Reclamações vazias
A gente chora com a barriga cheia porque não sabe o que é te-la vazia. A barriga, os mais atentos sabem, é apenas uma forma de expressão. A gente chora mesmo tendo boa saúde e força, mesmo tendo um amor, uma família que, mesmo imperfeita, nos ama da sua forma, ainda que nem sempre esta maneira nos agrade, mas eles nos amam. A família é o berço de nossa imperfeição e fonte geradora de muitas mágoas, mas é um lugar onde o amor sentido pelos imperfeitos costuma vicejar.
Viver é conviver com o desagrado sem esmorecer, desistir ou se abater. Todavia, deveríamos assumir uma postura mais respeitosa perante a vida e as dores que estamos sujeitos a ter e que outros, muitas vezes, estão enfrentando. Esta postura implica em analisar a realidade dos que sofrem por motivos realmente graves e calar nossa boca acostumada a reclamar em demasia e a agradecer pouco às benesses que a vida nos deu.
Esta semana fiquei sabendo da morte de duas pessoas conhecidas. A de uma bela jovem de 26 anos e a de uma mulher, igualmente lindíssima e inteligente com mais de 50 anos. Ambas, pela mesma causa. Da mesma maneira fiquei agoniada ao saber que uma prima mais do que querida pode ter o mal que levou as duas mulheres conhecidas.
Enfim, em meio a tantas misérias realmente graves, - num mundo onde basta olharmos para o lado para vermos pessoas perdendo quem amam, mães enterrando filhos vítimas da violência, filhos enterrando pais adoecidos que desejariam ver seus netos crescerem, para vermos seres que não tem o básico para bem viver, que dormem ao relento, que mechem em lixos buscando comida- a gente ousa reclamar.
Como temos coragem para reclamar, do alto de nossa boa saúde, embaixo de nossos cobertores quentinhos onde dormimos cientes de que quem amamos dorme no quarto ao lado, ou ao nosso lado? É preciso ter uma infeliz coragem para reclamar da vida quando se tem apenas probleminhas contornáveis, enquanto outros não têm para comer o resto do que guardamos para nossos cães ou deixamos estragar na geladeira.
Se olharmos para os lados com o coração aberto veremos que existem aqueles que não tem carro, aqueles que não tem motocicleta ou uma bicicleta para andar. Existem, também os que não possuem dinheiro para comprar passagem de ônibus. Mas, também há aqueles que não podem andar. Enfim, sempre existirá alguém numa posição mais pesarosa, mas que, às vezes não deixou de perder a fé e o humor nesta vida.
Precisamos aprender a olhar para os lados e a agradecer todos os dias pela saúde que temos, pelas pessoas que Deus colocou em nossa vida, por aqueles que nos estimam e amam. Quem não acredita em “Deus” que mostre sua gratidão através de sorrisos, e de demonstração de afeto perante a vida. Nós estamos bem, muito bem. Sempre existirá quem esteja melhor, mas, uma grande maioria, que esta em situação muito, muito inferior a nossa. Então vamos nos calar, se não tivermos nada de bom para falar.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 15 de maio de 2007.
A gente chora com a barriga cheia porque não sabe o que é te-la vazia. A barriga, os mais atentos sabem, é apenas uma forma de expressão. A gente chora mesmo tendo boa saúde e força, mesmo tendo um amor, uma família que, mesmo imperfeita, nos ama da sua forma, ainda que nem sempre esta maneira nos agrade, mas eles nos amam. A família é o berço de nossa imperfeição e fonte geradora de muitas mágoas, mas é um lugar onde o amor sentido pelos imperfeitos costuma vicejar.
Viver é conviver com o desagrado sem esmorecer, desistir ou se abater. Todavia, deveríamos assumir uma postura mais respeitosa perante a vida e as dores que estamos sujeitos a ter e que outros, muitas vezes, estão enfrentando. Esta postura implica em analisar a realidade dos que sofrem por motivos realmente graves e calar nossa boca acostumada a reclamar em demasia e a agradecer pouco às benesses que a vida nos deu.
Esta semana fiquei sabendo da morte de duas pessoas conhecidas. A de uma bela jovem de 26 anos e a de uma mulher, igualmente lindíssima e inteligente com mais de 50 anos. Ambas, pela mesma causa. Da mesma maneira fiquei agoniada ao saber que uma prima mais do que querida pode ter o mal que levou as duas mulheres conhecidas.
Enfim, em meio a tantas misérias realmente graves, - num mundo onde basta olharmos para o lado para vermos pessoas perdendo quem amam, mães enterrando filhos vítimas da violência, filhos enterrando pais adoecidos que desejariam ver seus netos crescerem, para vermos seres que não tem o básico para bem viver, que dormem ao relento, que mechem em lixos buscando comida- a gente ousa reclamar.
Como temos coragem para reclamar, do alto de nossa boa saúde, embaixo de nossos cobertores quentinhos onde dormimos cientes de que quem amamos dorme no quarto ao lado, ou ao nosso lado? É preciso ter uma infeliz coragem para reclamar da vida quando se tem apenas probleminhas contornáveis, enquanto outros não têm para comer o resto do que guardamos para nossos cães ou deixamos estragar na geladeira.
Se olharmos para os lados com o coração aberto veremos que existem aqueles que não tem carro, aqueles que não tem motocicleta ou uma bicicleta para andar. Existem, também os que não possuem dinheiro para comprar passagem de ônibus. Mas, também há aqueles que não podem andar. Enfim, sempre existirá alguém numa posição mais pesarosa, mas que, às vezes não deixou de perder a fé e o humor nesta vida.
Precisamos aprender a olhar para os lados e a agradecer todos os dias pela saúde que temos, pelas pessoas que Deus colocou em nossa vida, por aqueles que nos estimam e amam. Quem não acredita em “Deus” que mostre sua gratidão através de sorrisos, e de demonstração de afeto perante a vida. Nós estamos bem, muito bem. Sempre existirá quem esteja melhor, mas, uma grande maioria, que esta em situação muito, muito inferior a nossa. Então vamos nos calar, se não tivermos nada de bom para falar.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 15 de maio de 2007.
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