Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Das vestes do herói às ilusões humanas

Das vestes do herói às ilusões humanas

Muito interessante o filme “Homem Aranha 3” Conflitos interiores dentre outros assuntos interessantes são abordados no filme que toca, que “chega” ao íntimo das pessoas por falar de coisas humanas: de defeitos humanos, de enganos, de mancadas, de problemas raros e corriqueiros. De frustração, por exemplo.
Ainda que conte a história de um super herói, o filme trata do lado humano, e não supra-humano do personagem principal e dos demais, logicamente. Heróis ou não, com super-poderes ou sem eles, todos são mostrados como indivíduos passiveis de erros, mesmo na busca pelo acerto, como é o caso do homem que se torna areia. Este eu apelidei de “Homem Areia”, e, confesso, simpatizei com ele.
“Ele” é o ladrão que acabou cometendo homicídio por medo, pavor e vergonha. Por estar num lugar que não desejava, fazendo o que jamais sonhara- roubando- para salvar a filha doente. Gostei mesmo do “Homem Areia”.
O até então jovem e simplório “aranha” descobre uma nova roupa feita de um material que lhe faz sentir mais poderoso. Que, de uma forma simbiótica se alimenta de seu orgulho e presunção, alimentando nele as ilusões de tais sentimentos. Como uma provação à força interior do herói o material daquela roupa lhe perseguiu e, num momento de fraqueza, se apoderou de seu corpo lhe dando o calor do auto-engano.
A roupa faz do Homem Aranha já um pouco “convencido” por se sentir uma “estrela” nova-iorquina um cidadão insuportável, demasiado orgulhoso por seus poderes. Um homem banal, tolo de tão auto-suficiente e egoísta.
Pois bem, ainda que não sejamos super-heróis americanos, praticamente invencíveis e imortais, esta máscara, ou melhor, as “vestes” do orgulho e da presunção estão ai, correndo atrás de nós para que as vistamos e vivamos uma vida cheia de arrogância e presunções, mas solitária, vazia, sem amor, sem carinho, sem estima alheia, sem auto-estima.
Uma vida calcada na ilusão de que somos superiores aos outros, logo uma vida sem sentido algum. O filme, porém, mostra que mesmo que estejamos imersos na crença de que somos mais poderosos, mais belos, mais ricos, mais fortes, mais competentes que os outros, palpita em nós uma semente do bem.
A semente da humildade que nos possibilita a auto-análise e a constatação de que estamos vivendo uma vida real baseada em idéias surreais. E, é através dessa semente, fertilizada no solo de nossa consciência, que podemos, sempre, mudar.
Basta, pois que queiramos deixar para trás nosso orgulho e todas as idéias ilusórias que nos levam, apenas, para o caminho da dor e da solidão. Ninguém agüenta pessoas egoístas e arrogantes. Nem elas mesmas, basta que dêem um pouco de espaço para sua consciência lhes falar.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 16 de maio de 2007.

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