Morto vivo
Às vezes, por motivos variados a gente pode se sentir morto em vida. A gente caminha, mas não sente os pés, as pernas, e nem os braços a balançar, a gente não sente nada, nem mesmo o coração a bater. A gente olha, mas não vê, a gente enxerga as coisas, mas não capta a beleza, o encanto, a gente come, mas não sente o gosto, a gente bebe, e o sabor do melhor manjar, desce amargo. Este é o estado do que sofre, do que esta vivenciando um inferno interior. “Reaja, você tem que reagir”, todos dizem isso para o infeliz que esta em sofrimento. “Olhe para os lados, saia de casa, abra as janelas!” -, ele sabe disso, ele sabe. Mas ele se sente fraco, ele sente dor, ele sente arrependimento, ele se sente indigno de viver, indigno, simplesmente indigno de ter tido tantas oportunidades de recomeço e ter rechaçado todas, ter voltado sempre para os mesmos braços, para a mesma guerra, para fazer mais feridas, para se machucar ainda mais. E hoje, ele sofre de arrependimento, de raiva de si mesmo, hoje ele queria poder voltar atrás e fazer tudo correta e racionalmente, hoje ele queria ter a mesma coragem que teve para voltar para os campos de batalhas onde se feriu mais de uma vez e, finalmente se perdoar, finalmente superar o arrependimento que lhe corta o ar a cada suspirar.
Cáudia de Marchi
Passo Fundo, 06 de abril de 2011.
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