Calado
Todo caloteiro que conheci afirma ser “bom pagador”. As pessoas negam aos outros os defeitos que possuem por conhecerem a si mesmas, logo, através deste mecanismo elas pretendem iludir quem não lhes conhece.
As pessoas desavisadas e pouco experientes no convívio humano acreditam no que ouvem, sendo assim, quase todo o homem que possui sérios defeitos morais os escondem e, através de afirmações que os apregoem virtuosos, negam a realidade de sua moral (ou ausência dela).
É uma verdade triste a de que quanto mais sérios os defeitos das pessoas maior o seu empenho em disfarçá-los e esconde-los, ainda que para isso utilizem-se da mentira e da falsidade.
As palavras são, portanto, um instrumento perigoso na boca das pessoas maldosas, afinal, através delas elas apregoam virtudes que não possuem e, seguidamente, apontam os defeitos que possuem em si como sendo dos outros.
Quanto pior a pessoa é, mais ela fala dos outros que são, na verdade, um objeto de projeção dos seus defeitos. Elas direcionam a sua imoralidade e maldade aos outros para defenderem-se de si mesmas.
É importante saber que pessoas virtuosas não apregoam as suas próprias virtudes.
O bom pagador paga contas sem apregoar que o faz. Note-se que esta é a sua obrigação, não existe nada de especial em ser correto e justo.
Da mesma forma que a pessoa fiel e sincera não precisa dizer que é leal. Ser bom, ter empatia e compaixão é normal para o homem de bom coração, logo, ele não diz o que faz e como age. Ele simplesmente faz o que é normal para si, logo, age calado.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de novembro de 2012.