Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Factorings e Igrejas

Factorings e Igrejas

Um amigo me disse que esta surpreso com a quantidade de factorings que abriu na cidade, além de financeiras e "afins". Eu, há tempos venho me surpreendendo com a quantidade de "igrejas", templos e, até mesmo, religiões que surgiram, além, obviamente do maior número de fiéis que as procuram.
Sem dúvida o dinheiro é uma necessidade, principalmente nos dias de hoje em que o supérfluo vem se tornando necessário, e as dívidas, conseqüentemente, se avultam de forma que recorrer a empréstimos de dinheiro é um "elixir" para um mal de causas confusas, contudo, óbvias quando se pára para pensar nelas.
Na realidade me preocupo muito menos com o aumento do número de factorings e financeiras do que com o aumento do número de igrejas, religiões e crentes. O que mais me faz lastimar no mundo, na verdade, não é o excesso de fé em alguém (em alguma religião, por exemplo), mas a falta de fé do homem em si mesmo, a falta de inteligência humana, a capacidade vã de acreditar sem questionar, sem refletir "sobre" o que lhe é dito, sobre a antinomia histórica, no agir e nas pregações dos "superiores religiosos" (e na religião em si).
O que mais me aterroriza não é ver o governo roubando, a caterva no senado (que o povo iludido- como sempre- elege). Mas é constatar que a sociedade acredita demais - Acredita nas falácias dos governantes, dos padres, dos pastores, dos "pais-de-santo", daqueles, pois que apregoam saber, conhecer mais, que pregam, que dizem o "agradável" para conquistar sua confiança, sua subordinação, para manter a tendência social-cultural de cultivo a letal "ausência de confiança do homem em si mesmo". Lastimo ir na missa e ver as pessoas com olhar vazio de crentes que acreditam mais no padre ou no papa do que em si mesmos.
Radical? Pode ser que eu seja. Racional?Sim, e muito, graças a Deus. Fé? Muita, em mim e em Deus. Não preciso de mestres, não preciso confessar pecados, eu os conheço e não os denomino como tais. São falhas, erros "demasiado humanos" (usando parte de título de obra de Nietzsche), que acabam por me ensinar algo válido. Vivo como cristã herege. Não rezo "Creio em Deus Pai", porque nele eu acredito, mas duvido muito da "Santa Igreja Católica" (Santa?).
(Ou de qualquer religião ou pessoa que não mostre ao homem quão forte ele é e que não lhe diz: "Antes de crer em algo, creia em você, antes de amar a alguém ou a algum Deus, ame a ti, antes de desejar respeito, respeite, antes de conhecer algo, conheça a ti mesmo e não deixe que ninguém te mande ou doutrine. Ame a si e a vida que estarás sendo grato à Deus, sem cantorias, sem exaltação, ser feliz é a melhor oração, respeitar quem lhe cerca o maior sinal de amor à divindade.)
Se todo o homem acreditasse em si mesmo, estudasse a história, questionasse, fosse livre, mentalmente liberto de dogmas, de ensinamentos inúteis que serviram para domesticar seu cérebro, certamente seria "perigoso". Pensar é um perigo, questionar é uma afronta, ao governo, ao Poder, a Igreja, aos padres, aos pastores e demais "mestres" assim tomados porque o cidadão não vê que a sua mente deveria ser seu melhor guia, e a busca pelo conhecimento, a leitura e o estudo seu mais rico caminho. (E que venha a fogueira: sou perigosa - herege sim, "graças ao Senhor!").


Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 18 de abril de 2006.

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