A perfeita vida virtual
Ando assustada com algumas coisas nesse mundo. Além da violência crescente, da criminalidade que aumenta de forma aberrante, da impunidade que começa grande nas classes altas e diminui em grau quando os possíveis “apenados” são pobres (mas que existe e não deveria existir em dimensão alguma) é a vontade humana de se mostrar e exibir-se que me assusta.
Na era de blogs, orkut, e outras formas de auto-exposição sem ser atitudes averiguadas no mundo real, no tèt a tèt comum, fica evidenciada a vontade que algumas pessoas possuem de apregoar para o mundo que são extremamente felizes, bem amadas e realizadas, que seu viver, enfim, é um imenso quadro cor de rosas.
A vida me ensinou, dentre tantas lições, a desconfiar do exagero. Das declarações de amor públicas, das frases afirmativas de realização, de vida perfeita e amores perfeitos, onde não existe a necessidade de complacência porque ambos são “idênticos”, onde não existem briguinhas, desentendimentos, nem lembranças incomodativas. Perfeito: Amores perfeitos, pessoas perfeitas, sábias, inteligentes e realizadas, será verdade tanta “perfeição”, ou melhor, toda esta aparência dela?
Declarações de amor puras são as ditas no silêncio dos olhares, a dois, sem que ninguém precise ver ou ouvir. Demonstração de amor verdadeira é a demonstrada nas atitudes, no respeito, na fidelidade até mesmo psíquica. Quem deseja demonstrar demais algo evidencia que tem, em si, latente algum recalque e/ou a vontade implícita de que o que aparenta fosse verdadeiro em seu âmago e real na sua “vida real” e não em sua existência virtual ou narrada.
E não é, se fosse o individuo viveria, enfrentaria seus problemas diariamente, e, entre risos, lágrimas, euforia e tédio, passaria sua vida com normalidade sem desejar fazer dela uma imensa “tela” onde pinta - para os outros verem, - de cores vivas e vibrantes o que é, na verdade, cinza e negro, ou, simplesmente, “normal” sem nada de muito extraordinário e perfeito, porque a vida e a graça dela esta na imperfeição. (Tudo o que é muito ajustado, correto, certo ou perfeito morre e/ou mata de tédio quem lhe tem. Se é que existe algo tão perfeito assim.)
Cláudia de Marchi
Concórdia, 04 de junho de 2007.
Ando assustada com algumas coisas nesse mundo. Além da violência crescente, da criminalidade que aumenta de forma aberrante, da impunidade que começa grande nas classes altas e diminui em grau quando os possíveis “apenados” são pobres (mas que existe e não deveria existir em dimensão alguma) é a vontade humana de se mostrar e exibir-se que me assusta.
Na era de blogs, orkut, e outras formas de auto-exposição sem ser atitudes averiguadas no mundo real, no tèt a tèt comum, fica evidenciada a vontade que algumas pessoas possuem de apregoar para o mundo que são extremamente felizes, bem amadas e realizadas, que seu viver, enfim, é um imenso quadro cor de rosas.
A vida me ensinou, dentre tantas lições, a desconfiar do exagero. Das declarações de amor públicas, das frases afirmativas de realização, de vida perfeita e amores perfeitos, onde não existe a necessidade de complacência porque ambos são “idênticos”, onde não existem briguinhas, desentendimentos, nem lembranças incomodativas. Perfeito: Amores perfeitos, pessoas perfeitas, sábias, inteligentes e realizadas, será verdade tanta “perfeição”, ou melhor, toda esta aparência dela?
Declarações de amor puras são as ditas no silêncio dos olhares, a dois, sem que ninguém precise ver ou ouvir. Demonstração de amor verdadeira é a demonstrada nas atitudes, no respeito, na fidelidade até mesmo psíquica. Quem deseja demonstrar demais algo evidencia que tem, em si, latente algum recalque e/ou a vontade implícita de que o que aparenta fosse verdadeiro em seu âmago e real na sua “vida real” e não em sua existência virtual ou narrada.
E não é, se fosse o individuo viveria, enfrentaria seus problemas diariamente, e, entre risos, lágrimas, euforia e tédio, passaria sua vida com normalidade sem desejar fazer dela uma imensa “tela” onde pinta - para os outros verem, - de cores vivas e vibrantes o que é, na verdade, cinza e negro, ou, simplesmente, “normal” sem nada de muito extraordinário e perfeito, porque a vida e a graça dela esta na imperfeição. (Tudo o que é muito ajustado, correto, certo ou perfeito morre e/ou mata de tédio quem lhe tem. Se é que existe algo tão perfeito assim.)
Cláudia de Marchi
Concórdia, 04 de junho de 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.