Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Além do romance.

Além do romance.

Poucas sensações são tão boas como o doce saltitar do coração com a alegria do início de um romance. Jantares românticos, vinho de boa qualidade, espumantes deliciosas, bombons, café da manha com direito a tudo, inclusive quindim e pãozinho na boca. Mensagens no celular, e-mails românticos, o início de algo que pode evoluir ou findar, mas que, se bom for, se eterniza na memória de quem o viveu. Rosas, cartões românticos, expectativa de amor, presentinhos especiais, doces, champagne da melhor qualidade, noites e noites de paixão, idas à motéis, hotéis luxuosos, viagens magníficas, noites de paz e carinho numa agradável cama em momentos tão bons que poderia o mundo acabar e teríamos um sorriso cândido nos lábios.
Tudo o que a gente vive com entrega, com sentimento, com emoção, todos os momentos que aproveitamos com pureza e sinceridade são especiais e se eternizam em nossa mente, logo, independente do futuro que a relação venha a ter, o que foi dela bem curtido e sentido passa a existir numa linda gavetinha na memória de nossas melhores experiências. Uma gavetinha cor de rosa, que exala um doce perfume e nos arrepia ao fazer sentirmos a alegria de outrora no coração e um agradável arrepio na pele.
Todavia, não é o "quão maravilhoso" é o início de uma relação que definirá quão aprazível, divertido e agradável será o "depois", o dia a dia, o futuro do relacionamento, pois independente do doce romantismo inicial a realidade de uma vida afetiva requer muito mais que romance constante: Requer afinidades, respeito, paciência, semelhanças, inclusive no aspecto cultural, complacência, e, é claro, atração, desejo, e muita inteligência e humor para tornar agradáveis os dias mais rotineiros, cansativos ou inertes.
Não existe romance de novela, ou melhor, não existe romance cuja paixão explosiva se mantenha dia após dia, em que todas as noites sejam regadas a espumante, morangos e muito sexo. O ser humano passa por fantasias para amadurecer: Na infância sonha, imagina o mundo como quer que seja, quando amadurece vê a vida como ela é. Da mesma forma quando o assunto é a "perfeição romântica de um relacionamento", quando imaturos nos encantamos com o "romance encantável", quando maduros percebemos que tal é apenas um detalhe para uma relação sólida.
Tudo pode começar da forma como idealizamos, como num belo filme romântico, e se perder durante os dias e os anos, outras relações podem começar sem adornos românticos e melhorar com o passar do tempo. Independente de qualquer coisa a graça da vida é o que dela aprendemos e o que nela fazemos com pureza de coração, e o melhor que temos a fazer enquanto viventes, é, simplesmente: Vivenciar. Vivenciar o mais belo romance, a mais tórrida paixão e o mais puro amor, este sim, é o que surge independe de mimos e agrados, e vivenciar, convém dizer, é viver com o corpo e com a mente e sentir com o coração e com a alma.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 30 de setembro de 2009.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Saudade e Passado

Saudade e passado.

Em um de meus últimos escritos mencionei que o único tempo importante, porque existente e existente, porque importante, em nossa vida é o tempo porque do passado resta saudade ou arrependimento, ou uma mistura de ambos.
Até mesmo de nós mesmos podemos sentir saudade: Somos seres em constante formação e transformação, podemos ter saudade do que fomos e sentimos, da liberdade, da serenidade, da paixão atordoante, do momento especial, dos parceiros amigos de outrora, dos amigos que fizemos e de todos aqueles por quem sentimos carinho, mas dos quais nos afastamos. De tudo podemos ter saudade: Do que se foi há muito tempo ou do que aconteceu há um minuto.
Arrependimento já é algo que todo mundo pode sentir, mas que não é bom e se cultivado se torna prejudicial à saúde da mente. Cabe à nós transmuta-lo em sabedoria, em conhecimento, em experiência de vida, ainda que sofrida. Mas de algum “arrepender” ninguém esta livre nesta vida, até porque não somos perfeitos.
As lembranças de nosso passado fazem nos sentirmos vivos quer pela alegria que nos tragam, quer pelo fato de termos vivido e enfrentado dores, mas estarmos saudáveis recordando o que nos ocorreu, por mais que tenhamos sofrido um pouco.
Do passado não adianta nos arrepender, nem tentar ignorar a saudade de bons momentos, o passado não é um “tempo”, é uma lembrança que pode se tornar eterna em nossa mente dependendo das boas energias que nos traz.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 25 de setembro de 2009.

domingo, 20 de setembro de 2009

A auto piedade.

A auto piedade.

A auto piedade é a mais perigosa das características que, neste momento, prefiro denominar de “defeito”. Sentir-se ferido, machucado, desprezado ou até mesmo humilhado é possível, existem muitas pessoas pelo mundo que não se importam com o que sentimos, menos ainda com o quem somos.
Àqueles que nos desprezam nosso silêncio, nosso desdém. Errado é assimilarmos o desprezo, a ofensa, o insulto, o ato egoísta do outro ou simplesmente sua estupidez como algo “nosso”. Como se fossemos mesmos seres infames a povoar o mundo.
Achar que somos errados, que não sabemos fazer isso ou aquilo da forma que desejam, achar que somos coitados porque o namorado nos deu um fora, a amiga nos colocou de lado, o cliente nos ignorou, ou alguém especial se afastou de nós alegando que somos negativos ou abjetos é suicídio em vida.
Ninguém nesse mundo é perfeito, e nem deve sê-lo. Quem nos ama respeita nossas limitações e quem nos ignora, quem não nos ama, afinal, que importância têm para nós? Somos nós que precisamos sentirmo-nos fortes, somos nós que temos que nos amar acima de qualquer coisa para que não seja uma “coisa qualquer” que nos desequilibre emocionalmente.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 20 de setembro de 2009.

Pessoa especial

Pessoa especial

Se acaso um dia uma filha ou filho meu me perguntar o que deve deixar de fazer na vida e eu tiver a audácia de respondê-los direi: Não faça nada que saibas que vai ferir alguém, não faça nada que vai macular sua moral de boa pessoa, sua boa índole, brio e auto estima.
De resto, vale mesmo é ter coragem para ser feliz. Deixar para traz amizades perniciosas, amores indecisos, relações mal estruturadas. A vida coloca em nosso caminho pessoas especiais quando estamos aptos para tê-las em nossa vida.
Mas, ora, o que são pessoas especiais? São aquelas cujos momentos partilhados conosco que não saem de nosso coração. Coração, não memória. As lembranças guardadas na memória são mais tênues, as armazenadas no coração são inesquecíveis por uma vida inteira.
É uma noite olhando as estrelas, olhando as luzes da cidade se apagarem, é um diálogo sobre o que se sente ou deixa de sentir, uma viagem de ida, ima viagem de retorno. São coisas singelas que apenas compartilhadas com pessoas especiais se tornam inesquecíveis.
É bom viver grandes paixões, é bom ser bem amado, bem cuidado, é bom amar e bem cuidar, é bom colocar nossa alma em cada ação, em cada toque, em cada sorriso, mas só fazemos isso quando temos ao nosso lado alguém especial, logo, diria para um rebento: Veja se a pessoa que te oferece alegria, amor ou diversão é, realmente, uma pessoa especial.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 20 de setembro de 2009.

sábado, 19 de setembro de 2009

Sua vida.

Sua vida.

Querer entender a vida pode ser uma tarefa muito importante, porém é ela a que mais faz o homem perder seu tempo. A vida e o amor não devem ser compreendidos, devem ser sentidos, gozados, aproveitados.
Tente viver bem, aproveite a paz celestial que existe no âmago do seu ser. Agradeça à tudo, em especial por existires e seres quem és. Agradeça o copo de água, vinho, suco ou refrigerante que mata tua sede.
Aproveite os momentos, o aperto de mão de quem ama você, o olhar admirado de quem lhe estima, elogie mais à tudo e à todos, demonstre mais gratidão e contentamento pelo que você possui do que desgosto pelo que, ainda, não tem.
Seja feliz agora, ame agora, abrace agora, dê carinho, doe palavras de compreensão e estimulo agora, o presente é o único tempo que existe vez que o passado se resume em dois adjetivos: Saudade ou arrependimento, e não convém comentar o porque de um ou outro.
Compreenda que a regra da vida e a sua graça são as imperfeições, entenda que se você erra e pode já ter cometido erros envergonháveis o outro também pode errar, então, para que criticar, para que cobrar demais os “bons atos” alheios se todos falham?
Viva com leveza de espírito se olhe no espelho e tenha orgulho do que vê: Gordo, magro, jovem, velho, pálido, bronzeado, o que importa é a alma por trás da aparência e essa alma é única nesse imenso universo, portanto, tenha orgulho de ser quem você é, principalmente porque lhe cabe ser um pouco melhor e muito mais contente e feliz. Você é o ser principal nessa existência que se denomina “sua vida”.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 19 de setembro de 2009.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Saber ouvir.

Saber ouvir.

Como é bom saber ouvir! Como é bom conseguir aprender com o que ouvimos, analisar e criticar positivamente as experiências alheias sem o véu do orgulho da "super auto estimação". Todos sofrem ou já sofreram, todos erraram tentando acertar e se desiludiram, todos têm alguma coisa para aprender e outras para ensinar, nenhum ser humano é um livro em branco e é por isso que todos merecem nossa atenção quando expressam seus pensamentos e sentimentos.
Tapar os ouvidos, colocar uma viseira nos olhos e seguir a vida ignorando até quem nos ama e quer nos mostrar novos caminhos e possibilidades de viver é algo demasiado estúpido que só faz prejudicar a quem se julga acima do aprendizado alheio. A vida nos mostra muitas formas de aprimoramento pessoal, muitas formas de aprender e a melhor delas é, sem dúvida ouvindo quem tem algo de útil e válido para nos dizer.
Deus pode nos falar através de nossa consciência, de nossos sonhos, de nossa intuição, mas também pode nos falar pela boca de quem nos estima e deseja nosso bem. Pela boca de quem nos ama e vê com outros olhos problemas que visualizamos como elefantes enquanto, se comparados com os de muitos outros, não passam de pulguinhas: Irritam, incomodam, mas são fáceis de eliminar.
Reclamar e lastimar demais nossas mazelas, achar que nossos problemas são insolúveis ou dificílimos é a melhor forma de perder o amor pela vida, por que com cada reclamação estamos pisando em cima do que a vida nos deu de bom, enquanto criticamos o outro e menosprezamos seus atos valorosos estamos lhe incentivando a deixar de ser bom e de se esforçar. Os pais já educam seus filhos com o péssimo hábito de pouco elogiar e exigir atos super corretos que, certamente nem eles eram capazes de fazer quando tinham a idade dos rebentos.
E é assim que, desde criança os seres humanos se desapegam do valor que tem ouvir bons conselhos ou palavras de incentivo. Elas se armam contra isso porque provêm de uma educação que pouco elogiava e criticava brutamente, e para cada tentativa alheia de incentivo o ouvinte se arma e se esquiva com medo de ser tripudiado quando o outro quer, apenas, ajudar.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 18 de setembro de 2009.

A intenção de acertar

A intenção de acertar

Um dos mais nobres aprendizados que podemos obter de nossa trajetória na vida é que somos os responsáveis, de uma forma ou de outra, por tudo o que nos acontece. Se algo hoje nos fez chorar, ontem, dando gargalhadas podemos ter-lhe escolhido.
A vida é encantadora ao mesmo tempo em que pode ser trágica pelo fato de não podermos prever o que acontecerá em nosso amanha. Sonhamos, desejamos, esperamos: Surgem as oportunidades, fizemos as escolhas sempre no intuito de acertar, mas, no futuro, podemos ser surpreendidos positivamente ou não. Na verdade existem sempre surpresas positivas e negativas em quaisquer de nossas escolhas.
A intenção de “acertar” através das escolhas é, na verdade, um a ficção de nossa mente espiritualmente limitada: Ainda que não obtenhamos, de nossas opções apenas regozijo e o que mais de bom que podemos ter esperado elas sempre se tornam certas: Certas pelo aprendizado que nos dão.
Seria bom se pudéssemos prever as lágrimas que escorrerão pela nossa face, as emoções positivas, o encantamento constante, a desilusão, a mágoa, a alegria incontida, a tristeza profunda, a felicidade envolta em paz que nossas escolhas nos trarão.
Todavia, o maior sinal de nossa maturidade é assumirmos as escolhas que fizemos ainda que choremos escondido, ainda que oremos à Deus pedindo perdão, ainda que soframos, o resultado sempre é positivo: Maturidade e crescimento pessoal, bens valiosos que ninguém nos pode roubar.
De resto o que vale é viver a vida que escolhemos, com brio, humildade de espírito e a doce esperança de um dia afirmarmos que “ao final, tudo deu certo”: A sabedoria psíquica foi conquistada e esta sim, tem valor inestimável e economicamente inauferível.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 17 de setembro de 2009.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Àqueles que gritam II

Àqueles que gritam II

Existem coisas simples na vida que muitas vezes nos passam despercebidas pela dificuldade que temos em admitir nossa culpa e nossa responsabilidade por infortúnios sem que reguemos nossa infeliz auto piedade.
Errar é humano, mas não assumir a própria culpa ou tentar atribui - lá à outrem é simplesmente, desumano. E entre o humano e o desumano existe a diferença de sentimentos nobres como a compaixão, a indulgência e a compreensão. Todos deveriam ter como certo para si que pessoa alguma comete gafes por querer, ninguém erra com a intenção de errar ou prejudicar alguém.
"Ninguém" quando me refiro à relações amistosas, quando se trata de briga, discussão ou qualquer espécie de desavença as mágoas são causadas deliberadamente, todavia no convívio diário entre pessoas saudáveis os erros e as mágoas geradas costumam ser feitas sem intenção e compreender este fato torna a vida mais leve, o convívio mais humano, racional e respeitoso.
A vida requer paciência para tudo, aliás viver bem é um constante exercício de serenidade e paciência. É preciso pensar mais e falar menos, acreditar mais e reclamar menos, se esforçar mais e se depreciar menos, admirar mais as belezas de mundo do que exigir uma ilusória perfeição dele. Compreender que não conseguir razão em discussões banais é muito mais "felicitante" do que cair na vã fantasia de que o outro foi persuadido por nossos esbravejos e palavras agressivas.
Nenhum homem pode mudar as considerações que o outro possui como "verdades" gritando ou berrando, aliás para viver bem é preciso respeitar as famosas diferenças interpessoais que fazem da existência humana uma grande escola. Aceitar o outro como ele é, aceitar que o outro pode cometer falhas como nós mesmos e sem más intenções é o principio básico para uma vida tranqüila. E o que não é a tranqüilidade num mundo de tanta discórdia um sinônimo perfeito de paz e felicidade?

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 15 de setembro de 2009.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Àqueles que gritam.

Àqueles que gritam.

O ser humano quando grita perde toda a razão, a elegância, o auto respeito, além, é claro de demonstrar total ausência de estima e respeito pelo outro e por seus sentimentos. Gritando o ser humano se assemelha à animais ferozes. Porém, se esbravejar e gritar adiantasse ninguém poderia comer bacon: Se berrar adiantasse os porcos não morreriam. Diálogos com clima exaltado existem, discussões também, em qualquer família, amizade, em qualquer relacionamento humano, todavia gritar com o outro faz a pessoa mais correta em suas reivindicações perder por completo a razão e a justiça que poderiam inquinar suas palavras e opiniões. Os gritos fazem do homem um ser tosco e ignorante fazendo com quem veja seu “chilique” sinta piedade por uma pessoa que não tem controle sobre si. Não é gritando que conseguimos nos fazer entender, não é gritando que conseguimos ser compreendidos, não é gritando que ganhamos a razão, pelo contrário, é alterando o tom de voz que a perdemos, é gritando que nos humilhamos (ainda que em nossa exaltação desejemos humilhar a outrem), é gritando que demonstramos nossa pequenez de espírito, nossa fragilidade psíquica e completa falta de auto controle e respeito ao próximo.Interagir, dialogar, ouvir e ser ouvido são atos que fazem a amizade se solidificar, o amor entre enamorados crescer juntamente com a admiração pela ponderação e maturidade do outro. Por outro lado, conviver com quem, tendo ou não razão no motivo que antecede a "gritaria" esbraveja como um animal irracional ferindo a quem lhe cerca faz a admiração diminuir, o coração cansar e a alma doer. E é inevitável que a dor da alma e do coração esmoreça qualquer sentimento inclusive o amor, porque ele deixa de existir na medida em que a admiração se esvai.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 09 de setembro de 2009.

Clima leve

Clima leve.

Tem gente que fica feliz com o luxo, que se sente bem apenas estando em ambientes bem decorados, super limpos e espaçosos, tem gente que só se sente à vontade com pessoas íntimas, da família mesmo que num ambiente de pouco diálogo, alguns se sentem bem apenas quando a situação bancária está para lá de animadora, outros se sentem contentes apenas no happy hour, com amigos e uns golinhos de qualquer bebida alcoólica.
Eu me sinto bem de qualquer forma e em qualquer lugar desde que o "clima" esteja seja leve. Leve a ponto de eu poder olhar nos olhos de quem me faz cerca sem ter medo de demonstrar alguma mágoa, ou sem ter medo de ser invejada ou criticada. Clima leve é o clima de paz, de tranqüilidade e isso me deixa feliz.
Nada melhor do que estar bem e se dar bem com quem nos cerca, nada melhor do que a paz de um convívio sem brigas, sem discussões, remorsos ou mágoa. Bom é se sentir à vontade e em paz, sem nenhum sentimento apertando o peito ou agitando nossa alma. Experimentar o convívio pacifico e harmonioso é fazer de nosso lar um pedacinho de céu, pelo contrário, quando deixamos a harmonia escapar e a desavença se instalar tudo se torna infernal, inclusive o clima do ambiente em que estamos, o que atrai mais sentimentos e sensações negativas à ferirem nosso coração.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 09 de setembro de 2009.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A mágoa e quem a causa.


A mágoa e quem a causa.

A mágoa é sempre mais doida de acordo com o sentimento que temos por quem a causa. De quem nos inveja, com quem não nos relacionamos bem ou cuja existência é irrelevante para nosso bem estar psíquico podemos esperar qualquer ofensa ou, ainda que inesperada, ela não nos fere a alma como fere qualquer ato ou palavra ofensiva partida de quem estimamos.
A dor causada por uma palavra infeliz, por um gesto bruto ou pela desconsideração de nosso valor é maior na medida em que mais nobre é o sentimento que nutrimos por quem nos mágoa, ainda que sem querer.
As pessoas não costumam magoar umas as outras intencionalmente. Muitas vezes causam dor no coração alheio sem sequer aperceberem-se do que causaram. A falta de intenção pode fazer nosso coração bailar nos belos passos da indulgência, amenizam a angústia, mas não apagam os fatos, afinal a palavra após dita não volta atrás.
Aquele que humilha, aquele que dá o tapa esquece do fato muito antes do que aquele que o levou que, se o faz é pela sua nobreza de caráter e de espírito, as custas de algumas lágrimas, suspiros e dor no coração, apenas por isso.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Passo Fundo, 03 de setembro de 2009.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Colo de mãe


Colo de mãe

Existem situações que de tão simples e valorosas que são não são percebidas enquanto vivenciadas, uma delas é a de ser um “filho”. Um filho amado, respeitado, é claro.
Para a mãe da gente seremos sempre seus filhos: Aqueles por quem elas se sentem responsáveis e para quem elas nunca negarão um colo, um afago, um elogio. Quando crescemos, quando saímos de casa para casarmos, para construirmos uma família, ainda antes de ter os nossos rebentos nos sentimos demasiado responsáveis.
Aquela que era a “filhinha da mamãe” se torna a “dona da casa”, a próxima futura mamãe que não pode fraquejar nem se entregar ao cansaço. A mulher é o cerne de uma família, é aquela que ainda que não seja, tem o instinto maternal de cuidar do outro sendo ele marido, bichinho de estimação ou filho, deste é claro, com uma dádiva toda especial.
Todavia, após conquistadas as responsabilidades de mulher adulta é no cantinho do lar de nossa mãe que nos sentimos filhos novamente, que demonstramos nossa necessidade de cuidado e nos sentimos merecedores dele que não é não um zelo qualquer, mas daquela que nos deu o maior dos presentes: A vida e o amor.
É por essas e por outras belas razões que, independente da idade que uma mãe parte deste mundo, o vazio perdura no coração do filho bem amado. Ele nunca mais terá aquele toque, aquele abraço e aquelas palavrinhas inquinadas de uma capacidade de confortar transcendental inerente ao verdadeiro amor eterno. A vida de um filho que foi adorado jamais é a mesma, ainda que na fase de independência e maturidade,sem a possibilidade de ter o colo de sua mãe.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 02 de setembro de 2009.