O lobo da alma humana
Tem dias que a gente se sente um guerrilheiro preso pelos inimigos. Canhões, armas, mãos, soqueiras, ameaças, tudo direcionado contra nós, nos constrangendo, pressionando, e, porque não admitir: Amedrontando. Quem leu Myra y Lópes sabe que o medo (como um gigante de nossa alma) quando elevado, faz a ira nos enrubescer a face e amargar o coração.
Todo mundo já sentiu-se no limite. No limite da paciência, da serenidade, do equilibro. Todo ser humano já deve ter tido a vontade de dizer: "Sim, eu estou fora do meu equilíbrio. Suma. Me deixe em paz". Alguns dizem, outros remoem a vontade de dizer, e outros, mais racionais ainda esperam a raiva passar e a serenidade voltar.
Eu faço parte do grupo dos impulsivos. Do grupo dos que magoam sem querer por perder o auto-controle. É medo de fracassar, medo de fraquejar, de errar, medo de ser criticado, julgado injustamente, medo de se ferir, e, inclusive de magoar e ser magoado. Orgulho?Talvez. Fraqueza?Certamente. Mas é preferível admitir uma fraqueza e respirar aliviado do que viver constantemente sobre a pressão do "tenho que ser infalível".
Todos somos falíveis. Todos somos capazes de gestos nobres, iluminados e gloriosos e outros nem tanto. Outros horrendos, de vingança, de raiva, de descontrole, porque não admitir? Não quero viver a vida e afirmar para mim mesma, como fez Fernando Pessoa, que todos se fazem passar por príncipes na vida. Eu não sou princesa. Não sou santa, nem perfeita, com o respeito de minha mãe que me exige perfeição desde antes de eu nascer.
O que me alegra nas atitudes vãs e vis do ser humano é, justamente, a impulsividade. O impulsivo é aquele que precisa aprender a pensar antes e não depois de agir. Bem, pelo menos ele tem uma tarefa a aprender na vida, e sabe disso, pior é aquele que se achando perfeito se vê como imutável demonstrando uma ignorância imensa e sui generis.
Pois bem: Felizes os impulsivos porque deles poderá ser o reino dos aprendizes na escola da vida. Como advogada sempre disse que o homicídio é o mais "humano" dos crimes. Não falo do assassinato planejado, feito de forma estratégica, falo daquele mais passional, onde o cidadão age, agride e mata (às vezes sem desejar tal resultado) e se arrepende depois. Agiu sem pensar, por impulso. Ao contrário daqueles que não lesionam o corpo ou levam uma vida humana mas planejam na surdina de suas mentes cometer um ato ilegal e lesar alguém.
A impulsividade é o lobo que ronda a alma humana para lhe equiparar aos animais. Mas, e daí?O homem é um animal, porém racional. Obviamente, precisa aprender a mandar este lobo para longe de sua mente e domina-lá usando o dom que se chama razão. Todavia, quando não o faz, inegável a possibilidade do arrepender-se, e, de preferência, de aprender com o erro.
Mais triste do que errar por impulso é planejar o erro, é prever o resultado, é vingar-se, é agir com meticulosidade para obter um resultado que venha a magoar alguém. Erros não justificam erros, mas o fato do homem ser humano justifica o fato dele errar. E se é pra errar que seja por um impulso ruim, e não por uma maldade permanente e contumaz. Errar é humano, errar sabendo do erro e o desejando é comprovação de maldade humana. Antes o ser instintivo do que o racionalmente pérfido.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de outubro de 2007.
Tem dias que a gente se sente um guerrilheiro preso pelos inimigos. Canhões, armas, mãos, soqueiras, ameaças, tudo direcionado contra nós, nos constrangendo, pressionando, e, porque não admitir: Amedrontando. Quem leu Myra y Lópes sabe que o medo (como um gigante de nossa alma) quando elevado, faz a ira nos enrubescer a face e amargar o coração.
Todo mundo já sentiu-se no limite. No limite da paciência, da serenidade, do equilibro. Todo ser humano já deve ter tido a vontade de dizer: "Sim, eu estou fora do meu equilíbrio. Suma. Me deixe em paz". Alguns dizem, outros remoem a vontade de dizer, e outros, mais racionais ainda esperam a raiva passar e a serenidade voltar.
Eu faço parte do grupo dos impulsivos. Do grupo dos que magoam sem querer por perder o auto-controle. É medo de fracassar, medo de fraquejar, de errar, medo de ser criticado, julgado injustamente, medo de se ferir, e, inclusive de magoar e ser magoado. Orgulho?Talvez. Fraqueza?Certamente. Mas é preferível admitir uma fraqueza e respirar aliviado do que viver constantemente sobre a pressão do "tenho que ser infalível".
Todos somos falíveis. Todos somos capazes de gestos nobres, iluminados e gloriosos e outros nem tanto. Outros horrendos, de vingança, de raiva, de descontrole, porque não admitir? Não quero viver a vida e afirmar para mim mesma, como fez Fernando Pessoa, que todos se fazem passar por príncipes na vida. Eu não sou princesa. Não sou santa, nem perfeita, com o respeito de minha mãe que me exige perfeição desde antes de eu nascer.
O que me alegra nas atitudes vãs e vis do ser humano é, justamente, a impulsividade. O impulsivo é aquele que precisa aprender a pensar antes e não depois de agir. Bem, pelo menos ele tem uma tarefa a aprender na vida, e sabe disso, pior é aquele que se achando perfeito se vê como imutável demonstrando uma ignorância imensa e sui generis.
Pois bem: Felizes os impulsivos porque deles poderá ser o reino dos aprendizes na escola da vida. Como advogada sempre disse que o homicídio é o mais "humano" dos crimes. Não falo do assassinato planejado, feito de forma estratégica, falo daquele mais passional, onde o cidadão age, agride e mata (às vezes sem desejar tal resultado) e se arrepende depois. Agiu sem pensar, por impulso. Ao contrário daqueles que não lesionam o corpo ou levam uma vida humana mas planejam na surdina de suas mentes cometer um ato ilegal e lesar alguém.
A impulsividade é o lobo que ronda a alma humana para lhe equiparar aos animais. Mas, e daí?O homem é um animal, porém racional. Obviamente, precisa aprender a mandar este lobo para longe de sua mente e domina-lá usando o dom que se chama razão. Todavia, quando não o faz, inegável a possibilidade do arrepender-se, e, de preferência, de aprender com o erro.
Mais triste do que errar por impulso é planejar o erro, é prever o resultado, é vingar-se, é agir com meticulosidade para obter um resultado que venha a magoar alguém. Erros não justificam erros, mas o fato do homem ser humano justifica o fato dele errar. E se é pra errar que seja por um impulso ruim, e não por uma maldade permanente e contumaz. Errar é humano, errar sabendo do erro e o desejando é comprovação de maldade humana. Antes o ser instintivo do que o racionalmente pérfido.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de outubro de 2007.
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