O homem e as traições na vida
Ninguém passa pela vida sem sofrer alguma espécie de traição. Pode ser um par de chifres da pessoa outrora (espero que em todos os casos se use essa referência temporal) amada, pode ser a falta de consideração do "amigo" demonstrando que inexiste amizade verdadeira e sim algo que se assemelha mais a alguma espécie de interesse do que, propriamente, de sentimento e afinidade. E, em outros casos, pode ser a constatação de que aquele em quem confiamos nos inveja e não deseja o nosso bem.
Natural que as traições ocorram neste mundo em que a grande maioria das pessoas se rende a futilidade, em que parcerias de anos são ignoradas em prol de bebedeiras com amigos e "esticadinha" em locais em que é proibido levar aquele que dorme ao lado na cama, em que confraternização com pessoas amigas e leais são trocadas por uma saidinha com a "bonitinha" da vez, por uma festinha diferente ou por uma transa banal. Natural em um mundo que valoriza mais a quantidade do que a qualidade das relações, em que o homem passa a ser bem julgado pelo dinheiro que tem, pela barriga dura, pelo glúteo definido, pelo que aparenta ser, enfim, do que pelos sentimentos e forma de pensar que possui.
Natural que a confiança alheia e o sentimento do outro sejam banalizados numa época em que grande parte das pessoas deseja respeito de todos, amor e atenção do mundo, mas é emocionalmente incapaz de amar e respeitar a ponto de não conseguir se colocar no lugar do outro vez que sua mente se atrofiou em relação ao sentido das palavras compaixão e respeito. Respeito tem aquele que se dá, respeito merece aquele que também sabe respeitar, obviamente que o homem de bem respeita à todos, nem sempre por apreço, mas muitas vezes por piedade.
Mas, "homens de bem" seriam maioria neste mundo? Depende do ponto de vista, mas a vida me ensinou que o homem é capaz de vilezas que não admite nem para ele mesmo, então, em benefício da dúvida, é preferível não esperar muito de todos, assim a queda frente a eventual frustração se torna um pouco menos desastrosa. É amenizada pelo colchão do realismo. Ser realista, não é ser pessimista, é analisar o mundo e a vida como são frente as experiências tidas e observadas também (pessoas inteligentes conseguem aprender vendo, ouvindo e se colocando no lugar alheio, captando de forma emocional e racional a dor do outro). Um povo que é traído diariamente pelos governantes que ele mesmo elegeu ("cada povo tem o governo que merece" é tema que rende outros escritos, não convém se alongar) não deve esperar demais do próprio vizinho.
A gente pode ser traído por quem elege para compartilhar uma vida, para compartilhar nossos momentos, para dar nossa confiança, nosso carinho, nossa atenção, nosso prezar. Mas, se somos honestos, se somos felizes por sermos bons e por (ainda) conseguirmos confiar em alguém não devemos esmorecer.
Num mundo de maioria vil e traiçoeira, de maioria fugaz rumo a "mentecaptação", a minoria proba, honesta, sincera, leal e respeitosa se destaca e atrai a atenção, ainda que seja dos seus semelhantes, mas algum homem bom quer ao seu lado um "traíra", uma pessoa fútil que banaliza os sentimentos alheios e a sua própria vida? Creio que não. Logo, é melhor continuar tendo fé na bondade e ignorar as maldades alheias. Coitados são os que perdem o apreço de boas pessoas.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo 25 de julho de 2008.
Ninguém passa pela vida sem sofrer alguma espécie de traição. Pode ser um par de chifres da pessoa outrora (espero que em todos os casos se use essa referência temporal) amada, pode ser a falta de consideração do "amigo" demonstrando que inexiste amizade verdadeira e sim algo que se assemelha mais a alguma espécie de interesse do que, propriamente, de sentimento e afinidade. E, em outros casos, pode ser a constatação de que aquele em quem confiamos nos inveja e não deseja o nosso bem.
Natural que as traições ocorram neste mundo em que a grande maioria das pessoas se rende a futilidade, em que parcerias de anos são ignoradas em prol de bebedeiras com amigos e "esticadinha" em locais em que é proibido levar aquele que dorme ao lado na cama, em que confraternização com pessoas amigas e leais são trocadas por uma saidinha com a "bonitinha" da vez, por uma festinha diferente ou por uma transa banal. Natural em um mundo que valoriza mais a quantidade do que a qualidade das relações, em que o homem passa a ser bem julgado pelo dinheiro que tem, pela barriga dura, pelo glúteo definido, pelo que aparenta ser, enfim, do que pelos sentimentos e forma de pensar que possui.
Natural que a confiança alheia e o sentimento do outro sejam banalizados numa época em que grande parte das pessoas deseja respeito de todos, amor e atenção do mundo, mas é emocionalmente incapaz de amar e respeitar a ponto de não conseguir se colocar no lugar do outro vez que sua mente se atrofiou em relação ao sentido das palavras compaixão e respeito. Respeito tem aquele que se dá, respeito merece aquele que também sabe respeitar, obviamente que o homem de bem respeita à todos, nem sempre por apreço, mas muitas vezes por piedade.
Mas, "homens de bem" seriam maioria neste mundo? Depende do ponto de vista, mas a vida me ensinou que o homem é capaz de vilezas que não admite nem para ele mesmo, então, em benefício da dúvida, é preferível não esperar muito de todos, assim a queda frente a eventual frustração se torna um pouco menos desastrosa. É amenizada pelo colchão do realismo. Ser realista, não é ser pessimista, é analisar o mundo e a vida como são frente as experiências tidas e observadas também (pessoas inteligentes conseguem aprender vendo, ouvindo e se colocando no lugar alheio, captando de forma emocional e racional a dor do outro). Um povo que é traído diariamente pelos governantes que ele mesmo elegeu ("cada povo tem o governo que merece" é tema que rende outros escritos, não convém se alongar) não deve esperar demais do próprio vizinho.
A gente pode ser traído por quem elege para compartilhar uma vida, para compartilhar nossos momentos, para dar nossa confiança, nosso carinho, nossa atenção, nosso prezar. Mas, se somos honestos, se somos felizes por sermos bons e por (ainda) conseguirmos confiar em alguém não devemos esmorecer.
Num mundo de maioria vil e traiçoeira, de maioria fugaz rumo a "mentecaptação", a minoria proba, honesta, sincera, leal e respeitosa se destaca e atrai a atenção, ainda que seja dos seus semelhantes, mas algum homem bom quer ao seu lado um "traíra", uma pessoa fútil que banaliza os sentimentos alheios e a sua própria vida? Creio que não. Logo, é melhor continuar tendo fé na bondade e ignorar as maldades alheias. Coitados são os que perdem o apreço de boas pessoas.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo 25 de julho de 2008.