Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 3 de maio de 2008

Aborto.

Aborto.

Segundo dados do documento “Aborto e Saúde Pública: 20 anos de Pesquisas no Brasil”, produzido pena UNB (Universidade de Brasília) e UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) 70% das mulheres que optam por aborto vivem em união estável e já possuem filho, 51 a 82% deles são feitos por mulheres com idade entre 20 e 29 anos, apenas 7% a 9% são cometidos por adolescentes.
Aliás, segundo a pesquisa
[1] mais de 50% das mulheres que abortaram na região sul e sudeste do país usavam algum método anticoncepcional, principalmente pílulas. Dados importantes do estudo foram coletados pela Universidade Federal de Pelotas que garantiu o anonimato das entrevistadas.
Pois, apesar da possibilidade e uso de métodos contraceptivos as mulheres cuja idade não poderia ser chamada de tenra, nem as condições de vida de “precárias” fazem uso do aborto, geralmente, usando Cytotec para interromper uma gravidez indesejada. Certo ou não? O fato é real, julgamentos e bandeiras “pró” ou “contra” não são convenientes, ao contrário da reflexão que é uma necessidade.
Por trás de todos assuntos polêmicos em nosso País existem dois lados em constante oposição: o lado real, do que realmente ocorre, e o outro, o do “ilegal”, “imoral”, enfim, o lado dos pregadores da “palavra de Deus” – à sua moda é claro -, e dos moralistas, dos códigos legais influenciados por uma gama de argumentos que são, enfim, notoriamente hipócritas.
Fala-se da asseguração por parte do Estado da vida do nascituro. E, ai esta ele, novamente, cuidando, ordenando o que não deveria, porque o nascituro, o feto, esta dentro do ventre de uma pessoa que precisa de muito mais do que “obediência” à lei para ser uma boa mãe. Ou será que o Estado acha que com o aparato educacional, com as bolsas assistencialistas que oferece, irá suprir a falta de carinho, de esmero na educação da criança cuja vida “assegurou”?
Na verdade a cada dia que passa vem se tornando inócua a criminalização do aborto. Como no caso dos entorpecentes: Não é por ser licito ou não que alguém usará drogas ou abo
rtará. As pessoas usam sua liberdade para o que desejam quando possuem vontade ou motivos para agirem, enfim, mesmo ludibriando a lei buscam realizar seus intentos. Justos, corretos, saudáveis? Julgamentos dessa índole são desnecessários. Eles ocorrem sempre, a maioria dos seres humanos adora jogar pedra nos outros.
A liberdade, pois é o direito que deve ser mais respeitado, embora haja uma vida que a mulher pretende extirpar, existe ela e seus julgamentos, ela e seus problemas financeiros e, principalmente, íntimos, psicológicos. Ela e seu despreparo para, não gerar uma vida, mas para cuidar de uma como uma ela merece e deve ser cuidada. Se uma mulher grávida deseja interromper uma gravidez, não possui tal vontade “por nada”. Ela conhece bem seus motivos, que vão muito além de imaturidade ou dificuldade financeira.
A sociedade deve quedar-se inerte. O Estado também deveria fazê-lo, deixando a hipocrisia de lado, tirando os panos que tapam a realidade e causam problemas de saúde à muitas mulheres que abortam por baixo deles.
O ônus de impedir uma mulher de fazer o que ela deseja dando à luz a uma criança indesejada certamente será pior. Educar filhos, tal qual constituir um casamento requer amor, muito além de dinheiro. E, se com amor nem sempre é fácil, com desprezo e má vontade certamente se torna impossível e carinho, afeto, respeito e amor são as bases para a educação de pessoas saudáveis, porque de criminosos, egoístas, mal amados e psicopatas o mundo não precisa mais.

Cláudia de Marchi

Marau/RS
, 03 de maio de 2008.

[1] Zero Hora, edição de 02 de maio de 2008, página 47.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.