Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

o lado estranho do amor.

O lado estranho do amor.

Sim, até mesmo o mais belo sentimento possui um aspecto estranho para quem ama, em função, claro da antiga e bem conhecida imperfeição humana.

Quando você ama, ama alguém diferente de você, afinal, por maiores que sejam as semelhanças, igualdade entre os amantes nunca irá existir. As diferenças implicam em virtudes e defeitos diversos, e é ai que surge o lado curioso do ato de amar.

Um dia algum defeito de seu amado vai lhe irritar, estando você na TPM, com problemas profissionais ou financeiros você terá aquela vontade incrível de mandá-lo passear, para dizer pouco, é claro. Mas o que lhe faltará? Coragem, claro, em função do amor que sente.

Você sabe que por mais que um defeito ou outro lhe irrite, num geral de pele e alma ele lhe apetece, lhe agrada, lhe acolhe e satisfaz. Por mais que às vezes você queira fugir, por mais que às vezes você queira ficar só não vai conseguir ter forças para voltar à tranqüila vida de quem não ama.

Ninguém sai imune a um grande amor, se você tentar desviar dele vai pagar um preço muito mais caro do que o de ser paciente, relevar e seguir adiante. A ira que pode ter com os atos que julga errados naquele que ama jamais será maior do que a raiva que sente de si mesmo quem desperdiçou um grande amor.

Eis que o lado estranho do amor é que por ele você releva defeitos, por ele você se irrita com os defeitos de quem ama. Quem não tem apego não se irrita por diferença alguma, quem ama sim. E é por isso que o amor é forte, ele supera as diferenças e torna paciente e calmo o sujeito mais iracundo do mundo.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 27 de outubro de 2010.

Os falsos

Os falsos.

Eu não detesto, nem odeio, nem desprezo gente falsa. Eu simplesmente não suporto, tenho uma ojeriza crônica. Gente falsa, para mim é pior que cobra, que bala de revólver, pior do que qualquer arma capaz de ferir ou matar alguém. O falso aniquila relações, relacionamentos e afetos.

A falsidade destrói relações, fere corações, cria desconfianças insuperáveis e é uma forma pseudo astuta de maldade. Pseudo, afinal nenhuma maldade consegue passar ilesa diante do decurso do bom e velho tempo.

O falso, apenas acha que vai conseguir prejudicar alguém e sair ileso, se passar de amigo, de boa gente, e convencer à todos disso, todavia o tempo passa e a verdade sobre o caráter de qualquer um vem à tona, e é ai que o falso se estrepa. A falsidade é irmã gêmea da maldade.

Pode o falso prejudicar muitas pessoas em sua carreira de falso amigo, falso bondoso, falso individuo, falso bom colega, um dia quem leva a penca de ridículo e incompetente é ele. Sim, porque apenas uma pessoa sem talento algum para nada tenta mostrar virtudes que não possui enquanto comete atos atrozes fantasiado de “ser humano bom”.

Prefira as pessoas cuja franqueza magoa, prefira as pessoas que nada fazem para agradar, que sendo elas mesmas conseguem ser solitárias por não serem muito agradáveis. Desconfie daqueles que tentam agradar à todos, que tentam ser bons em tudo e que sorriem quando querem fechar a cara. Prefira um sincero que erra, a um falso que faz de conta que acerta sempre e tenta lhe convencer disso.

Cláudia de Marchi

Wonderlad, 27 de outubro de 2010.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Tylenol

Tylenol

Eu sou uma pessoa alegre, pra ser sincera sou a pessoa mais bem humorada que conheci na vida (e olha que conheço várias!) , acordo e durmo sorrindo e quase nada me deixa azeda, mas algumas coisas me irritam muito, todavia detesto ficar brava e quieta.

Detesto ter que falar o que não penso, detesto ter que me controlar quando me sinto plenamente descontrolada, detesto ouvir mentiras e fingir que acredito nelas por piedade ou educação, detesto controlar o lobo dentro de mim quando ele quer avançar em alguém que o provoca. Quando o contenho é a minha alma que ele mastiga.

Detesto ter que manter a linha quando meus nervos estão plenamente desalinhados. O que me tira do eixo? Ingratidão, mentiras, orgulho e gente chata. Gente que fala o que e quando não deve, gente que não percebe que esta incomodando o interlocutor, gente que erra, não assume e fala mal de quem nada deve.

Na verdade eu tenho um poço profundo de paciência, pois não é apenas um fato que me irrita, mas o acumulo deles, a reincidência aniquila com minha calma interior e ficar quieta quando não quero me destrói. Preciso aprender a lidar com isso, embora ache que pedalar rápido resolve, mas daí logo minha discopatia degenerativa grita e a dor me exaure. É, na verdade aturar o que não quero faz mal para mim, o problema é que a vida não e nunca vai ser como eu desejo, então bendito seja o Tylenol!

Cláudia de Marchi

Wonderland, 20 de outubro de 2010.

Aqueles que adoecem os outros.

Aqueles que adoecem os outros.

As pessoas adoecem a gente. Nada pode ser tão exaustivo do que ter que agüentar uma pessoa tosca alegando suas pseudo-verdades como se estivesse orando em prol de você: Falam com uma convicção que causa indigestão até nos surdos que conseguem fazer leitura labial.

Será que é difícil aprender a ficar quieto quando não se tem nada de razoável para dizer? Será que é difícil manter a boca calada e não confirmar para o mundo as idiotices que deveriam guardar no silêncio de suas mentes?

Existem indivíduos que não percebem que você quer ficar quieto no seu canto. Quieto e em silêncio, saliente-se. Existem pessoas que não “se tocam”, que não sabem o conceito da palavra “chato” e menos ainda “sou chato”, estão longe de saber o que significa ser inconveniente, enquanto isso os outros sofrem com sua inconveniência constante.

Bom seria ter um gravador para dar para os chatos de plantão ouvir as asneiras que falam para que (quem sabe) tenham eles que tomar digestivos e analgésicos pela tensão reprimida que causam aos que não lhes mandam “àquele lugar” por prezar pela boa educação.

Bendita seja a paciência em prol dos chatos! Ela salva mais vidas do que Deus, porque se não fosse ela a densidade demográfica teria diminuído e o índice de homicídios aumentado neste mundo cheio de pessoas tolas e inconvenientes que não “se flagram”.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 20 de outubro de 2010.

A comicidade do orgulho

A comicidade do orgulho.

Poucas atitudes são tão irremediavelmente feias como as que as pessoas orgulhosas tomam quando erram. Não admitem que erram, o que é lamentável porque quem não assume que erra não aprende, e claro, não evolui na vida.

Outro dia uma pessoa que conheço bateu o carro de outra na traseira de um infeliz enquanto ele passava calmamente por um quebra molas. O individuo que causou o acidente afirmou que o culpado era o infeliz que estava no carro que ele bateu porque estava “praticamente parado”.

Não preciso esclarecer que a pessoa culpada, atrapalhada e distraída é a que bate na traseira, independente do que esta ocorrendo no carro da frente, independente deste estar parado, andando devagar, de ré ou como seu motorista quiser. Pois bem, a “cabeça dura” do rapaz que não assume sua culpa demonstra uma dose avantajada de orgulho.

O orgulho de todos os defeitos é o mais tragicômico: Gera prejuízos enormes para quem tem, ao mesmo tempo em que boa parte de seus atos, de tão ridículos, beiram a comicidade. Afinal de contas é preciso rir para não chorar, e também é preferível rir de piedade a esbravejar.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 20 de outubro de 2010.