Os "classe média" delinqüentes
O que leva jovens com um futuro promissor pela frente a espancar uma desconhecida e, posteriormente, afirmar em sua "defesa" que o fizeram porque acreditavam que ela era uma prostituta? O que faz, portanto, com que seres humanos tenham atitudes inferiores as dos animais selvagens (afinal o ser humano, diz-se, é "racional")?
O drama da doméstica carioca Sueli que foi espancada por jovens "classe média" num bairro de alta classe do Rio de Janeiro comoveu o País, todavia, mais do que revolta o fato deve fazer as pessoas refletirem. Deve, no mínimo, tirar o sono dos pais, daqueles que, corajosamente, resolveram colocar vidas no mundo e por elas possuem grande responsabilidade.
Pais não são perfeitos, são seres humanos, porém seu dever é educar seus filhos da melhor forma possível. E educar não consiste em dar mordomias, dinheiro, em colocar os filhos em "aulas" variadas: idiomas, ballet, futebol, piano, violão. Educar é dialogar, é interagir, é ter contato, é, acima de tudo estar no justo limite da amizade e da imposição de respeito. Saliente-se respeito conquistado no amor e pelo amor e não no medo, no receio de gritos e surras.
Pois bem, o que chamou a atenção da maioria das pessoas foi o fato dos delinqüentes serem de classe média. Afinal, reside no imaginário popular que apenas pobres podem ser bandidos, podem ser delinqüentes. Pensamentos preconceituosos de uma sociedade exclusora, estigmatizadora e pouco racional. Pouco, na verdade, sensível e esperta.
Eu não me espantei com a classe social dos rapazes. Estudei nas melhores escolas, fiz faculdade em Instituição de Ensino Superior privada e posso afirmar que conheci pessoas cruéis. Frias como gelo, tolas como um gato girando ao redor do próprio rabo. Dinheiro e classe social não remetem, nem nunca deveriam remeter o pensamento humano à existência de (bom) caráter, honestidade e boa educação.
Me espantei, pois, com a capacidade daquelas pessoas. Daqueles jovens "bem nascidos" e preconceituosos. Mais do que isso, com as afirmativas dos pais: "Se meu filho vier a ser condenado ...". Eu gostaria de ouvir "meu filho deve ser condenado e ...". Infelizmente, o Estado deve reprimir (e, sabe-se bem, teoricamente), tentar corrigir aqueles que saíram de casa sem correção. Deve, enfim o Poder Público tentar castigar aos mau educados pelos pais, ou pela vida, no caso dos infratores da lei pobres cuja educação familiar é inexistente - são largados ao léu por uma mãe de pai (possivelmente) desconhecido ou presidiário. Esta é a realidade de muitos, mas não a do caso que comento.
Disse Pitágoras do alto de sua sapiência: "Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens". E é verdade. Não que a "culpa" por tudo seja dos pais, mas alguma falha existe. Sobrou mimos, dinheiro talvez, na criação dos rapazes, mas faltou o ensinamento, a instrução do que seja compaixão, piedade, sensibilidade. Faltou, talvez, uma criação mais "espiritualizada" que dissesse: "Meu filho, não faça ao outro o que não queres que te façam". Quem gostaria de apanhar no rosto com ponta pés, covardemente?
Não estou apregoando a religião como meio, mas a valorização do ser humano como igual independente de classe social ou profissão (bateram porque acharam que era "prostituta"?!), mas o respeito ao homem, e para tanto, uma visão menos materialista, mais espiritual e sensível do mundo seria fundamental. Cristo disse muito, porque não retornar à seus ensinamentos, porque olvidar de suas palavras?
O homem não é sapiente por saber falar inglês e espanhol, por ter habilidades sensacionais com informática ou por ser filho de Desembargador, o homem só possui nobreza se possuir sensibilidade, se tiver empatia na vida. Não falo de crenças, de fé, de ir todos os domingos à Igreja, falo da valorização das palavras cristãs. Falo da necessidade de "amar ao próximo" como a si mesmo adaptado (por mim) à verdade humana e errante: "Respeitar ao próximo como se deseja ser respeitado".
Educar é repreender quando necessário, e, hoje, mais do que nunca se sabe da importância do diálogo. Os bons pais são aqueles que abdicam do egoísmo, que aprendem a conhecer seus filhos, aqueles que pensam no caráter do adulto que estão ajudando a formar e com eles, desde a infância, interagem como amigos experientes, que pelo amor que dão têm deles o respeito e a estima. São aqueles que, independente da religião, ensinam a importância da compaixão, do "colocar-se" no lugar do outro, enfim.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 02 de julho de 2006.
O que leva jovens com um futuro promissor pela frente a espancar uma desconhecida e, posteriormente, afirmar em sua "defesa" que o fizeram porque acreditavam que ela era uma prostituta? O que faz, portanto, com que seres humanos tenham atitudes inferiores as dos animais selvagens (afinal o ser humano, diz-se, é "racional")?
O drama da doméstica carioca Sueli que foi espancada por jovens "classe média" num bairro de alta classe do Rio de Janeiro comoveu o País, todavia, mais do que revolta o fato deve fazer as pessoas refletirem. Deve, no mínimo, tirar o sono dos pais, daqueles que, corajosamente, resolveram colocar vidas no mundo e por elas possuem grande responsabilidade.
Pais não são perfeitos, são seres humanos, porém seu dever é educar seus filhos da melhor forma possível. E educar não consiste em dar mordomias, dinheiro, em colocar os filhos em "aulas" variadas: idiomas, ballet, futebol, piano, violão. Educar é dialogar, é interagir, é ter contato, é, acima de tudo estar no justo limite da amizade e da imposição de respeito. Saliente-se respeito conquistado no amor e pelo amor e não no medo, no receio de gritos e surras.
Pois bem, o que chamou a atenção da maioria das pessoas foi o fato dos delinqüentes serem de classe média. Afinal, reside no imaginário popular que apenas pobres podem ser bandidos, podem ser delinqüentes. Pensamentos preconceituosos de uma sociedade exclusora, estigmatizadora e pouco racional. Pouco, na verdade, sensível e esperta.
Eu não me espantei com a classe social dos rapazes. Estudei nas melhores escolas, fiz faculdade em Instituição de Ensino Superior privada e posso afirmar que conheci pessoas cruéis. Frias como gelo, tolas como um gato girando ao redor do próprio rabo. Dinheiro e classe social não remetem, nem nunca deveriam remeter o pensamento humano à existência de (bom) caráter, honestidade e boa educação.
Me espantei, pois, com a capacidade daquelas pessoas. Daqueles jovens "bem nascidos" e preconceituosos. Mais do que isso, com as afirmativas dos pais: "Se meu filho vier a ser condenado ...". Eu gostaria de ouvir "meu filho deve ser condenado e ...". Infelizmente, o Estado deve reprimir (e, sabe-se bem, teoricamente), tentar corrigir aqueles que saíram de casa sem correção. Deve, enfim o Poder Público tentar castigar aos mau educados pelos pais, ou pela vida, no caso dos infratores da lei pobres cuja educação familiar é inexistente - são largados ao léu por uma mãe de pai (possivelmente) desconhecido ou presidiário. Esta é a realidade de muitos, mas não a do caso que comento.
Disse Pitágoras do alto de sua sapiência: "Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens". E é verdade. Não que a "culpa" por tudo seja dos pais, mas alguma falha existe. Sobrou mimos, dinheiro talvez, na criação dos rapazes, mas faltou o ensinamento, a instrução do que seja compaixão, piedade, sensibilidade. Faltou, talvez, uma criação mais "espiritualizada" que dissesse: "Meu filho, não faça ao outro o que não queres que te façam". Quem gostaria de apanhar no rosto com ponta pés, covardemente?
Não estou apregoando a religião como meio, mas a valorização do ser humano como igual independente de classe social ou profissão (bateram porque acharam que era "prostituta"?!), mas o respeito ao homem, e para tanto, uma visão menos materialista, mais espiritual e sensível do mundo seria fundamental. Cristo disse muito, porque não retornar à seus ensinamentos, porque olvidar de suas palavras?
O homem não é sapiente por saber falar inglês e espanhol, por ter habilidades sensacionais com informática ou por ser filho de Desembargador, o homem só possui nobreza se possuir sensibilidade, se tiver empatia na vida. Não falo de crenças, de fé, de ir todos os domingos à Igreja, falo da valorização das palavras cristãs. Falo da necessidade de "amar ao próximo" como a si mesmo adaptado (por mim) à verdade humana e errante: "Respeitar ao próximo como se deseja ser respeitado".
Educar é repreender quando necessário, e, hoje, mais do que nunca se sabe da importância do diálogo. Os bons pais são aqueles que abdicam do egoísmo, que aprendem a conhecer seus filhos, aqueles que pensam no caráter do adulto que estão ajudando a formar e com eles, desde a infância, interagem como amigos experientes, que pelo amor que dão têm deles o respeito e a estima. São aqueles que, independente da religião, ensinam a importância da compaixão, do "colocar-se" no lugar do outro, enfim.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 02 de julho de 2006.
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