Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A esperança da mudança alheia.

A esperança da mudança alheia.

Como advogada ouço coisas assustadoras. Não falo de confissões de crimes, falo de pessoas, mulheres ou homens, que falam que passaram 26 anos casados com alguém que lhes tratava mal, com quem conversavam, tentavam deixar, mas, ouvindo promessas de mudanças davam chances: uma, duas, três, inúmeras chances, pensando que o outro mudaria. Falo de uma mulher jovem, que agindo em legítima defesa matou o marido que lhe batia: "Eu deixava dele, ele dizia que ia mudar e eu voltava".
Afirmativas assim, carregadas da mais triste das frustrações mechem com meus nervos. Até que ponto o amor perdoa? Até que ponto alguém pode mudar? Até que ponto uma pessoa consegue persuadir a outra em relação a sua mudança, e, porque e por quem, afinal, alguém pode mudar? São afirmativas de resposta difíceis, cujo sentido desconheço.
Segundo opinião de boa parte das pessoas que conheço ninguém muda. Segundo minhas concepções todos podem mudar, estamos na vida para aprender e melhorar, ou seja, sermos amanha um pouco mais, um pouco melhores do que somos hoje, logo, de uma forma ou de outra, a vida incita a mudança. A questão é o que pode motivar alguém a mudar, e quem é, de fato este alguém.
Pessoas de alma dura, de espírito empedernido (e existem várias), usam a afirmativa de que irão mudar para persuadir os outros. Eles mesmos não reconhecem seus defeitos, não conseguem se auto-perceber, logo, jamais conseguirão mudar de verdade sem tomarem consciência de si mesmos e de suas fraquezas. Pelo contrário, existem os que aprendem com a vida, seja através do amor, seja através da dor, estes, quiçá mereçam votos de confiança, e quiçá, também jamais precisem pedi-lo, porque mudam por si mesmos, sem que ninguém precise lhes pedir.
Mudar por alguém? Não sei se é necessário ou possível. A grande maioria das pessoas precisa mudar por ela mesma, por perceber que suas escolhas não estão lhe levando a um bom rumo, não estão lhe fazendo feliz. O homem muda, realmente, quando aprende algo que ainda não havia aprendido. Assim, a mudança será por ele mesmo, pelo seu próprio bem, todavia, tal crescimento é privilégio dos humildes de espírito e que possuem amor no coração. De outra forma, qualquer esperança de mudança por parte de quem é duro, implica em perda de tempo e aumento de sofrimento daquele que, triste, espera alguma mudança do outro.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo/RS, 20 de outubro de 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.