Eu, o Direito e os advogados pilantras.
Meu casamento com o Direito esta em crise, em profunda crise, nada ligado à lei, nada ligado as minhas ações, nada ligado aos magistrados, à leniência do Judiciário, nem ao coleguismo dos poucos e bons colegas, mas, isto sim, a desonestidade de alguns, que queima o nome de muitos e causa certa dor no meu sofrido coração. Espanta-me saber que são os poucos e desonestos que fazem fama, que desfilam carros importados por ai, que arrojam seus ternos importados em sofás caríssimos localizados no interior de casas e apartamentos de alto valor. São esses que fazem a maioria virar tema de uma boa série de piadinhas “semi-cômicas”. Desonestidade existe em muitas classes, mas apenas os advogados estão ao lado da lei e devem estar ao lado das pessoas que lhes procuram, de quem, enfim nada, ou muito pouco, sabe acerca do Direito. Podem ser professores, médicos, profissionais liberais, quem bate a porta de um advogado, busca uma informação jurídica que desconhece, busca “socorro” frente a um problema jurídico, às vezes de suma relevância em sua vida. Como diria Francesco Carnelutti, o advogado é aquele que é chamado a socorrer (“Advocatus, vocatus ad”), tal qual o médico, o enfermeiro, mas apelas à ele é dado este nome, não admito, pois, que aquele que é chamado a socorrer o homem frente a injustiça, à levar a boa face da lei para a solução de problemas, logre seus clientes sacando alvarás ou, de qualquer forma, afira lucro indevido em processos as expensas de quem lhe contrata, isso, para mim, é furto qualificado. Amargue, nos períodos de dificuldade, meu caro colega, uma depressão, faça um empréstimo bancário, venda o carro caro, mas nunca, nunca logre quem lhe deu confiança, nunca se aproveite de quem lhe outorga procuração e esperança. E assim eu sigo nesta briga com o Direito que, de um lado me surpreende com a justiça de processos vindouros, e de outro lado me frustra com a calhordice dos colegas que, sequer tem vergonha dos jogos sujos que fazem, e sequer se recordam da bondade e da caridade que deixaram na classe da Faculdade de Direito quando venderam a alma diante de sua ganância e orgulho, diante da vontade de ser mais do que os outros, crentes que ter mais, é ser “mais” e ser “melhor”. Ficou no esquecimento destes doutos colegas, que bom mesmo é ser honesto e ter paz de espírito para poder olhar os clientes sempre nos olhos, sem titubear e sem precisar de uma secretária astuta para “contornar” situações amargas e embaraçosas.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 11 de abril de 2011.
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