Sem enfeites verbais.
Em tempos de amizades virtuais, em que nos comunicamos mais por e-mail, “scraps” e afins do que pessoalmente algumas palavras se tornam “chavão” para criar uma pseudointimidade, é o tal de “amiga”, “querida”. Acho assustador ser chamada de amiga por uma vendedora, por uma desconhecida encontrada num banheiro de bar, por exemplo.
Em tempos de liberdade sexual e relacionamentos mais fugazes e sem sentimento do que um esbarrão num desconhecido em liquidação de loja popular, outras palavras tentam criar profundidade para o que foi é e sempre terá o mesmo significado: O sexo, enfeitado pelo tal “fazer amor”.
Nem minha melhor amiga me chama de “amiga”. Não faço amor com meu marido. Faço sexo mesmo, amor a gente sente, sexo a gente curte, devassa, extravasa entre quatro paredes. Sexo com amor? Ah, isso é incomparável, felizes os que podem tê-lo diariamente. Mas, “fazer amor”? Com licença, muito piegas, extremamente brega uma expressão que tenta dizer que a boa e velha sacanagem é a realização de um sentimento.
A gente não faz amor nem com que a gente ama. Sexo é realidade, pele, sacanagem, tesão, fogo, química perfeita, conjunção de lábios, braços, pele, suspiros, gemidos e aquele “que” pessoal que cada um tem na hora do prazer, coisas que não se fala por ai, sexo bom é o indiscreto, o bem feito a dois. Amor é sentimento, é dádiva divina, é um tudo neste mundo em que as relações entre sexos opostos (e entre os iguais também) estão se tornando “nadas” com nomes variados: “Eu fiquei”, “eu sai”, “eu peguei”.
Não precisa enfeites para definir o sexo, nem substantivos e adjetivos alheios à relação para buscar proximidade. Cliente é cliente, freguês é freguês, conhecido é conhecido, e amigo é amigo. Não precisa “querido”, “meu caro”, “amado”, “amigo”, “gatinho” para tentar uma intimidade inexistente. Sem hipocrisia, cada um na sua, com respeito, sem palavrinhas de “puxa-saco”.
Adornos verbais demais deixam qualquer coisa cafona, brega, tira a graça da roupa mais cara, mais bela, mais chique. O que é bonito e sincero não requer outros enfeites. Relações profissionais, superficiais existem e sempre existirão, não há necessidade de inserir palavras para “aproximar”.
Amor entre um casal na cama e fora dela é o ideal, mas, tanto os que se amam quanto os que não se amam, entre quatro paredes fazem o bom e velho sexo. Tentar enfeitar o perfeito gozo carnal com um sentimento que se goza na alma é ridicularizar o que é bom e o que é belo e, portanto, dispensa outras adornos verbais.
Cláudia de Marchi Pagnussat
Em tempos de amizades virtuais, em que nos comunicamos mais por e-mail, “scraps” e afins do que pessoalmente algumas palavras se tornam “chavão” para criar uma pseudointimidade, é o tal de “amiga”, “querida”. Acho assustador ser chamada de amiga por uma vendedora, por uma desconhecida encontrada num banheiro de bar, por exemplo.
Em tempos de liberdade sexual e relacionamentos mais fugazes e sem sentimento do que um esbarrão num desconhecido em liquidação de loja popular, outras palavras tentam criar profundidade para o que foi é e sempre terá o mesmo significado: O sexo, enfeitado pelo tal “fazer amor”.
Nem minha melhor amiga me chama de “amiga”. Não faço amor com meu marido. Faço sexo mesmo, amor a gente sente, sexo a gente curte, devassa, extravasa entre quatro paredes. Sexo com amor? Ah, isso é incomparável, felizes os que podem tê-lo diariamente. Mas, “fazer amor”? Com licença, muito piegas, extremamente brega uma expressão que tenta dizer que a boa e velha sacanagem é a realização de um sentimento.
A gente não faz amor nem com que a gente ama. Sexo é realidade, pele, sacanagem, tesão, fogo, química perfeita, conjunção de lábios, braços, pele, suspiros, gemidos e aquele “que” pessoal que cada um tem na hora do prazer, coisas que não se fala por ai, sexo bom é o indiscreto, o bem feito a dois. Amor é sentimento, é dádiva divina, é um tudo neste mundo em que as relações entre sexos opostos (e entre os iguais também) estão se tornando “nadas” com nomes variados: “Eu fiquei”, “eu sai”, “eu peguei”.
Não precisa enfeites para definir o sexo, nem substantivos e adjetivos alheios à relação para buscar proximidade. Cliente é cliente, freguês é freguês, conhecido é conhecido, e amigo é amigo. Não precisa “querido”, “meu caro”, “amado”, “amigo”, “gatinho” para tentar uma intimidade inexistente. Sem hipocrisia, cada um na sua, com respeito, sem palavrinhas de “puxa-saco”.
Adornos verbais demais deixam qualquer coisa cafona, brega, tira a graça da roupa mais cara, mais bela, mais chique. O que é bonito e sincero não requer outros enfeites. Relações profissionais, superficiais existem e sempre existirão, não há necessidade de inserir palavras para “aproximar”.
Amor entre um casal na cama e fora dela é o ideal, mas, tanto os que se amam quanto os que não se amam, entre quatro paredes fazem o bom e velho sexo. Tentar enfeitar o perfeito gozo carnal com um sentimento que se goza na alma é ridicularizar o que é bom e o que é belo e, portanto, dispensa outras adornos verbais.
Cláudia de Marchi Pagnussat
Marau, 23 de maio de 2008
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