Pais e Filhos
Levei quase 15 anos para entender o que o Renato Russo queria dizer na música Pais e Filhos: "Você culpa seus pais por tudo, e isso é um absurdo, são crianças como você". Muitas pessoas atribuem aos pais várias espécies de culpas: Não foram tão afetuosos, não dialogaram como deveriam, não ouviram quando precisava, não fizeram isso ou aquilo, exageraram aqui ou acolá. Não param para pensar que os pais fizeram o que sabiam, como podiam, tentaram fazer o seu melhor. Hoje somos filhos, amanha seremos pais, e será que seremos perfeitos? Será, pois que podemos criticar os nossos pais sem sequer sabemos como nós seremos quando tivermos os nossos filhos?A maternidade, a paternidade, não faz com que nos tornemos santos, com que passemos a saber todas as verdades do mundo, a melhor forma de agir com as pessoas. É isso que significa que nossos pais são crianças como nós, psíquica e espiritualmente são o que eram antes de se tornar pais, são, também aprendizes na escola da vida.Fato é que os pais amam seus filhos, fazem o que sabem visando sempre o seu bem estar, a sua alegria. Erram? Sim, bastante, mas sem desejar. Fazem algumas maldades? Sim, como todo ser humano, mas os erros, as mancadas, as surras, as palmadas, os gritos inapropriados, o exagero, nada afasta a existência do amor, do anseio por sua felicidade.As mães rezam pela felicidade dos filhos, querem o bem deles, muitas vezes, é verdade, querem o bem dentro do que elas consideram bom e correto, olvidando do desejo do filho, mas, ainda assim, para que critica-lá? Seu desejo é puro, é bondoso. Falta aos filhos a abdicação de egoísmo que todo pai tem. É por abdicar do egoísmo que um pai que, mesmo sem ter sido demasiado carinhoso na infância do filho, constrói um bom patrimônio para lhe deixar bem, lhe paga estudo, faculdade, lhe ajuda a montar um negócio. Ele poderia gastar consigo, mas prefere construir um patrimônio para deixar para o filho que, muitas vezes, não dá valor algum ao esforço do pai.Compreender que não se pode esperar dos pais a perfeição que não temos enquanto filhos é fundamental. Compreender que nossos pais foram criados em outra época e que o que fizeram condiz com o pouco que sabiam é uma atitude nobre. Culpar, criticar, malbaratar as atitudes dos pais é atitude do mais indigno, maldoso, tolo e egoísta dos filhos, que apesar disso é perdoado pelo pai. Os pais não se tornam santos após a paternidade, mas, certamente, se tornam pessoas mais nobres na medida em que, de seu modo, amam seus filhos.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 19 de agosto de 2008.
Olá Cláudia
ResponderExcluirMinha amiga especial, de uma tempo que passou, mas amizade que ainda repercute, pelo menos por aqui, continuas escrevendo maravilhosamente. Sei que não pretendes desistir dos exritos, mas mesmo assim digo: continues, nunca desistas.
Grande abraço e beijo.
Celso Morais
celso.morais@dprf.gov.br