O homem e a racionalidade
O ser humano é um animal racional. Parece frase de livro de Biologia, mas tem sido uma afirmação que repito para mim na intenção de voltar a crer nela. Com o passar dos anos passei a pensar que existe um longo abismo entre a teoria e a prática da "realidade" desta frase.
Será que é racional um ser que mata sem motivo? Que não cuida do próprio meio ambiente em que esta inserido? Que trai a confiança do outro sem se colocar em seu lugar para obter algum lucro ou, simplesmente, ter um orgasmo? Será que é racional um homem que, eleito pelo povo, rouba pensando em engordar seu saldo bancário enquanto leva o País a uma anorexia (não nervosa) econômica?
E, mais ainda, onde esta a racionalidade de um povo que perdeu a capacidade de indignação, que diante de "CPIs" sem resultado se contenta em ver a secretária, amante ou ex-amante de algum corrupto aparecer pelada em revista masculina? Onde foram parar os que pensam, os que se revoltam e, dentro do possível, manifestam seu pensamento? A ditadura se foi, a censura também, mas parece que com elas terminou as manifestações populares, o ânimo popular, a capacidade de se erigir contra o que incomoda. Ou será que nada mais esta incomodando neste Brasil?
O "imposto do cheque" poderia voltar. Nada de mobilização contrária. O povo brasileiro assumiu seu comodismo, escândalos políticos, assassinatos, morte nas estradas, más condições das estradas, nada, enfim, parece mexer com o brio das pessoas. Creio, pois, que a racionalidade parece ser um substantivo existente, mas mal usado, e tudo o que é usado negativamente quando deveria funcionar de forma inversa fica legado à inocuidade, ou melhor, à inexistência.
O homem se aproxima da perfeição na medida em que consegue pensar, refletir, constatar os seus próprios erros e, também, se indignar com as mazelas mundanas (inclusive com as que ele causa). Aliás, tal ato demonstra a verdadeira racionalidade humana.
Ter compaixão é uma forma de demonstrar o uso da razão, se colocar no lugar do outro e pautar a sua atitude vendo na outra pessoa um ser que também sente e sofre. Portanto, todos os seres são, em tese, racionais, mas poucos gozam da racionalidade na prática. Muitas vezes até os animais são mais sensíveis do que o homem, e é na sensibilidade que esta a beleza e a candura da razão.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de julho de 2008.
O ser humano é um animal racional. Parece frase de livro de Biologia, mas tem sido uma afirmação que repito para mim na intenção de voltar a crer nela. Com o passar dos anos passei a pensar que existe um longo abismo entre a teoria e a prática da "realidade" desta frase.
Será que é racional um ser que mata sem motivo? Que não cuida do próprio meio ambiente em que esta inserido? Que trai a confiança do outro sem se colocar em seu lugar para obter algum lucro ou, simplesmente, ter um orgasmo? Será que é racional um homem que, eleito pelo povo, rouba pensando em engordar seu saldo bancário enquanto leva o País a uma anorexia (não nervosa) econômica?
E, mais ainda, onde esta a racionalidade de um povo que perdeu a capacidade de indignação, que diante de "CPIs" sem resultado se contenta em ver a secretária, amante ou ex-amante de algum corrupto aparecer pelada em revista masculina? Onde foram parar os que pensam, os que se revoltam e, dentro do possível, manifestam seu pensamento? A ditadura se foi, a censura também, mas parece que com elas terminou as manifestações populares, o ânimo popular, a capacidade de se erigir contra o que incomoda. Ou será que nada mais esta incomodando neste Brasil?
O "imposto do cheque" poderia voltar. Nada de mobilização contrária. O povo brasileiro assumiu seu comodismo, escândalos políticos, assassinatos, morte nas estradas, más condições das estradas, nada, enfim, parece mexer com o brio das pessoas. Creio, pois, que a racionalidade parece ser um substantivo existente, mas mal usado, e tudo o que é usado negativamente quando deveria funcionar de forma inversa fica legado à inocuidade, ou melhor, à inexistência.
O homem se aproxima da perfeição na medida em que consegue pensar, refletir, constatar os seus próprios erros e, também, se indignar com as mazelas mundanas (inclusive com as que ele causa). Aliás, tal ato demonstra a verdadeira racionalidade humana.
Ter compaixão é uma forma de demonstrar o uso da razão, se colocar no lugar do outro e pautar a sua atitude vendo na outra pessoa um ser que também sente e sofre. Portanto, todos os seres são, em tese, racionais, mas poucos gozam da racionalidade na prática. Muitas vezes até os animais são mais sensíveis do que o homem, e é na sensibilidade que esta a beleza e a candura da razão.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de julho de 2008.
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