Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Jogo de culpas

Jogo de culpas

As pessoas complicam suas relações por intransigência, por quererem ter razão, por atribuírem ao outro características suas, por não conseguirem respeitar o ponto de vista alheio sem culpa-lo, sem tirar de si mesmo muitas culpas e pesares para jogarem no outro. Via de regra, em qualquer discussão, inexiste o certo ou o errado, a parte cheia da razão ou a parte abstida dela, existem, isto sim, duas pessoas que desejam, ou não, contemporizar.
O problema é quando se inicia um jogo de culpas: "Você fez isso, você é assim, eu posso estar errada neste ponto, você esta errado naquele e naquele outro". Tirar de si, jogar no outro, ou, simplesmente, não assumir as suas próprias culpas e desejar atribui-las apenas ao outro, é uma forma cruel de desrespeitar, não apenas a outra pessoa, mas a relação, ao sentimento que ainda pode existir, ainda que seja de mero carinho.
Embora possa uma pessoa ter errado mais, fato é que se existe vontade de transigir, se ainda existem conversas a serem feitas, jogar culpas, ou inventar culpas para atribuir ao outro é algo insano, além de cruel. Em qualquer tipo de diálogo, de interação entre duas ou mais pessoas, o homem justo não busca persuadir o outro, não deseja ter razão, almeja, apenas, expor seu ponto de vista e ser respeitado. O diálogo não é um campo de batalhas em que a vitória é almejada, ele é a única forma dos racionais se entenderem desde que desarmados de sentimentos de cólera ou orgulho.
Ser respeitado não significa ouvir "é, você tem razão", ou um sarcástico "não adianta, você tem que ter sempre razão". Em qualquer tipo de relacionamento, é preferível ser feliz, ter paz e tranqüilidade a ganhar a razão. Ou seja, a pessoa deseja se fazer entender, ser compreendida, não aplaudida. Razões, argumentos a seu favor, cada pessoa terá os seus, tendo em vista o que são, como foram educados e o que aprenderam com a vida, são pessoas diferentes, pontos de vista diversos, culturas, muitas vezes, opostas: Cada um com o que chama de "suas razões".
Respeitar é saber ouvir, transigir é ouvir para entender, para compreender o outro e sua forma de ver, de analisar a vida, a relação e suas situações. Transige quem ouve desejando compreender e não ter razão ou tirar a razão do outro lhe julgando através de seu ponto de vista, transige quem quer paz e não brigas, quem quer entender e não acusar, quem quer uma interação madura e não um jogo de culpas insano onde todos saem perdendo.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 21 de outubro de 2008.

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