Eu vivi.
Fazia algum tempo que eu não ouvia as pessoas. Não ouvi os nobres conselhos da minha mãe, não ouvi meus conhecidos e as pessoas que me queriam bem, não ouvi meu pai e o que é pior: Não ouvi minha consciência, que é Deus falando dentro de mim.
Não em vão dos 26 anos completos aos 27 anos incompletos, ou seja, em menos de 12 meses eu capotei um carro numa estrada perigosíssima após sair de uma curva a 130 Km/h, deixei minha cidade e minha quota parte num escritório de advocacia famoso para mudar de município, casei e separei passando por decepções e dores imensas. O que eu quero dizer com isso? Se a gente deve ou não ouvir os outros (?). Não sei. Apesar de tudo continuo sem saber, afinal existem pessoas de alma imprudente como a minha, que precisam sofrer na pele e ter certeza de tudo que pensam para então tomarem suas decisões.
A vida é um lindo campo aberto para quem quer gozá-la, para quem tem sede de viver e não cruza os braços diante dela. A gente escolhe as flores que vamos plantar, e das colhidas, além do aroma poderemos sentir os espinhos, por isso devemos selecionar bem aquelas que vamos colocar em nosso jardim.
Eu saí viva debaixo de um carro que saiu de uma curva capotando morro acima. Eu tive a sorte de olhar para meu lado esquerdo e poder ver um carro destruído com as rodas para cima sem ninguém mais ter se ferido. Eu tive a benção de sentir o corpo doído ao ficar apenas oito horas em observação numa maca de hospital sem ter um arranhão no corpo. Eu consegui sair de uma separação tardia de um matrimônio precoce catando os pedaços estraçalhados de meu coração explodido pelo ódio (de mim mesma) que minha razão detonou. Consegui sair ilesa, sozinha e sem rebentos, recuperando a custa de dor o meu amor pela vida e por mim mesma. Consegui superar a culpa e o arrependimento pelas escolhas feitas. Voltei a me amar, a amar a advocacia, a leitura, a arte da escrita e tudo que sempre teve valor para mim e passa longe de contas bancárias.
Eu consegui sair da pior fase de minha vida sorrindo e tranqüila por ter feito o bem que eu podia, embora saiba que tenha magoado muitas pessoas por não tê-las ouvido. E você, vai arriscar não ouvir o que a vida tem a lhe dizer? Ou vai seguir o seu coração tapando a voz de sua consciência? Será que você vai sentir dor ao sair debaixo do carro ou será que não sentirá mais nada, nem mesmo sua própria respiração?
Não sei. Se a gente soubesse ontem o que a gente sabe hoje talvez não sofresse tanto. Mas e se não sofresse, será que saberia? Talvez o bom seja experimentar. Viver para saber. Sentir na pele. Talvez o melhor seja ser prudente e se conter. Ouvir a razão, mas, e a intuição? Quando a gente fecha os ouvidos não ouvimos nem nossa própria alma, nem nossa intuição, nem nossa razão, nem Deus, nem ninguém.
É. Eu acho que o melhor mesmo é ser razoável. É não perder-se de si mesmo, porque a gente só deixa de ouvir demais quando a gente vai se afastando de nossa própria essência. Eu dizia isso há um ano. Eu dizia isso há dois anos. Mas agora eu sei. Eu mudei e me reencontrei. Hoje sou a pessoa que eu queria ser nesse período atrás, mas que não podia ser. Hoje eu sei: Eu vivi, eu sofri.
Cláudia de Marchi
Terra do Nunca, 12 de março de 2010.
Fazia algum tempo que eu não ouvia as pessoas. Não ouvi os nobres conselhos da minha mãe, não ouvi meus conhecidos e as pessoas que me queriam bem, não ouvi meu pai e o que é pior: Não ouvi minha consciência, que é Deus falando dentro de mim.
Não em vão dos 26 anos completos aos 27 anos incompletos, ou seja, em menos de 12 meses eu capotei um carro numa estrada perigosíssima após sair de uma curva a 130 Km/h, deixei minha cidade e minha quota parte num escritório de advocacia famoso para mudar de município, casei e separei passando por decepções e dores imensas. O que eu quero dizer com isso? Se a gente deve ou não ouvir os outros (?). Não sei. Apesar de tudo continuo sem saber, afinal existem pessoas de alma imprudente como a minha, que precisam sofrer na pele e ter certeza de tudo que pensam para então tomarem suas decisões.
A vida é um lindo campo aberto para quem quer gozá-la, para quem tem sede de viver e não cruza os braços diante dela. A gente escolhe as flores que vamos plantar, e das colhidas, além do aroma poderemos sentir os espinhos, por isso devemos selecionar bem aquelas que vamos colocar em nosso jardim.
Eu saí viva debaixo de um carro que saiu de uma curva capotando morro acima. Eu tive a sorte de olhar para meu lado esquerdo e poder ver um carro destruído com as rodas para cima sem ninguém mais ter se ferido. Eu tive a benção de sentir o corpo doído ao ficar apenas oito horas em observação numa maca de hospital sem ter um arranhão no corpo. Eu consegui sair de uma separação tardia de um matrimônio precoce catando os pedaços estraçalhados de meu coração explodido pelo ódio (de mim mesma) que minha razão detonou. Consegui sair ilesa, sozinha e sem rebentos, recuperando a custa de dor o meu amor pela vida e por mim mesma. Consegui superar a culpa e o arrependimento pelas escolhas feitas. Voltei a me amar, a amar a advocacia, a leitura, a arte da escrita e tudo que sempre teve valor para mim e passa longe de contas bancárias.
Eu consegui sair da pior fase de minha vida sorrindo e tranqüila por ter feito o bem que eu podia, embora saiba que tenha magoado muitas pessoas por não tê-las ouvido. E você, vai arriscar não ouvir o que a vida tem a lhe dizer? Ou vai seguir o seu coração tapando a voz de sua consciência? Será que você vai sentir dor ao sair debaixo do carro ou será que não sentirá mais nada, nem mesmo sua própria respiração?
Não sei. Se a gente soubesse ontem o que a gente sabe hoje talvez não sofresse tanto. Mas e se não sofresse, será que saberia? Talvez o bom seja experimentar. Viver para saber. Sentir na pele. Talvez o melhor seja ser prudente e se conter. Ouvir a razão, mas, e a intuição? Quando a gente fecha os ouvidos não ouvimos nem nossa própria alma, nem nossa intuição, nem nossa razão, nem Deus, nem ninguém.
É. Eu acho que o melhor mesmo é ser razoável. É não perder-se de si mesmo, porque a gente só deixa de ouvir demais quando a gente vai se afastando de nossa própria essência. Eu dizia isso há um ano. Eu dizia isso há dois anos. Mas agora eu sei. Eu mudei e me reencontrei. Hoje sou a pessoa que eu queria ser nesse período atrás, mas que não podia ser. Hoje eu sei: Eu vivi, eu sofri.
Cláudia de Marchi
Terra do Nunca, 12 de março de 2010.
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