Do
Mirosmar ao funk.
Eu comecei a admirar ao Zezé quando uma tia
minha fez especialização em crianças especiais onde, obviamente, estudaram
pessoas com maior capacidade intelectual.
O
Mirosmar aprendeu a tocar vários instrumentos sem aulas, canta em italiano,
espanhol e inglês, compõe e tem uma voz de tenor, daí o motivo de ter gravado
Caruso e Bella Senz’anima, canções italianas (adoro musica italiana), todavia,
veio prejudicando suas cordas vocais, o que muitos criticam e debocham. Ele não
tem mais a voz que teve, mas eu tenho empatia. Vejo-o cantar com o coração no
palco, vejo o tal do “dar de si” e fazer o que se ama, logo, ignoro eventuais
derrapadas de agudos e tal.
Após
o show, aqui na minha nova cidade, costuma tocar funk. Eu sei dançar, até
porque qualquer pessoa sabe rebolar (acho, ao menos). Todavia, fico boquiaberta
entre uma risada solitária e outra observando o poder que aquelas músicas têm
(músicas?) de fazer uma festa comum virar um prostíbulo.
Tá
lá a mulherada competindo pra ver qual rebola mais e melhor, cantando letras
machistas que lhes "objetifica" e fazendo a alegria (gratuitamente)
de eventual macho tarado de plantão, afinal, os vestidos que já são comumente
curtos, ficam prestes a bater na parede do útero entre tantas decidas ao chão.
Ontem
estava eu lá com uma turma, dançando da forma mais elegante possível quando, de
repente, pensei: "Caraca, to fazendo o que aqui?". E, assim, chamei o
Ubber, mas meu melhor amigo desistiu da zona, digo, da festa e saiu em seguida
e trazendo-me sã e salva pra casa. Aqui neste meu pedaço de céu, onde eu ouço
Chico Buarque, música italiana e até sertanejo, mas canções com letras que eu
não me envergonho de conhecer e de cantar.
Faz
parte da nossa maturidade nós definirmos e diferenciarmos os locais nos quais pertencemos
em detrimento daqueles que não pertencemos. E, assim como sou franca com todos,
sou comigo mesma. Não suporto certos ambientes, não gosto de ouvir ou ver
certas coisas. Não que eu seja a elas superior, mas, simplesmente, porque elas não
tem nada a ver comigo e não combinam com quem sou. apenas isso.
Cláudia
de Marchi
Brasília/DF,
21 de abril de 2016.
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