Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 13 de junho de 2007

A dor (da falta) do amor

A dor (da falta) do amor

Minha tia diz que a dor do amor é a mais terrível das dores, e ela se diz covarde. E é, pois deixou de querer um relacionamento de tanto que sofreu por um certo alguém em seu passado. Sua covardia é indiscutível, mas suas razões são inolvidáveis. A dor do amor rasga a alma, queima o coração e não mata. Seria bom se matasse, assim, quem sabe inventariam uma cura ou um antídoto contra ela.
A dor do amor não se cura com outro amor. Sei disso na prática. Ela toma outra forma, se reveste de outra cor, mas continua a dor, a latejar, de certa forma ainda mais, porque quem ama sente falta do cheiro, do toque, da voz, da forma de falar, das pernas tortas, do nariz torto, do dente quebrado, do cabelo arrepiado, enfim, daquela "série de algos" que seu parceiro tinha, ou melhor, têm, mas, agora, longe de você. Quem ama sente falta até dos defeitos, do emocionalismo da mulher, da ranzinice, do "beicinho", do ciuminho.
É triste sair com amigos, estar no meio de muitas pessoas, ouvir as mesmas conversas, lamúrias e piadas (que se têm acabam aparentando sem graça) e sentir falta apenas de uma pessoa. É deprimente se sentir sozinho em meio a muitas pessoas pela falta de uma só mão, de um só abraço, de uma só presença, de um só cheiro. Já diria Shakespeare, que o sono é o prelúdio da morte - nos faz esquecer de chorar. De pensar. De lembrar. Mas, obviamente, não cura, não cicatriza.
Quem já amou e sobreviveu a dor imensurável da perda sabe que apenas o tempo a ameniza. É preciso estar com o coração cicatrizado para colocar-lhe no "mercado" da busca por novos amores novamente. Agir de forma diferente é ser imaturo e usar outras pessoas como objetos. Objetos que não vão suprir, realmente, a falta daquele que foi ou que mandamos embora por um motivo ou outro (ação e reação, talvez).
A dor do amor é a mais terrível das dores que um ser humano pode sentir. É uma agonia, uma dor no peito, são as lembranças, a saudade, os planos recônditos que sequer foram explicitados, a fé que se tinha que tudo fosse dar certo. É uma dor que só vale a pena ser enfrentada quando, realmente, é impossível ficar com quem se ama, do contrário há masoquismo explícito.
Adultério. Traição de confiança. Humilhação psíquica. Tudo é muito grave, mas se ainda há amor, é possível pensar. Talvez seja possível superar, lutar. Do contrário, quando emerge o asco, o nojo e a decepção é tanta que seria pior estar ao lado de quem se ama do que padecer a dor de sua falta, sendo preferível a agonia praticamente torturante da dor da falta do amor. Mas, de resto, sempre vale a pena lutar por ele. Sempre.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 13 de junho de 2007.

2 comentários:

  1. Ontem estava vendo alguns blogs e encontrei o seu. Adorei seus textos, e eles mexeram fundo comigo. Especialmente esse último. Não sei pelo que você está passando, nem sei se você tirou isso de experiências próprias ou de pessoas próximas, mas eu passei por essa situação há pouco tempo. Fui traída, ofendida e ainda recebi a culpa de tudo. O pior de tudo é que não é nem a primeira, nem a segunda, nem a terceira, nem a quarta, já aconteceram muitas outras brigas, discussões, ofensas, humilhações e traições e eu sempre ouvia e aceitava as desculpas e voltava, ou pior, eu mesma ligava e pedia pra voltar. Mas acho que já chega disso, preciso me dar mais valor. E acho que prefiro a dor de ter que esquecer ele, do que me sujeitar a tudo isso de novo.

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  2. Acima do amor deve estar o seu amor-próprio.
    Visualize um amor que te respeite que te faça bem.
    Você é o valor que você se dá. Vire as costas, sofra. Você sabe que irá sofrer, mas supere. Todos merecem o amor. Amar e ser amados. E amor implica em respeito, cumplicidade, parceria e fidelidade. Sempre. Já perdoaste, pelo visto, o imperdoável. Mostraste o seu amor. Resta a ti sofrer para habituar-se sem aquele que amou e, a ele, podes ter certeza, vai restar a constante dor da falta de uma pessoa especial como você. Porque apenas pessoas especiais são capazes de amar.Levante a cabeça e vá adiante.
    Abraço, Cláudia.

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