Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

domingo, 15 de novembro de 2009

Seguem dois antigos do mês de maio de 2008...

Sem enfeites verbais.

Em tempos de amizades virtuais, em que nos comunicamos mais por e-mail, “scraps” e afins do que pessoalmente algumas palavras se tornam “chavão” para criar uma pseudointimidade, é o tal de “amiga”, “querida”. Acho assustador ser chamada de amiga por uma vendedora, por uma desconhecida encontrada num banheiro de bar, por exemplo.
Em tempos de liberdade sexual e relacionamentos mais fugazes e sem sentimento do que um esbarrão num desconhecido em liquidação de loja popular, outras palavras tentam criar profundidade para o que foi é e sempre terá o mesmo significado: O sexo, enfeitado pelo tal “fazer amor”.
Nem minha melhor amiga me chama de “amiga”. Não faço amor com meu marido. Faço sexo mesmo, amor a gente sente, sexo a gente curte, devassa, extravasa entre quatro paredes. Sexo com amor? Ah, isso é incomparável, felizes os que podem tê-lo diariamente. Mas, “fazer amor”? Com licença, muito piegas, extremamente brega uma expressão que tenta dizer que a boa e velha sacanagem é a realização de um sentimento.
A gente não faz amor nem com que a gente ama. Sexo é realidade, pele, sacanagem, tesão, fogo, química perfeita, conjunção de lábios, braços, pele, suspiros, gemidos e aquele “que” pessoal que cada um tem na hora do prazer, coisas que não se fala por ai, sexo bom é o indiscreto, o bem feito a dois. Amor é sentimento, é dádiva divina, é um tudo neste mundo em que as relações entre sexos opostos (e entre os iguais também) estão se tornando “nadas” com nomes variados: “Eu fiquei”, “eu sai”, “eu peguei”.
Não precisa enfeites para definir o sexo, nem substantivos e adjetivos alheios à relação para buscar proximidade. Cliente é cliente, freguês é freguês, conhecido é conhecido, e amigo é amigo. Não precisa “querido”, “meu caro”, “amado”, “amigo”, “gatinho” para tentar uma intimidade inexistente. Sem hipocrisia, cada um na sua, com respeito, sem palavrinhas de “puxa-saco”.
Adornos verbais demais deixam qualquer coisa cafona, brega, tira a graça da roupa mais cara, mais bela, mais chique. O que é bonito e sincero não requer outros enfeites. Relações profissionais, superficiais existem e sempre existirão, não há necessidade de inserir palavras para “aproximar”.
Amor entre um casal na cama e fora dela é o ideal, mas, tanto os que se amam quanto os que não se amam, entre quatro paredes fazem o bom e velho sexo. Tentar enfeitar o perfeito gozo carnal com um sentimento que se goza na alma é ridicularizar o que é bom e o que é belo e, portanto, dispensa outras adornos verbais.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 23 de maio de 2008

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