Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 26 de junho de 2007

Programa televisivo chinelo

Programa televisivo chinelo

Não acho que a vida deva ser levada demasiadamente "a sério", acho que rir, fazer piada dos próprios infortúnios tem a sua utilidade, a sua graça. Quem não brinca, não se descontrai, não relaxa e não fala umas asneiras de vez enquanto esta fadado a adoecer. Brincar, tentar manter o humor apesar das intempéries diárias é um ato de inteligência e coragem (esta, tendo em vista a realidade em que vivemos) que vale a pena ter.
Todavia, acho que quando se trata de assuntos importantes e que requerem seriedade no trato fazer piadas, ou, simplesmente comentários inúteis é de extremo mal gosto. Exemplo disso foi a enquete feita pelo programa Fantástico sobre a conveniência ou não do uso de chinelos após ter noticiado o cancelamento de uma audiência pelo juiz da 3ª Vara do Trabalho de Cascavel no último dia 13 porque o Reclamante estava assim calçado.
Sempre vale o brocardo "cada caso é um caso". Logicamente que é deselegante uma pessoa abonada entrar calçando chinelos em um baile da alta classe, por exemplo. Bem ou mal, existem regras de etiqueta que devem ser observadas, em especial por aqueles cujo status ou vontade de te-lo os deixam à mercê das convenções sociais.
É muito diferente o caso do cidadão de Cascavel dos demonstrados no programa mencionado. A discussão, a enquete em si, se mostrou horrenda, de extremo mal gosto e tola. O caso ocorrido no Paraná demonstra o cúmulo da prepotência de um juiz cuja arrogância e ignorância de espírito o levaram à beira da bestialidade psíquica fazendo com que agisse de forma a ofender aos direitos fundamentais do cidadão e a classe de seus colegas.
Na verdade o agir do juiz federal paranaense é lastimável, e a enquete do Fantástico também. Tudo na vida deve ser analisado dentro da realidade em que ocorre, dentro das circunstâncias reais, portanto. Uma pessoa humilde, simples e sem condições financeiras não pode ter seu direito ao acesso à Justiça cerceado pelos caprichos de um juiz insano que, aparentemente, agiu graças a embriagues causada por sua própria arrogância.
Um caso sério jamais poderia render comentários e correlações tão estúpidas apenas para preencher tempo num programa dominical cuja qualidade decai constantemente. A população brasileira mais culta se ofende (ou deveria se ofender) com tais menções e as pessoas com menos grau de instrução deveriam sentir-se mal porque, aparentemente, estão sendo feitas de boba. Usando o termo popular o Fantástico esta um chinelo de programa: ruim, sem graça, de quinta categoria.
Cada caso é um caso, e, certamente o caso dos programas dominicais, desde os mais divertidos até o que deveria ser mais coerente está sério. Muito sério de tanto faltar seriedade, lógica, inteligência e coerência nas suas realizações. Espero, porém que não seja adequado dizer que "cada povo tem o programa televisivo que merece". Me sinto ofendida em pensar nisso, mas será que não é a verdade?

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 25 de junho de 2007.

Um comentário:

  1. Cacau..realmente, tens toda a razão no teu pensar e mais me apavora ainda, estudantes e jovens qeu tenho visto darem suas vis e nada sábias opiniões dando razão ao magistrado, que tentou em vão se justificar com os seguintes argumentos: "Atuei como juiz dez anos em Curitiba, onde os hábitos são diferentes, onde há um consenso social de que a pessoa não vá de chinelos a uma audiência. Mas aqui a situação é diferente. Temos muitas áreas rurais. Tenho que refazer os meus conceitos", afirmou.

    REALMENTE, eu que moro há dez anos e advogo nesta Comarca, presencio memso que aos Curitibanos a roupa, ou a marca da roupa lhes dá dignidade...dignidade essa que emprestam de estados como o nosso, onde tudo se cria, nada se copia, dignidade esta que copiam de São Paulo, até jpa nominando agora Curitiba como a cidade da garoa...melhor seria: cidade onde tudo de copia, nada se cria, insisto em dizer...
    Eu, de cadeira, posso afirmar, pois inclusive, muito litiguei na Quarta Vara Federal do Trabalho desta Capital onde o douto magistrado substituia, assim, o ocorrido é um ato que deve entrar para história, mas como vergonha, como um erro crasso, pois, esta advogada que vos fala, já esteve realizando audiência, na sala deste magistrado, trajando chinela, em um pé só, nao havaianas, mas melissa, pois tive o pé quebrado...Agora lhes pergunto? O que tenho eu mais do que o trabalhador? Porque este não pode entrar na sala com sua roupa de labuta, ou até mesmo sua roupa de domingo, roupa esta que só usa porque é a que o seu poder aquisitivo permite, até mesmo porque seu antigo empregador sequer honrou com as verbas à que este fazia jus? Gostaria de saber, que diferença temos ele e eu, se os dois somos de carne e osso, os dois somos filhos de Deus perfeitos, os dois somos trabalhadores, cada um na sua área...só porque tenho uma credencial? Isso me dá o direito de entrar e sair de chinelos e ao trabalhador rural nao? Que tipo de julgadores teremos no futuro com estes exemplos? E os que nem roupa tiverem para vestir? Então à estes a Justiça não socorrerá? Pois muito gostaria de ver Cristo presente na tal audiência, com suas humildes vestes, suas sandálias, sua face sangrando, e mesmo assim, O MAIOR DE TODOS OS JUÍZES!!! E que me perdoe o Dr. Bento, magistrado este a quem sempre estimei, MAS que VERGONHA!!!

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