Sexo, padres e pecado
Como se não bastasse eu ter assistido uma missa de bodas sexta, sábado à tarde dormia como um anjo em minha agradável caminha para descansar para a formatura de uma prima, quando fui chamada a ir na minha vó paterna, ao lado de minha residência, assistir uma missa particular que meu tio (irmão da minha avó) iria realizar, como não me restou outra opção fui, e para me animar ainda mais, tive que fazer uma leitura que falava sobre a imoralidade dos "fornicadores" que ofendem a Deus. Em seus comentários meu tio disse que "é claro que o sexo no matrimonio é sagrado", mas a falta de pudor, as seduções, são ofensas a nosso corpo que é "divino".
Eu, de acordo com suas explanações, seria uma herege imoral, amoral, indecente, e pecadora, fadada a arder nas chamas quentes do "inferno católico". Oh, caros padres, me sinto elogiada e envaidecida com tais qualificações, porque, para mim, imoral e indecente é o orgulho, a arrogância, a prepotência, a falsidade, a ganância cega (falando nisso, não foi a ganância da Igreja que vendia "indultos" aos pecadores que revoltou Lutero?). Enfim, com tantas coisas ruins no mundo afora, estaria Deus preocupado com o que eu faço entre quatro paredes (ou ao ar livre)? Creio que não, ao menos que se trate de uma "divindade" recalcada e com problemas sexuais, que tem inveja daqueles que possuem um desempenho sexual "informal".
Existem várias pessoas "papa-hóstia" que saem da missa para falar mal da vida alheia, daquelas criaturas alegres que fazem de seus corpos e vida o que bem entendem, mas vivem honesta e dignamente, existem as que vão a missa dar dinheiro para "obras" para serem chamadas de "boas pessoas" enquanto desfilam seus trajes arrumadinhos e, na primeira oportunidade, criticam, falam mal pelas costas enquanto tratam pessoalmente, que são preconceituosas, discriminadores e falsas. Se Deus existe ele não precisa de representação (aliás, como advogada gostaria que o Vaticano e o Papa me mostrassem a procuração do Arquiteto do Universo para que ele o represente), se existe o perdão ele é obtido sem precisar de confissão, mas nunca sem uma pena terrena em contra-partida.
Deus inventou o homem e a mulher e seus sexos, deu ao homem a inteligência e, conseqüentemente, a criatividade, então, a "imoralidade" foi uma conseqüência da criação divina, vez que se liga a mente criativa do ser humano. Detesto a palavra pecado, detesto a palavra "perdão" que os papa-hóstia adoram falar. Existe o erro, existe o perdão, mas existe a lei universal da ação e reação, Deus perdoa, mas faz o homem pagar pelos seus erros, ainda que reze o "terço" 15 mil vezes por dia, e esta é a graça da vida, é ver o orgulhoso e arrogante se humilhar, o rico ficar pobre, a beata solitária, rezando 70 pais-nossos porque pensou em segurar na mão algo que não seja um rosário, orando e visando o perdão para tal fato sem refletir sobre as 30 pessoas que criticou durante o dia como se fosse um ser humano superior.
Amoral e indecente é o orgulho, o egoísmo, é não saber respeitar as diferenças, e, respeitar o outro é amar. Quem critica, quem não tolera pessoas de outras crenças, cores e classes sociais não respeita, não ama, fala de um Deus que desconhece, lê uma bíblia que não compreende, escrita por indivíduos humanos, e, portanto passíveis de erro. Jesus nada escreveu, quem o fez foram indivíduos que puderam deturpar suas palavras conforme seus desejos. Bom é aquele que "não faz para os outros o que não deseja que lhes façam", este é o único e maior mandamento.
Trair é pecado, sexo não.Ignorar as pessoas, criticar os "diferentes", maldizer os semelhantes, é falta de respeito, de amor no coração, fazer sexo anal, oral ou seja o que for não é.Não ter amor próprio é errado, confiar em si mesmo não, afinal, o maior sinal de amor ao criador é o amor a criatura, a nós mesmos, e aos outros, que demonstramos através do respeito.
Então, caro padre, me desculpe, mas não sou eu a "fornicadora pecadora", mas as celibatárias pudicas que trazem o mel na boca e o fel no coração, que comem hóstia e vomitam orgulho e prepotência, que rezam pedindo perdão mas não mudam, não se aprimoram, e ignoram que o inferno é onde estão aqueles que pagam as maldades que pensam e fazem, e que ele não é abaixo da terra, mas aqui mesmo ("senão nesta, numa outra, todos pagam" como diria minha tia), estas sim erram, e se pecado existe, são estes os seres pecadores, os que fazem aos outros o que não gostariam que eles lhes fizessem.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 16 de janeiro de 2006.
Como se não bastasse eu ter assistido uma missa de bodas sexta, sábado à tarde dormia como um anjo em minha agradável caminha para descansar para a formatura de uma prima, quando fui chamada a ir na minha vó paterna, ao lado de minha residência, assistir uma missa particular que meu tio (irmão da minha avó) iria realizar, como não me restou outra opção fui, e para me animar ainda mais, tive que fazer uma leitura que falava sobre a imoralidade dos "fornicadores" que ofendem a Deus. Em seus comentários meu tio disse que "é claro que o sexo no matrimonio é sagrado", mas a falta de pudor, as seduções, são ofensas a nosso corpo que é "divino".
Eu, de acordo com suas explanações, seria uma herege imoral, amoral, indecente, e pecadora, fadada a arder nas chamas quentes do "inferno católico". Oh, caros padres, me sinto elogiada e envaidecida com tais qualificações, porque, para mim, imoral e indecente é o orgulho, a arrogância, a prepotência, a falsidade, a ganância cega (falando nisso, não foi a ganância da Igreja que vendia "indultos" aos pecadores que revoltou Lutero?). Enfim, com tantas coisas ruins no mundo afora, estaria Deus preocupado com o que eu faço entre quatro paredes (ou ao ar livre)? Creio que não, ao menos que se trate de uma "divindade" recalcada e com problemas sexuais, que tem inveja daqueles que possuem um desempenho sexual "informal".
Existem várias pessoas "papa-hóstia" que saem da missa para falar mal da vida alheia, daquelas criaturas alegres que fazem de seus corpos e vida o que bem entendem, mas vivem honesta e dignamente, existem as que vão a missa dar dinheiro para "obras" para serem chamadas de "boas pessoas" enquanto desfilam seus trajes arrumadinhos e, na primeira oportunidade, criticam, falam mal pelas costas enquanto tratam pessoalmente, que são preconceituosas, discriminadores e falsas. Se Deus existe ele não precisa de representação (aliás, como advogada gostaria que o Vaticano e o Papa me mostrassem a procuração do Arquiteto do Universo para que ele o represente), se existe o perdão ele é obtido sem precisar de confissão, mas nunca sem uma pena terrena em contra-partida.
Deus inventou o homem e a mulher e seus sexos, deu ao homem a inteligência e, conseqüentemente, a criatividade, então, a "imoralidade" foi uma conseqüência da criação divina, vez que se liga a mente criativa do ser humano. Detesto a palavra pecado, detesto a palavra "perdão" que os papa-hóstia adoram falar. Existe o erro, existe o perdão, mas existe a lei universal da ação e reação, Deus perdoa, mas faz o homem pagar pelos seus erros, ainda que reze o "terço" 15 mil vezes por dia, e esta é a graça da vida, é ver o orgulhoso e arrogante se humilhar, o rico ficar pobre, a beata solitária, rezando 70 pais-nossos porque pensou em segurar na mão algo que não seja um rosário, orando e visando o perdão para tal fato sem refletir sobre as 30 pessoas que criticou durante o dia como se fosse um ser humano superior.
Amoral e indecente é o orgulho, o egoísmo, é não saber respeitar as diferenças, e, respeitar o outro é amar. Quem critica, quem não tolera pessoas de outras crenças, cores e classes sociais não respeita, não ama, fala de um Deus que desconhece, lê uma bíblia que não compreende, escrita por indivíduos humanos, e, portanto passíveis de erro. Jesus nada escreveu, quem o fez foram indivíduos que puderam deturpar suas palavras conforme seus desejos. Bom é aquele que "não faz para os outros o que não deseja que lhes façam", este é o único e maior mandamento.
Trair é pecado, sexo não.Ignorar as pessoas, criticar os "diferentes", maldizer os semelhantes, é falta de respeito, de amor no coração, fazer sexo anal, oral ou seja o que for não é.Não ter amor próprio é errado, confiar em si mesmo não, afinal, o maior sinal de amor ao criador é o amor a criatura, a nós mesmos, e aos outros, que demonstramos através do respeito.
Então, caro padre, me desculpe, mas não sou eu a "fornicadora pecadora", mas as celibatárias pudicas que trazem o mel na boca e o fel no coração, que comem hóstia e vomitam orgulho e prepotência, que rezam pedindo perdão mas não mudam, não se aprimoram, e ignoram que o inferno é onde estão aqueles que pagam as maldades que pensam e fazem, e que ele não é abaixo da terra, mas aqui mesmo ("senão nesta, numa outra, todos pagam" como diria minha tia), estas sim erram, e se pecado existe, são estes os seres pecadores, os que fazem aos outros o que não gostariam que eles lhes fizessem.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 16 de janeiro de 2006.
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