Recriar-se
Se até uma certa idade, enfim, até uma certa “fase” de nossas vidas somos criados, educados por nossos pais, a partir do momento em que somos capazes de nos auto-avaliar adquirimos a capacidade de nos auto-recriar.
Nossos pais pecam, muitas vezes pela falta de atenção, de carinho, de amor, e outras pelo excesso de mimos e proteção. Como filha única fui “vítima” da segunda forma de agir na educação que acabou criando, para mim, vários problemas para enfrentar a vida.
Mas o tempo passa e a vida coloca em nossos caminhos pessoas que nos alertam, nos coloca diante de dificuldades e ansiedade interior que nos obriga a parar pára nos auto-analisar e perceber que, infelizmente, durante muito tempo estávamos vendo nossas virtudes e valor com uma lupa de alto grau.
A vida ensina. O tempo é sempre o melhor remédio para os males de nossa alma, não pelo fato dele passar, mas porque nosso viver esta em constante mutação e, quando nos rendemos à ele, percebemos as oportunidades de mudar que nos são colocadas à frente.
Essa é a maravilha da vida em sociedade: Todos têm o que aprender uns com os outros. Absolutamente todos. Não existe ser humano que não tenha lições a aprender com o outro, bem como algumas para ensinar. Conviver, interagir, escutar e, principalmente, ser paciente são as melhores formas de crescer como pessoa nesta vida.
Somos criados, educados por pessoas imperfeitas. Imperfeitas como nós. Nossos pais não são deuses. E assim, todos possuem algo de “má-criação” ante a mencionada ausência de perfeição de quem os educa. É por isso que, após um tempo somos obrigados a nos recriar, a nos auto-avaliar para buscarmos a mudança, para mudar, enfim. A “culpa” não é de nossos pais. Não é de ninguém, pode ser, apenas, nossa.
A partir do momento em que percebemos quão prejudiciais são os defeitos que possuímos devemos buscar um outro caminho, buscar nossa mudança, ainda que para isso precisemos da ajuda alheia. Recriar-se é dever do homem corajoso e humilde de espírito. Errar é humano, ser e estar errado também, mas manter-se no erro ciente dele é prova de ignorância e indício de arrogância.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 27 de abril de 2007.
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