma aura de descontentamento que, ao invés de findar, acaba atraindo mais situações de desagrado como um círculo vicioso lamentável e de lástimas.
Não adianta não querer mais brincar nesse imenso parque de diversões que é a vida adulta. A gente tem que aproveita-lo, rir do que é engraçado, rir também quando sentimos frio na barriga, chorar quando nos sentimos amedrontados ou pequenos diante das surpresas, afinal, nesse parque nossa vontade é muito, mas não é tudo. O interessante é curti-lo sabendo que nem sempre sentiremos prazer, nem sempre as coisas darão certo, nem sempre seremos vitoriosos em nossos empreendimentos, mas que, a coragem é fundamental porque desse parque ninguém pode fugir pela sua própria vontade, ao menos que seja, isto sim, mimado e covarde demais para desistir porque não conseguiu perceber que, nesse parque a roda gigante chamada trajetória humana não anda da velocidade, tampouco da forma que podemos desejar.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 09 de janeiro de 2008.
Querida Amiga Cacau,
ResponderExcluirTeu texto caiu como uma pedra sobre mim, ou melhor, como pétalas de rosas, com perfume e tudo...Muitas vezes me encontro com vontade de dizer "Não brinco mais", nem com alguém, nem com a vida...não brinco mais...tudo porque pessoas nos dão esperanças, nos fazem acreditar, nos fazem sonhar, e num único momento nos ruobam tudo...mas aih, vem Deus, o nosso único salvador, o único que não nos dá as costas, o único que fala sempre a verdade conosco e me ampara...e só nós dois começamos uma brincadeira nova, na maior felicidade, pois é o que ele mais quer, nos ver FELIZES...sempre FELIZES!!!
Querida Amiga Cacau,
ResponderExcluirTeu texto caiu como uma pedra sobre mim, ou melhor, como pétalas de rosas, com perfume e tudo...Muitas vezes me encontro com vontade de dizer "Não brinco mais", nem com alguém, nem com a vida...não brinco mais...tudo porque pessoas nos dão esperanças, nos fazem acreditar, nos fazem sonhar, e num único momento nos roubam tudo...mas aih, vem Deus, o nosso único salvador, o único que não nos dá as costas, o único que fala sempre a verdade conosco e me ampara...e só nós dois começamos uma brincadeira nova, na maior felicidade, pois é o que ele mais quer, nos ver FELIZES...sempre FELIZES!!!
Marselha Bossardi