Poço de mistérios
Quando eu passei a desejar o bem a quem não me queria bem, quando eu passei a compreender que eu podia amar a distancia e aceitar o meu passado sem me arrepender ou sentir raiva do que fiz, senti ou sofri eu me tornei a mulher que sempre quis ser, então eu percebi que valeu a pena ter vivido tudo o que vivi.
Quando eu passei a não cobrar perfeição de quem me cerca, tampouco de mim mesma eu comecei a ser feliz, comecei a me entender, embora com certa dificuldade, afinal eu tenho dificuldades para lidar com o imperfeito, isso é da minha natureza.
Eu fujo de imperfeiçoes e por isso deixei para trás o que mais me fazia feliz. É difícil lidar com o imperfeito. Ou melhor, é demasiado difícil para a minha humilde pessoa lidar com o imperfeito.
Filha única, fui feita para lidar com o perfeito, fui feita para ser perfeita, mas não sou, todavia, por isso, passei a ser rígida demais com quem me cerca, inclusive com quem mais amei no mundo.
Certo dia, passei a analisar o que fiz com quem amei e conclui que eu tentei emoldurar as pessoas ao que eu queria que elas fossem até que eu as transformei num misto do que elas não eram com o que, também não era o que eu queria que elas fossem.
Eu criei anomalias e fiz pessoas maravilhosas deixarem de ser elas mesmas e, consequentemente, deixarem de ser quem eram quando eu me apaixonei por elas. Se elas mudaram para melhor? Sim, talvez, mas perderam-se um pouco de si mesmas em prol de alguém que exigiu demais delas. Reconheço meus erros. Aliás, eu errei muito mais do que posso admitir em qualquer crônica, mas também fui vitima de abusos que não confesso em nenhum escrito. Não conto publicamente inúmeras coisas que me ocorreram. Sou um poço de mistérios que a poucos cabe desvelar.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 08 de novembro de 2013.
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