Hábito de perfeição
Nada no mundo pode ser tão exaustivo e triste quanto a obrigação que algumas pessoas conseguem impor às outras de tomarem atitudes "perfeitas", conforme, é claro, o seu ideal de perfeição. O outro não deve cometer erros, e se faze-lo devem ser mínimos, praticamente imperceptíveis, ele pode acertar quase sempre, mas quando erra sempre seus erros são comentados, criticados enquanto dos acertos nenhum comentário benévolo se faz.
Pessoas assim, que exigem demais dos outros normalmente exigem demais da vida e de si mesmos, são pessoas que carregam, por algum motivo um descontentamento interior o que lhes faz ter pouca paciência com o que venha do exterior em seu descontento. Pessoas perfeccionistas são aquelas que vivem contrariadas com a vida (afinal, nela nada há de perfeito, com exceção de um sentimento chamado amor) procurando uma realidade inexistente no mundo.
Podem ter saúde, beleza, conforto, amor, carinho, respeito dos amigos, vivem atrás de algo que lhes falta, não se sentem em paz com o que possuem nem com quem são, nada, pois pode lhes contentar por completo, então elas não vêem, ou melhor, vêem e não valorizam o que o outro faz de bom, ou pelo menos o esforço alheio para ser bom, útil ou prestativo, todavia quando ele falha parece que a circunstância que lhe desagrada tem o efeito reverso de lhe contentar: Eles se animam a falar, a reclamar. Reclamar muito.
Quem exige demais do outro é humano, e, portanto imperfeito, logo o fato de ver que o outro também erra pode até lhe irritar, mas lhe faz sentir bem porque ele não se sente só: Não é apenas ele o errante no mundo, afinal, para quem exige que tudo seja reto e correto é confortante perceber que o outro também erra. Tudo isso é culpa de uma forma de educação que cobra que a pessoa seja a melhor, a mais inteligente, a mais honesta, a mais preparada, a mais bela, aquela que esta acima de todos, o que acaba gerando o hábito da comparação, o que além do perfeccionismo pode gerar a tosca inveja ou o fútil auto-convencimento.
Se todos compreendessem que de nada se pode exigir perfeição, menos ainda de si mesmos e de seus filhos, se todos compreendessem que ser exigente não significa ser paranóico ou grosseiro e que para levar o outro ao acerto é preciso ter paciência e carinho para ensinar e instruir, se todos se importassem com o que são e não apenas com o melhor que poderiam ser o mundo seria habitado por pessoas mais tranqüilas e felizes, logo mais perto da perfeição e da liberdade psíquica neste mundo tão imperfeito.
Cláudia de Marchi Pagnussat
Marau, 20 de novembro de 2009.
Nada no mundo pode ser tão exaustivo e triste quanto a obrigação que algumas pessoas conseguem impor às outras de tomarem atitudes "perfeitas", conforme, é claro, o seu ideal de perfeição. O outro não deve cometer erros, e se faze-lo devem ser mínimos, praticamente imperceptíveis, ele pode acertar quase sempre, mas quando erra sempre seus erros são comentados, criticados enquanto dos acertos nenhum comentário benévolo se faz.
Pessoas assim, que exigem demais dos outros normalmente exigem demais da vida e de si mesmos, são pessoas que carregam, por algum motivo um descontentamento interior o que lhes faz ter pouca paciência com o que venha do exterior em seu descontento. Pessoas perfeccionistas são aquelas que vivem contrariadas com a vida (afinal, nela nada há de perfeito, com exceção de um sentimento chamado amor) procurando uma realidade inexistente no mundo.
Podem ter saúde, beleza, conforto, amor, carinho, respeito dos amigos, vivem atrás de algo que lhes falta, não se sentem em paz com o que possuem nem com quem são, nada, pois pode lhes contentar por completo, então elas não vêem, ou melhor, vêem e não valorizam o que o outro faz de bom, ou pelo menos o esforço alheio para ser bom, útil ou prestativo, todavia quando ele falha parece que a circunstância que lhe desagrada tem o efeito reverso de lhe contentar: Eles se animam a falar, a reclamar. Reclamar muito.
Quem exige demais do outro é humano, e, portanto imperfeito, logo o fato de ver que o outro também erra pode até lhe irritar, mas lhe faz sentir bem porque ele não se sente só: Não é apenas ele o errante no mundo, afinal, para quem exige que tudo seja reto e correto é confortante perceber que o outro também erra. Tudo isso é culpa de uma forma de educação que cobra que a pessoa seja a melhor, a mais inteligente, a mais honesta, a mais preparada, a mais bela, aquela que esta acima de todos, o que acaba gerando o hábito da comparação, o que além do perfeccionismo pode gerar a tosca inveja ou o fútil auto-convencimento.
Se todos compreendessem que de nada se pode exigir perfeição, menos ainda de si mesmos e de seus filhos, se todos compreendessem que ser exigente não significa ser paranóico ou grosseiro e que para levar o outro ao acerto é preciso ter paciência e carinho para ensinar e instruir, se todos se importassem com o que são e não apenas com o melhor que poderiam ser o mundo seria habitado por pessoas mais tranqüilas e felizes, logo mais perto da perfeição e da liberdade psíquica neste mundo tão imperfeito.
Cláudia de Marchi Pagnussat
Marau, 20 de novembro de 2009.
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