Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

domingo, 24 de abril de 2011

Noite: mais um susto!

Noite: mais um susto!




Embora eu ame dançar e ouvir música, bem como as minhas duas amigas advogadas e parceiras, quando eu saio (de pouco a nada) na night fico bastante assustada, e costumo regressar mais apavorada ainda! Enjoada das mesmas pessoas e estilo mente-oca de boa parte delas, fomos eu e uma amiga querida e auto-respeitável para uma casa noturna bem conceituada noutra cidade.
De repente fomos para um camarote de um amigo dela, tudo bem, com exceção do que a vista geral do lugar me fez ver, inclusive dentro dele. Sei que existem mulheres interesseiras, conheço muitas, mas ver mulher se vender por vodka com suco é o tal do final de carreira. Das miseráveis, claro.
Lógico que para os homens que, graças as “piriguetes” começaram a achar que todas são como elas, é uma economia ótima. Sexo de graças, vodka mais barata do que nas casas de meretrício, e mulheres agindo como meretrizes, bêbadas, se agarrando no nanico gordinho, no esquálido, no fofão, nossa, ou elas têm muito amor para dar, ou não têm o mínimo apreço por si mesmas.
O incrível disso tudo é o anseio que elas têm por amor, atenção, respeito, e, claro, casar com um iludido abonado, etc. Moças! Moramos no interior, algumas mulheres daqui para conseguir casar tem que achar um paulistano, carioca, mineiro, baiano, porque por mais que os homens neguem, existe sim o preconceito.
Não me refiro a machismo, mas a preconceito, porque sou daquelas que tenho nojo de homem galinha que não valoriza o órgão que possui, tais quais as moçoilas que se agarram nos donos de camarote com seus micro vestidos, crentes que são elegantes. É, nessa hora eu penso que o cara tem que ser muito preguiçoso para ir em zona, ora, por que? Vodka é o ingresso, depois é só levar o prêmio.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 24 de abril de 2011.

domingo, 17 de abril de 2011

"Vinte e muitos anos"

“Vinte e muitos anos”.

Como é bom superar os “vinte e poucos anos”, para chegar aos “vinte e muitos “. Muito amor dado, muito recebido, muitos risos, muitas realizações, muitas perdas, muitos desgostos, muitas frustrações, muita felicidade, muitos sorrisos, muito aprendizado, você esta prestes a renascer aos 30 anos, e isso é muito bom! Creio que estar perto dos 30 anos me fez valorizar cada segundo de vida que tive: eu já não me importo com o tanto que sofri, já não me arrependo das minhas batalhas, lutadas com afinco mesmo na iminência da derrota, que também não me importa mais, da mesma forma já não me envaideço com minhas vitórias. O jogo da vida gira muito rápido para termos sentimentos fúteis como orgulho, egoísmo, pais do narcisismo. Hoje eu sou eu, e adoro isso! A beleza, o fogo, o entusiasmo, os sonhos, as metas, as expectativas, são mais aprimoradas do que a dos “vinte e poucos”. Eu era tão escultural com tal idade, tão cabeluda, tão tola, tão cheia de convicções, que a vida me ensinou, era uma mala de ilusões. A vida me ensinou que o tempo aprimora a alma, e que ela reflete nos olhos de quem nos vê e nos espelhos que nos enxergamos. Nos “quase trinta”, você se olha no espelho e vê uma mulher com uma vida a gerir: a sua. Você olha o seu sorriso e ele parece ser mais charmoso, mais “sacana”, você esta muito mais sensual do que na época que tinha tempo para malhar 3 horas por dia. Hoje a sua mente, a sua postura, a sua auto-estima e amor próprio é que estão fortes, quase inabaláveis. Aos quase trinta você já viveu um amor verdadeiro, ou mais que um. Aos quase trinta você já fez de tudo por um amor, você perdeu o temor, você tolerou tudo o que podia de alguém por amá-lo e, nunca deixou de perdoar. Você perdoou e foi feliz, mas, o que você não sabia aos “vinte e poucos “ e descobre aos “vinte e muitos” é que de nada adianta perdoar sem esquecer. Mas Deus não dá amnésia para quem Lhe pede, infelizmente. “Aos vinte e muitos” você vê a vida de outra forma, você tende a parar de achar que as pessoas podem ser objetos, você passa a respeitar mais a si mesmo e aos outros. Você cresceu e só quer grandiosidade, relações banais, sem sentimento, não lhe servem para nada e são substituídas divinamente por uma taça (ou uma garrafa) de um bom vinho e um banho quente. Aos quase trinta, você já superou seus medos e traumas, e quer se apaixonar, amar, ou, apenas, ficar só, então, para que perder tempo? Afinal, você não tem mais “vinte e poucos anos”.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 17 de abril de 2011.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Esquizofrenia contragiosa e psicopatia dos abastados.

Esquizofrenia contagiosa e psicopatia dos abastados.

Eis que o povo brasileiro experimenta uma grande comoção com a tragédia ocorrida em Realengo, ao mesmo tempo em que a mídia sensacionalista parece vibrar, pois, ao fazer extenuantes comparações com casos americanos de tragédias assemelhadas, dentre tudo o que realmente afirma, parece ficar subentendido o seguinte: “nós brasileiros também temos um jovem psicopata terrorista”. Mas, um instante, psicopata, não, ele é brasileiro, pobre, ele é esquizofrênico não tratado! Tudo bem que o menino Wellington, nascido de mãe doente mental, criado por familiar pobre, que tinha 5 filhos para educar, não teve um “berço esplêndido”, mas nada do que sofreu na infância ou na escola justifica seus atos atrozes. Ele carregava consigo uma frieza indecorosa diante da dor, uma falta de empatia extrema perante os sentimentos humanos. Ah, ele era esquizofrênico? Talvez, embora, em minha radical, porém modesta opinião pense que lhe diagnosticaram assim mais pela forma modesta em que vivia, porque ele era bem organizado, não tinha sentimentos de culpa, era astuto, nas cartas que escreveu tentou atribuir a responsabilidade pelos seus atos a outrem, às vítimas, se “vitimizando”, ou seja, características, de sociopatas. Mas, sendo baixa renda, sendo pobre, mais fácil é chamá-lo de esquizofrênico. Os nossos “transtornados concorrentes”, os americanos, de regra, são qualificados como psicopatas. País de primeiro mundo, vocês sabem como é, “elegante” até nos “CIDs”. Esquizofrênico é, na realidade o governo de certos estados americanos que permite que alunos e professores usem armas para evitar eventuais ataques terroristas e trágicos: a partir do momento em que o anseio pela auto defesa toma tais proporções significa que a doença foi introjetada pela coletividade, não sendo mais demérito de um ou outro doente mal intencionado. É o caos tomando conta, meus caros, é a doença gerindo as mentes até dos que se intitulam sãos e “normais”. Longe de mim!

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de abril de 2011.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Eu, o Direito e os advogados pilantras.

Eu, o Direito e os advogados pilantras.

Meu casamento com o Direito esta em crise, em profunda crise, nada ligado à lei, nada ligado as minhas ações, nada ligado aos magistrados, à leniência do Judiciário, nem ao coleguismo dos poucos e bons colegas, mas, isto sim, a desonestidade de alguns, que queima o nome de muitos e causa certa dor no meu sofrido coração. Espanta-me saber que são os poucos e desonestos que fazem fama, que desfilam carros importados por ai, que arrojam seus ternos importados em sofás caríssimos localizados no interior de casas e apartamentos de alto valor. São esses que fazem a maioria virar tema de uma boa série de piadinhas “semi-cômicas”. Desonestidade existe em muitas classes, mas apenas os advogados estão ao lado da lei e devem estar ao lado das pessoas que lhes procuram, de quem, enfim nada, ou muito pouco, sabe acerca do Direito. Podem ser professores, médicos, profissionais liberais, quem bate a porta de um advogado, busca uma informação jurídica que desconhece, busca “socorro” frente a um problema jurídico, às vezes de suma relevância em sua vida. Como diria Francesco Carnelutti, o advogado é aquele que é chamado a socorrer (“Advocatus, vocatus ad”), tal qual o médico, o enfermeiro, mas apelas à ele é dado este nome, não admito, pois, que aquele que é chamado a socorrer o homem frente a injustiça, à levar a boa face da lei para a solução de problemas, logre seus clientes sacando alvarás ou, de qualquer forma, afira lucro indevido em processos as expensas de quem lhe contrata, isso, para mim, é furto qualificado. Amargue, nos períodos de dificuldade, meu caro colega, uma depressão, faça um empréstimo bancário, venda o carro caro, mas nunca, nunca logre quem lhe deu confiança, nunca se aproveite de quem lhe outorga procuração e esperança. E assim eu sigo nesta briga com o Direito que, de um lado me surpreende com a justiça de processos vindouros, e de outro lado me frustra com a calhordice dos colegas que, sequer tem vergonha dos jogos sujos que fazem, e sequer se recordam da bondade e da caridade que deixaram na classe da Faculdade de Direito quando venderam a alma diante de sua ganância e orgulho, diante da vontade de ser mais do que os outros, crentes que ter mais, é ser “mais” e ser “melhor”. Ficou no esquecimento destes doutos colegas, que bom mesmo é ser honesto e ter paz de espírito para poder olhar os clientes sempre nos olhos, sem titubear e sem precisar de uma secretária astuta para “contornar” situações amargas e embaraçosas.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de abril de 2011.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Lamento informar.

Lamento informar.

Quem são essas pessoas que julgam você? Quem são esses senhores cheios de malícia e maldade que usam você como espelho a refletir apenas o que eles são? E, ainda assim, é de você que falam mal? As pessoas julgam umas as outras de acordo com o que elas são e de acordo com o que elas possuem dentro de si, não por menos, a maioria vive a falar mal dos outros, criticando, tripudiando, malbaratando os sentimentos de quem desconhece e nada sabe. Eu me assusto com o ser humano racional, aos poucos me parece que os animais são mais puros, mais valiosos, melhores, seu amor é mais genuíno, não esperam nada em troca, não esperam vantagem no carinho que dão, no olhar terno que devotam ao dono, na lealdade e na cumplicidade que criam com quem lhes cuidam com zelo. Entre os homens parece que há interesses circundando tudo, se “escolhe” um “amigo” por alguns “predicados” encontrados no “eleito”, se “escolhe” amores por algum “interesse”, há de se “ter” algum “lucro”, alguém que “acrescente” algo, e, pelo que vejo, este “acrescentar”, não precisa ter caráter afetivo ou afetuoso, nada no sentido de, carinho, atenção, ombro, abraço, ouvido, mão, confiança, esperança, força, palavras ternas, tem que ser apenas “status” e “boas referência” social. É: não adianta, o mundo acabou, mas esqueceram de lhe avisar meu amigo, lamento por você, lamento por mim. Vamos comer bem, beber o que gostamos e dormir tranqüilos, cedo ou tarde a morte virá nos avisar sobre o que já aconteceu, mas ainda não temos plena convicção, ou seja, a vida neste planeta, plena de amor, respeito e carinho, não existe mais há muito tempo: aceite e reze.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 09 de abril de 2011.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Conto de amor trágico

Conto de amor trágico

Era uma vez um casal que se conheceu de uma forma inusitada. Ele, um homem da noite, acostumado com farras, muitas mulheres e bebedeiras, ela, uma moça estudiosa, bela, mas pouco afeta a festas e ao conhecimento do sexo oposto, uma moça que não era nada do que sua aparência voluptuosa podia aparentar que ela fosse, assim como ele, não era nada do que seu jeito interiorano poderia significar que ele fosse. Em dois dias eles se apaixonaram. Logo veio o sexo e eles se apaixonaram mais ainda, mas eles já estavam namorando, a confiança era, aparentemente, grande. Ela pensava que era, ela era tola demais. Mas eles moravam longe. Surgiram ciúmes, ela chamava a atenção por onde andava, ele bebia demais, tinha transtornos de humor e, para consertar a relação doente, os dois imaturos e apaixonados foram morar juntos. Ela estava encantada porque, em meio a solidão que sentia pelo abandono do pai que se separou de sua mãe e pouca atenção lhe dava, em meio as grandes cobranças maternas, o seu namorado que nada lhe cobrava- até então- apesar de viver de excessos, lhe fazia sentir-se livre de cobranças e respeitada: não lhe exigia que fosse sobre-humana, porque ele sabia que era fraco, só ela que não via o quanto. A moça, jovem, apaixonada, com míseros 24 aninhos, foi morar com o homem de 40 anos logo após uma briga, onde ele pensava que ela havia conhecido outro. Ele sentia ódio e amor, graças a sua imaginação, claro. Ele só não queria perde-la, isso nunca, jamais. Então, em menos de 11 meses de namoro, o casal iniciou uma união estável. Ele dizia que amava, ele tentava dar o seu melhor. Num dia eram flores, noutro cacos de vidro, noutro pedras, noutro facas. Ele mudava de humor demais, ele queria se vingar dela porque ela fez ele amá-la, ela, sem querer, fez ele se sentir vulnerável, e ele nunca gostou de perder, ou de sentir medo de perder alguma coisa, e, por ter tal medo, ele colocou o casamento não legalizado rio abaixo. Em oito meses, a jovem irada, mas, ainda, apaixonada, desistiu. A moça trabalhava, era sócia num escritório, sozinha, sem irmãos, sem ninguém para ajudá-la, moralmente ofendida, agredida intimamente, deixou tal homem que fez com ela tudo o que não podia: desistir de amá-lo. Mas ela nunca aceitou desistir de alguma coisa, a moça também não gostava de perder, todavia ela sempre soube que o tinha, ela sabia, mas ela o deixou e foi viver. Noites chorando, dias empurrados, alma rasgada. Mas, naquele momento ela o via como um sujeito que lhe maltratava e lhe fazia acreditar que ela é quem estava errada, não ele. O homem era para ela, naquele momento, uma máquina de enlouquecer pessoas. Mal sabia ela que, não era, apenas, “naquele momento”. Ela estava se tratando, tomando remédios para ansiedade, insônia e para síndrome do pânico, porque ele passou com uma camionete em frente ao seu prédio acelerando durante certa noite e chamou seu nome, a moça já extenuada, passou a ter medo de dormir, então, não comia, não relaxava mais. O psiquiatra disse que seu companheiro era um psicopata, mas mesmo sabendo disso, algo dentro dela não saia, ela ainda acreditava que ele não podia tê-la enganado tanto! Ela que era tão inteligente, que tinha lido tantos livros! Num belo dia, inesperadamente, ela conheceu um príncipe, um lord apaixonante. Quando ela menos esperava surgiu em sua vida uma pessoa extraordinária e encantadora. Todavia, no outro dia, ela ia veranear. Para sua surpresa, o príncipe foi atrás dela e a encontrou na cidade em que estava, lhe ligou, e alugou um lindo apartamento no prédio em que a mocinha estava com a família. Paixão. Ela se apaixonou, ele também. Mas, dias e dias após, voltarem do melhor verão que até então aquela jovem havia passado, aquele rapaz que lhe judiou voltou a importuná-la, e ela enlouqueceu, ela não sabia o que fazer, novamente, ela se perdeu. O moço queria casar, e a moça, tola, muito tola, ainda sonhava em usar uma aliança, e brava, muito brava com seu novo amor que lhe fazia ciúmes e lhe deixava insegura, inopinadamente, aceitou. Ela, numa decisão da qual, não desconfiava, ia amargar arrependimento todos os dias de sua vida, aceitou e desistiu de sua nova paixão para não se arriscar, e casou. Os primeiros dois meses de seu casamento foram ótimos e ela acreditou que seu amado havia mudado, mas no terceiro mês, ela já foi surpreendida com agressões verbais, reclamações ininterruptas, perguntas ofensivas, afinal o seu marido sabia que lhe tirou dos braços de outro, mas descumpriu a promessa de não tocar no assunto, lhe desrespeitando, como sempre. Até que ela se acidentou, mas não morreu, e lastimou tal fato por muito tempo. Ela pensava, “Deus, eu que fiz tanta gente sofrer, que estou sofrendo tanto, porque o Senhor não me levou, será que terei que sofrer mais?”. Ela espera a resposta, nunca obteve. A família do príncipe também sofreu, todos gostaram muito da jovem, e sua mãe faleceu logo em seguida ao rompimento, o rapaz, portanto, sofreu muito, sua mãe fazia lasanhas deliciosas que a jovem adorava, e, antes de partir, a senhora havia feito várias para ambos comerem juntos. Mas a moça covarde se evadiu, e disso se arrependeu todos os dias de sua vida um tanto desgraçada por sua má escolha. Após tal o acidente ela passou a conviver todos os dias com seu amado, assim como sua mãe, que se mudou de cidade para protegê-la do genro e de suas ofensas, afinal, inúmeras foram as ligações telefônicas da filha aos prantos pedindo ajuda para ela. De nada adiantou, pobre mão, pobre mulher, sofreu pela filha. Filha insana, filha que amargou tanto arrependimento, que, em cada grito que ouvia do marido, era como um tapa que ouvia por ter abandonado quem realmente gostava dela e lhe respeitava. Ela agüentava porque achava que estava purgando a culpa por ter abandonado o príncipe. Coração, maldito coração. Covardia, maldita covardia. A moça emagreceu 10 kg de tanto sofrer insultos, de tanto ser pressionada a ser boa na gestão dos negócios do marido. Ele nem reparou na perda de peso da miserável, que, oito meses após o casamento civil saiu de casa, perdida, vagando, sem saber de nada do que estava ocorrendo ao seu redor, todavia, ela saiu munida pela ira, pela raiva e dor da frustração. Ao completar doze meses da data do infeliz casamento, ela, cuja família levou para outro Estado, tamanha a situação de fraqueza emocional que estava, assinou em apartado do marido, a separação judicial porque ela se dispôs a assumir uma divida dele. Cinco meses após, ela estava noutro estado, sozinha, sem ter conhecido ninguém, sem ter ficado com ninguém, e reencontra o homem novamente e suas promessas, seu pedido de ajuda, porque estava usando drogas, porque só pararia com sua ajuda, do contrário se arruinaria, se mataria. Internet, um bem ou um mal no destino? Não se sabe, foi graças a ela que este casal se conheceu, e se reencontrou neste caso. A moça que outrora queria ter filhos sentiu-se como mãe do seu eterno amor, e, acredite, ela cedeu! De novo! Abaixo de chuva, deixou sua mãe, seus animais de estimação, sua linda casa, sua paz, e foi ao encontro dele. Levou duas malas, e lá ficou 5 meses lhe ajudando, recuperando crédito, lhe defendendo com seu trabalho, com seu amor, com sua garra, com sua força, com sua total ausência de medo, e sendo, desta vez, bem cuidada, bem amada, mas, de repente ela percebeu que algo não podia estar bem. Não estava, jamais poderia estar. Foi muito tempo, muito amor desperdiçado, muito tempo que poderia te sido bem utilizado para o bem viver, foram muitas palavras ofensivas, e ela não conseguia apagar da sua memória, por mais que perdoasse, ainda que amasse. Ele queria ter filhos, ele tinha planos, ele tomava muitos calmantes, muitos remédios, passava noites em claro, ela queria estudar, para ela, ele parecia drogado ou insano. E de repente, ela viu que ele não serviria para pai de seus filhos, de repente, ela viu que ele era aquele que lhe feriu desde o início, que lhe levou tantos sonhos, que lhe fez chorar até adormecer tantas noites, que lhe fez se arrepender de estar viva, de estar respirando, era ele, por mais que usasse outra fantasia, era o mesmo homem, e ela jamais poderia esquecer, Ele foi aquele que gritou com ela, ele foi aquele que humilhou sua mãe, que lhe escarneceu em público, que um dia lhe empurrou ao chão, lhe agredindo fisicamente, que lhe culpou por coisas tolas, que lhe desrespeitou, ele foi aquele que, quando ela mais lhe amava e queria ter filhos, fazia de conta que não ligava para ela e sua presença de companheira e esposa “não oficial”. E assim, numa bela tarde de dezembro, calma e serena, sem derramar uma lágrima ela disse: “agora, infelizmente, quem não quer mais sou eu, a vida, meu caro, é engraçada, mas agora, o meu amor morreu, e eu vou, para não voltar mais. O nosso tempo já passou, e quando era a nossa hora tudo era mais importante do que eu, o futebol, a televisão, a cerveja, os amigos, as jantas, o trabalho, as más influências, menos eu”. Desta vez ela não saiu com raiva, nem com dor, ela saiu sentindo carinho, piedade, respeito, não ódio, ela deu o seu melhor, mas algumas lembranças são insuperáveis, são mais fortes do que qualquer sentimento, e ela se entregou a esta realidade e, serena, foi viver sem o seu companheiro de quatro anos de vida, de loucuras e de paixão ardente. Ele que, enquanto estava ao lado da jovem nos últimos tempos, lhe mimava e cuidava, voltou para a esbórnia, para a vida desregrada ao extremo, para a promiscuidade, sem, nunca, porém, esquecer as palavras que ela lhe disse: “não lhe amo, não lhe admiro mais, passou nosso tempo”. Ele nunca se lembrou, claro, de tudo o que ela ouviu dele desde que o conheceu, durante os meses de casamento não oficial, durante os meses de casamento legal, ele não se lembra do que fala, do que faz para ferir, ele faz questão, porém de não esquecer do que ouve, para ser sempre a vítima dos atos alheios, mesmo que os outros tenham feito de tudo por ele, e, graças a sua ingratidão infeliz, ele, que podia, nunca conseguiu prosperar realmente. O que é triste, muito triste. Precisar de culpados para tudo é doentio, é frustrante. Sabe-se pouco dessa moça, alguns dizem que ela se perdeu por ai, que esta trabalhando, outros dizem que esta trancada num quarto e não quer ver o sol, alguns dizem que ela saia bastante, mas de repente sumiu, uns dizem que ela enlouqueceu porque não conseguiu se perdoar por ter deixado aquele rapaz que Deus colocou em seu caminho e ter decepcionado sua família, outros dizem que ela enlouqueceu, simplesmente porque sente raiva de si mesma por ter abdicado tanto de sua vida por amar uma pessoa narcisista, por ter magoado sua mãe e todos que a amavam de verdade, dizem que ela enlouqueceu de arrependimento por ter confiado tantas vezes em quem já havia lhe ferido, outros dizem que ela esta bem, que ela se casou com outro e se mudou de cidade e de Estado. Alguns dizem que ele usa drogas, que sempre usou, outros dizem que ele é apenas alcoólatra e ambicioso, alguns dizem que ele ainda a ama, outros, que nunca a amou, que sempre quis exibi-la como troféu e usar de sua bondade e boa vontade para ajudá-lo, outros dizem que ela foi seu único amor e que ele nunca se sentiu bom o suficiente para ela, quando tentou sê-lo, ela desistiu, de tanto mal que ele já havia lhe feito, então, ele que enlouqueceu. Eu não sei de nada, apenas acho que quem sabe da história são os personagens e, ainda assim, cada um tem sua versão da verdade. Uma certeza, apenas, eu tenho: essa miserável tinha tudo, realmente, para enlouquecer, se ela não surtou é porque a mulher é forte, muito forte. Cláudia de Marchi Passo Fundo, 07 de abril de 2011.

Maturidade

Maturidade

A cada aniversário que se aproxima, a cada ano que passa chego a convicção de que, o que sempre me faltou, foi o que eu achava que tinha e, por achar que possuía, fui displicente e me enredei na teia de minha própria ignorância arrogante, maturidade: dela eu carecia, nela eu confiava. Os filhos únicos, e todos que desde crianças são exigidos em demasia pelos pais, são cobrados demais e educados em meio a maioria de indivíduos adultos, tendem a crer que amadurecem mais cedo, talvez eles se tornem mais “sérios”, mas maturidade, real e verdadeira, não são todos que possuem, a maioria se ilude que tem. É com o sofrimento, é no dia a dia, é nas pequenas e nas grandes decepções emocionais, com amigos, conhecidos, amores, em relações profundas ou apenas superficiais que angariamos fundos para os cofres de nossa maturidade, esta sim, verdadeira e real, porque experimentada, vivida, e não ilusória, nem fruto de mente que parece crer que ela se transmite por “osmose”. Ademais, maturidade se relaciona com sabedoria, e o homem nunca é sábio demais, aquele que crê ter atingido alto grau de sabedoria, é porque precisa rever todos seus conceitos e recomeçar a aprender, porque seu aprendizado de nada serviu. Ninguém, nunca, sabe o suficiente sobre assunto algum, logo, nenhum homem será suficientemente maduro para se convencer de tal fato.

Cáudia de Marchi

Passo Fundo, 07 de abril de 2011.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Morto vivo

Morto vivo

Às vezes, por motivos variados a gente pode se sentir morto em vida. A gente caminha, mas não sente os pés, as pernas, e nem os braços a balançar, a gente não sente nada, nem mesmo o coração a bater. A gente olha, mas não vê, a gente enxerga as coisas, mas não capta a beleza, o encanto, a gente come, mas não sente o gosto, a gente bebe, e o sabor do melhor manjar, desce amargo. Este é o estado do que sofre, do que esta vivenciando um inferno interior. “Reaja, você tem que reagir”, todos dizem isso para o infeliz que esta em sofrimento. “Olhe para os lados, saia de casa, abra as janelas!” -, ele sabe disso, ele sabe. Mas ele se sente fraco, ele sente dor, ele sente arrependimento, ele se sente indigno de viver, indigno, simplesmente indigno de ter tido tantas oportunidades de recomeço e ter rechaçado todas, ter voltado sempre para os mesmos braços, para a mesma guerra, para fazer mais feridas, para se machucar ainda mais. E hoje, ele sofre de arrependimento, de raiva de si mesmo, hoje ele queria poder voltar atrás e fazer tudo correta e racionalmente, hoje ele queria ter a mesma coragem que teve para voltar para os campos de batalhas onde se feriu mais de uma vez e, finalmente se perdoar, finalmente superar o arrependimento que lhe corta o ar a cada suspirar.

Cáudia de Marchi

Passo Fundo, 06 de abril de 2011.

domingo, 3 de abril de 2011

Amor, ofensas, perdão e boa memória.

Amor, ofensas, perdão e boa memória.

Se um dia você sentir seu coração bater mais forte por alguém, se um dia, quando você for deixar essa pessoa em casa e, após beijá-la, uma dor invadir seu peito, como se fosse uma espécie de saudade ou medo de perdê-la, se um dia, você imaginar este alguém de braços dados com outro e sentir o estômago enjoar, pense bem, é o amor apontando em sua alma. E quando isso tudo ocorrer, fique atento, cuide de suas atitudes, evite qualquer ato para a qual precise pedir “desculpas” ou “perdão”, depois. Não conte nunca com o falso paradigma de que “o amor perdoa tudo”, porque existe outra forma forte e valiosa de amor, uma forma que só os sábios conhecem: o amor próprio. Evite ser rude com quem você ama, nunca humilhe quem ama você, não pise em quem tenta de tudo fazer para ajudá-lo, não malbarate os sentimentos de que quem se desdobra para lhe auxiliar, lhe fazer feliz, lhe facilitar a vida, lhe dar afeto, carinho e amor. Nunca, nunca, meu caro, machuque o coração de quem lhe ama, você não sabe até que ponto ele pode perdoar, e nem até que ponto ele pode esquecer sem voltar a recordar-se. Sim, porque perdão e esquecimento andam lado a lado, não basta para um coração perdoar, é preciso que o cérebro tenha pouca memória, do contrário, as lembranças virão à tona, cedo ou tarde, e farão aquele que perdoou reviver a dor, se maltratar, e enlouquecer por dentro, de forma que, nem sempre por total “falta de amor”, mas por amor próprio, ele cansará, e irá desistir. Não é simples, mas é humano, muito humano e, portanto, complexo.

Cáudia de Marchi

Passo Fundo, 04 de abril de 2011.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Estranheza de separada.

Estranheza de separada Não se trata de amor, não se trata de ódio, não se trata de paixão. Não se trata de nada óbvio, de nada que você possa denominar sem sentir, é tudo muito pessoal e introspectivo para ser definido. Não é, sequer, um misto dos sentimentos acima. É um bolo cuja base é a frustração, cujos componentes fundamentais são os sonhos abruptamente extintos, são os planos cortados, e, o ingrediente especial não é sentimento, é a agridoce rotina. Rotina que se extingue. Demora a passar a estranheza. Custa a gente se acostumar a ser solteiro, na verdade eu acho que algumas pessoas não nasceram para esta vida. E eu sou uma delas. Tem gente que gosta da companhia do sexo oposto de uma forma bem avantajada, não sei porque, mas tem. Talvez por hábito, costume. Depois que me separei não sei o que é acordar antes do meio dia num sábado. Se possível acho um barbitúrico para fomentar emendar com a tarde, quanto menos tempo acordada, melhor. Assistir filme, com quem? Ir comer em churrascaria, quem vai me servir com zelo? Namorar ouvindo música, de que jeito? Banheira, com quem? Deitar e rolar, beber, passear, com quem? E, principalmente, beijar e confiar, em quem? Sem chance, não rola, melhor dormir. À noite tudo é mais fácil, a gente vai para um boteco, conversa e da risada comportadamente. Claro, que o álcool e o resto do efeito dos barbitúricos podem resultar em um efeito amnésico perigoso, mas aliviam a estranheza. À noite a gente que devia estranhar ainda mais, acha dois “elixires”: se apega ao copo e a música. É. Sempre foi assim. Tem sido assim. E não é por amor, nem por paixão, não é por gostar, nenhum pouco por isso, é apenas uma fase do luto, da vivência do término e do “susto” que todos têm diante de uma nova etapa na vida. Mas vai passar, independente de um novo amor, vai passar. Há de passar. Cáudia de Marchi Passo Fundo, 02 de abril de 2011.