Amor, ofensas, perdão e boa memória.
Se um dia você sentir seu coração bater mais forte por alguém, se um dia, quando você for deixar essa pessoa em casa e, após beijá-la, uma dor invadir seu peito, como se fosse uma espécie de saudade ou medo de perdê-la, se um dia, você imaginar este alguém de braços dados com outro e sentir o estômago enjoar, pense bem, é o amor apontando em sua alma. E quando isso tudo ocorrer, fique atento, cuide de suas atitudes, evite qualquer ato para a qual precise pedir “desculpas” ou “perdão”, depois. Não conte nunca com o falso paradigma de que “o amor perdoa tudo”, porque existe outra forma forte e valiosa de amor, uma forma que só os sábios conhecem: o amor próprio. Evite ser rude com quem você ama, nunca humilhe quem ama você, não pise em quem tenta de tudo fazer para ajudá-lo, não malbarate os sentimentos de que quem se desdobra para lhe auxiliar, lhe fazer feliz, lhe facilitar a vida, lhe dar afeto, carinho e amor. Nunca, nunca, meu caro, machuque o coração de quem lhe ama, você não sabe até que ponto ele pode perdoar, e nem até que ponto ele pode esquecer sem voltar a recordar-se. Sim, porque perdão e esquecimento andam lado a lado, não basta para um coração perdoar, é preciso que o cérebro tenha pouca memória, do contrário, as lembranças virão à tona, cedo ou tarde, e farão aquele que perdoou reviver a dor, se maltratar, e enlouquecer por dentro, de forma que, nem sempre por total “falta de amor”, mas por amor próprio, ele cansará, e irá desistir. Não é simples, mas é humano, muito humano e, portanto, complexo.
Cáudia de Marchi
Passo Fundo, 04 de abril de 2011.
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