Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Virtude de mestre


Virtude de mestre

A auto-confiança é uma bela virtude. Mas, como tudo o que é virtuoso não pode ser excessiva. Há limites para tudo neste mundo, das maiores virtudes até às mais humildes atitudes. O homem se torna um perigo para si mesmo quando passa a crer demais em si mesmo e no seu "talento".
Confiar no seu "taco", dizem, é importante. Confiar em Deus, digo, também o é. Confiar em si mesmo, na própria força, garra e virtudes também é sumamente necessário. Mas confundir "tudo" e passar a crer que se é o próprio Deus no mundo, o "todo poderoso" Rei da Vida não é nada interessante. Quando o homem esta acreditando poder tudo, vem ela (a Vida) e, sorrateiramente, mostra que ele não pode gerir tudo nela, tampouco te-lá, sempre, como deseja.
Lembro que alguém certa vez comentou que existem juizes que pensam que são Deus, outros que acham que são, e outros, ainda, que tem certeza disso. Da mesma forma existem pessoas assim, cuja auto-confiança e certeza de seu próprio poder e aptidões as tornam arrogantes e estupidamente "cheias de si".
E de tão "cheias de si" que ficam acabam por se tornar vazias. Vazias de humildade, de amor para dar e receber e, porque não dizer, de alegria de viver, porque todo arrogante afasta de si as pessoas, inclusive as que julga amar. Existe um filme sensacional que fiz questão de assistir duas vezes que mostra tal fato, chama-se "Crime de Mestre".
Tudo poderia ser excelente para os personagens se ambos soubessem conter o ego inflado. A convicção de ser o melhor, o excelente, o "the best" em sua profissão, no caso de um advogado, e em seu agir no caso do personagem do bom e velho Anthony Hopkins estragam as pretensões de ambos em momentos diferentes da trama. Coincidentemente, no final vence aquele que reconheceu sua falha, enquanto é vencido e se esvai pela própria arrogância aquele que, não contente em ter para si a proeza realizada, precisa conta-la, gabar-se. (De fato, grandes peixes morrem pela boca.)
Uma das grandes lições deste filme que considero um dos melhores que assisti nos últimos meses é esta. Mas não é preciso assisti-lo para depreender tal aprendizado, basta observar a vida, muitas vezes a nossa própria: Ela vem, quieta, humilde, e, de repente, puxa o tapete daquele que esta acreditando demais em suas virtudes e proezas. Por outro lado, se mantém elevado aquele que confia em si mesmo sem perder a melhor virtude que um homem pode ter: A humildade.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 31 de outubro de 2007.

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