Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 4 de junho de 2007

A perfeita vida virtual

A perfeita vida virtual

Ando assustada com algumas coisas nesse mundo. Além da violência crescente, da criminalidade que aumenta de forma aberrante, da impunidade que começa grande nas classes altas e diminui em grau quando os possíveis “apenados” são pobres (mas que existe e não deveria existir em dimensão alguma) é a vontade humana de se mostrar e exibir-se que me assusta.
Na era de blogs, orkut, e outras formas de auto-exposição sem ser atitudes averiguadas no mundo real, no tèt a tèt comum, fica evidenciada a vontade que algumas pessoas possuem de apregoar para o mundo que são extremamente felizes, bem amadas e realizadas, que seu viver, enfim, é um imenso quadro cor de rosas.
A vida me ensinou, dentre tantas lições, a desconfiar do exagero. Das declarações de amor públicas, das frases afirmativas de realização, de vida perfeita e amores perfeitos, onde não existe a necessidade de complacência porque ambos são “idênticos”, onde não existem briguinhas, desentendimentos, nem lembranças incomodativas. Perfeito: Amores perfeitos, pessoas perfeitas, sábias, inteligentes e realizadas, será verdade tanta “perfeição”, ou melhor, toda esta aparência dela?
Declarações de amor puras são as ditas no silêncio dos olhares, a dois, sem que ninguém precise ver ou ouvir. Demonstração de amor verdadeira é a demonstrada nas atitudes, no respeito, na fidelidade até mesmo psíquica. Quem deseja demonstrar demais algo evidencia que tem, em si, latente algum recalque e/ou a vontade implícita de que o que aparenta fosse verdadeiro em seu âmago e real na sua “vida real” e não em sua existência virtual ou narrada.
E não é, se fosse o individuo viveria, enfrentaria seus problemas diariamente, e, entre risos, lágrimas, euforia e tédio, passaria sua vida com normalidade sem desejar fazer dela uma imensa “tela” onde pinta - para os outros verem, - de cores vivas e vibrantes o que é, na verdade, cinza e negro, ou, simplesmente, “normal” sem nada de muito extraordinário e perfeito, porque a vida e a graça dela esta na imperfeição. (Tudo o que é muito ajustado, correto, certo ou perfeito morre e/ou mata de tédio quem lhe tem. Se é que existe algo tão perfeito assim.)

Cláudia de Marchi

Concórdia, 04 de junho de 2007.

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