Remédios amargos
Se é verdade que quase todo remédio ou xarope não possuem gosto agradável, é fato que as maiores lições que aprendemos na vida são tiradas de experiências um pouco dolorosas, sejam elas oriundas de fatos ou, enfim, sejam aquelas que são apreendidas quando ouvimos palavras que a priori nos ferem.
A gente costuma crescer muito mais através das experiências duras e da assimilação de argumentos verdadeiros e que nos maculam o orgulho do que através de acontecimentos alegres e palavras doces que, muitas vezes, podem ser falsas. É amargo o remédio para nossa ignorância psíquica.
“A verdade dói”, afirmam alguns. Na realidade a verdade não dói na alma, ela faz o nosso orgulho se contorcer de dor. Todavia, o orgulho é o defeito que mais afasta o ser humano da evolução e do crescimento pessoal, é mais que um indício - é prova de nossa ignorância mental. Logo, bom mesmo é ouvir aquilo que o fere, e depois parar, analisar, assimilar para ver o lado útil daquilo que, inicialmente nos fez sofrer.
(A mentira, por outro lado, fere nossa alma. É por isso que prefiro ouvir verdades a saber que algumas pessoas crêem em fatos mentirosos a meu respeito, ou, enfim, me dizem inverdades.)
Pois bem, o cerne desta crônica é a constatação de que por mais amargas que podem ser algumas palavras se baixarmos a guarda tosca de nosso orgulho, certamente, poderemos erguer uma bandeira mais suave onde se poderá ler: Aqui tem alguém que ouviu o que não quis e fez bom uso disso.
Dificilmente queremos ouvir o que nos desagrada, mas a vida costuma nos desagradar mais do que agradar. Vamos pisar mais em espinhos e pedras, ultrapassar esgotos fétidos do que andar sobre pétalas de rosas cheirosas. E esta é sua graça.
Enfim, a vida e as experiências que ela nos traz são de valores imensuráveis. É justamente por ser mais dura do que fácil que ela tem uma graciosidade imensa, e as coisas mais singelas e simples apresentam grande beleza e encanto, como por exemplo, os sentimentos mais nobres que podemos sentir.
Nada como saber que somos amados, que temos uma família que nos quer bem, pessoas que torcem pela nossa felicidade, que temos quem pense em nós com carinho e estima. Nada como ter a quem amar, com o que sonhar, nada como acordar de manha e saber que mesmo com muitos problemas a nossa espera temos um trabalho, uma ocupação que ainda que nos traga preocupações nos dá a possibilidade de ter um lar para voltar à noite e onde podemos dormir aquecidos e com o estômago farto.
Enfim, nas adversidades conhecemos nossa força, e através delas nos tornamos mais fortes. O dinheiro os ladrões podem levar, a beleza o tempo pode diminuir, mas a sapiência adquirida na vida é patrimônio eterno em nossa alma ainda que seja adquirida e constatada depois de algumas lágrimas.
Concórdia, 23 de maio de 2007.
Cláudia de Marchi
Se é verdade que quase todo remédio ou xarope não possuem gosto agradável, é fato que as maiores lições que aprendemos na vida são tiradas de experiências um pouco dolorosas, sejam elas oriundas de fatos ou, enfim, sejam aquelas que são apreendidas quando ouvimos palavras que a priori nos ferem.
A gente costuma crescer muito mais através das experiências duras e da assimilação de argumentos verdadeiros e que nos maculam o orgulho do que através de acontecimentos alegres e palavras doces que, muitas vezes, podem ser falsas. É amargo o remédio para nossa ignorância psíquica.
“A verdade dói”, afirmam alguns. Na realidade a verdade não dói na alma, ela faz o nosso orgulho se contorcer de dor. Todavia, o orgulho é o defeito que mais afasta o ser humano da evolução e do crescimento pessoal, é mais que um indício - é prova de nossa ignorância mental. Logo, bom mesmo é ouvir aquilo que o fere, e depois parar, analisar, assimilar para ver o lado útil daquilo que, inicialmente nos fez sofrer.
(A mentira, por outro lado, fere nossa alma. É por isso que prefiro ouvir verdades a saber que algumas pessoas crêem em fatos mentirosos a meu respeito, ou, enfim, me dizem inverdades.)
Pois bem, o cerne desta crônica é a constatação de que por mais amargas que podem ser algumas palavras se baixarmos a guarda tosca de nosso orgulho, certamente, poderemos erguer uma bandeira mais suave onde se poderá ler: Aqui tem alguém que ouviu o que não quis e fez bom uso disso.
Dificilmente queremos ouvir o que nos desagrada, mas a vida costuma nos desagradar mais do que agradar. Vamos pisar mais em espinhos e pedras, ultrapassar esgotos fétidos do que andar sobre pétalas de rosas cheirosas. E esta é sua graça.
Enfim, a vida e as experiências que ela nos traz são de valores imensuráveis. É justamente por ser mais dura do que fácil que ela tem uma graciosidade imensa, e as coisas mais singelas e simples apresentam grande beleza e encanto, como por exemplo, os sentimentos mais nobres que podemos sentir.
Nada como saber que somos amados, que temos uma família que nos quer bem, pessoas que torcem pela nossa felicidade, que temos quem pense em nós com carinho e estima. Nada como ter a quem amar, com o que sonhar, nada como acordar de manha e saber que mesmo com muitos problemas a nossa espera temos um trabalho, uma ocupação que ainda que nos traga preocupações nos dá a possibilidade de ter um lar para voltar à noite e onde podemos dormir aquecidos e com o estômago farto.
Enfim, nas adversidades conhecemos nossa força, e através delas nos tornamos mais fortes. O dinheiro os ladrões podem levar, a beleza o tempo pode diminuir, mas a sapiência adquirida na vida é patrimônio eterno em nossa alma ainda que seja adquirida e constatada depois de algumas lágrimas.
Concórdia, 23 de maio de 2007.
Cláudia de Marchi