Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 26 de março de 2010

Infância ao contrário.

Infância ao contrário.

Envelhecer é voltar a ser criança com toda a malandragem da vida adulta. Os velhinhos são adoráveis: Cabelos branquinhos, tom de voz suave, e mãos macias, todavia eles podem ser mais abusados do que seus próprios netinhos quando querem.
Por trás da meiguice da criança e do idoso há uma alma com tantas virtudes quantos defeitos, estes, pois se não amenizados com a maturidade adquirida pela vida costumam se acentuar: Teimosia, ranzinice, orgulho, egoísmo, preconceitos, e muitos outros se mostram duplicados depois dos 60 anos, triplicados depois dos setenta e quadruplicados depois dos oitenta.
A vida sempre ensina aqueles que desejam aprender, todavia, o fato dos idosos merecerem respeito torna alguns mais orgulhosos a ponto de acharem que já aprenderam o que tinham que aprender e que podem fazer o que desejam e todos devem aceitar em silêncio (afinal têm “tantos” anos de idade).
A velhice é como uma infância ao contrário para muitos: Voltam a ter uma aparência frágil e também a vontade de terem suas vontades atendidas no momento em que elas despertam, tal qual os pequenos que fazem birra para serem ouvidos e agradados.
Os doces velhinhos em sua maioria deixam de se sentirem aprendizes na vida e com este sentimento e crença deixam de captar o que os mais jovens têm a dizer na vã crença de que por saberem “menos” da vida nada terão a dizer que lhes sirva.
Todavia, é fato que a velhice trás seus inconvenientes: A audição fica menos apurada, a visão prejudicada, os sentidos e raciocínio, mais lentos. Então, porque não ouvir o filho ou o neto quando ele tenta dar as novas coordenadas da lei de trânsito, por exemplo? Por que não ouvir com um pouco de atenção o que os jovens podem lhes ensinar tendo em vista a agilidade física e mental que possuem bem como a evolução com que conseguem se informar hoje em dia?
Independente da idade da pessoa nunca é cedo ou tarde demais para aprender, para se atualizar e ouvir o outro. Respeitar o próximo é dever de todos, jovens ou velhos: Não existe salvo conduto para o desrespeito ao próximo na velhice ou em qualquer época da vida. Nem a riqueza, nem a beleza, nem o poder, nem a idade podem ser justificativas para que se tapem os ouvidos e o coração para o que o outro - diferente em atributos, tem a dizer.
Agir com desrespeito olvidando da opinião e pensamento alheio prejudica o convívio humano e conviver é uma arte que deve ser bem exercitada por todos que desejam viver em sociedade, do contrário resta à solidão que tanto os infantes quanto os idosos costumam desprezar.


Cláudia de Marchi

Terra do Nunca, 26 de março de 2010.

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