Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Pseudo-adultos

Pseudo-adultos

Ser adulto. Ser criança. O que significa, na verdade, “ser adulto”? Dizem que a separação dos pais abala a estrutura psíquica dos filhos, das crianças. Meus pais se separaram e procurar uma psicóloga foi minha melhor opção depois de 6 meses de turbulência emocional. Ora, mas eu não sou criança, sou adulta. Será?
Ser adulto é sinônimo de independência psíquica e financeira, é ter sonhos e correr atrás deles sem ser levado no colo, é não depender do consentimento alheio para fazer o que se deseja. Pois, estas são características do mundo das pessoas mais velhas não significa muito, não significa um atestado de maturidade e sapiência mental.
Não significa nada mediante as inúmeras surpresas que a vida nos prega, diante daquelas que nos deixam sem chão, que nos fazem sentir perdidos, meio sem rumo, como foi o caso da separação que mencionei.
Quando os pais se divorciam e possuem filhos pequenos eles passam a agir com os menores de forma a suprir-lhes a carência. Os mais conscientes dialogam, explicam, dão apoio, dão força para as crianças, e elas acabam amadurecendo, mas sem ser cobradas, exigidas e pressionadas à isso.
Quando pais de adultos, ou melhor, quando pais daqueles tidos como adultos, se separam eles pedem apoio aos filhos e acabam negligenciando os efeitos do divórcio na mente do individuo que, certamente, estava imersa em algumas ilusões. “Mamãe e papai se amam, vão viajar juntos e esperar os netinhos chegar daqui uns anos”:Ilusão. Sonho. Engano.
E, foi nessas circunstancias que eu cheguei a conclusão que adultos são, realmente, os homens que não se iludem, são aqueles que não possuem mais nenhuma idéia romântica, nenhuma ilusão a respeito de suas relações, a respeito do mundo, e da convivência alheia.
A partir do momento em que estamos, no presente, fazendo planos (ainda que no silêncio de nossas almas) para o futuro estamos criando alguma ilusão porque, do amanha, nada sabemos. Ele é incerto e, pensando nele, visualizando ele, estamos tendo a mesma pretensão que tem uma criança ao dizer que “quando crescer quer ser médica”.
(Faço, pois, literalmente, um parêntese: Que graça tem a vida sem nenhuma ilusão? Sem nenhuma esperança, nenhum sonho? Os adultos se tornam mais alegres quando deixam a criança que tem em si aflorar. Há, portanto de se ter a sapiência para faze-la dormir na grande parte dos momentos, o que nem sempre é fácil.)
Acredito, pois que é impossível ser sempre adulto. Muito embora as pessoas sejam maduras elas não conseguem viver sem expectativas, sem risos, sem piadas, sem cometer um ato irresponsável de vez em quando, ou, simplesmente sem sonhar, sem esperar um amanha melhor em algum aspecto de suas existências. A grande parte dos homens é, portanto, pseudo-adulta. Ainda bem.
Essa é a graça da vida e na vida humana, a tarefa, porém, é buscar a sabedoria, é aprender, com a dor, ou através do amor, a superar as crises, assimilar a dor e seguir adiante, ainda que para isso seja preciso recorrer a algum profissional ou a um ombro bem amigo em alguma circunstância. O essencial, na verdade, é o desejo pelo aprimoramento pessoal.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 04 de julho de 2007.

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