Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Sem inocência

Sem inocência

Apesar dos princípios de algumas religiões e de pontos de vista filosóficos e espirituais variados afirmo que o ser humano é inocente pelo que lhe “ocorre” unicamente do zero aos 9 meses de vida. Ou seja, o único ato pelo qual (teoricamente) ninguém pede e tampouco gera é o de “vir ao mundo”.
Depois que nasce o homem não é inocente por nada. Por mais injustiçado que seja, por maior que seja a sua dor, de alguma forma, consciente ou não, foi ele quem lhe deu causa. Não existem adultos inocentes, ou vítimas do acaso, do destino ou dos outros.
Existem, isto sim, homens vítimas de si mesmos. As pessoas geram o seu sofrimento das mais variadas formas. Por terem medo de amar, por terem medo de se entregar à algo, à uma situação ou sentimento, por temerem o amanha, o “dar certo” (que acarreta responsabilidades) ou o dar “errado” que acarreta frustrações.
O homem erra por omissão, erra através de atos, falha com os outros por não lhes dar valor, atenção, erra consigo por temer demais o que deveria apenas sentir e gozar, por não seguir sua intuição e seu coração. E, assim, não existem adultos vítimas de ninguém. Apenas deles mesmos.
Ademais, toda ação gera uma reação. Nem sequer um tapa levado na cara neste mundo é dado em vão. Por trás da ira do agressor, da mágoa do traidor, da mentira do “camarada”, da revolta da esposa, da displicência do companheiro, existem e existirão, sempre, um “porque”, algum motivo que nem sempre é admitido.
O homem não deixa de ser culpado, o homem não deixa de ser vítima da humanidade apenas porque nasce e tem consigo o dom da racionalidade. Mas, porque convive. Viver só não é tarefa das mais difíceis, em especial para os covardes. Conviver sim, é uma arte que apenas as pessoas emocionalmente seguras e inteligentes conseguem edificar.
Ceder, ponderar, transigir, respeitar. Dar e receber, e, principalmente ter a consciência de que no convívio não se “age” só. O agir de um refletirá na resposta, na atitude e, quiçá, na omissão do outro. E é por isso que, neste exato momento, inúmeras pessoas estão derramando lágrimas.
Lágrimas que elas mesmas geraram, quiçá sem saber que suas atitudes as levariam à dor, mas a vida não exige que saibamos o que ela nos mostrará. Ela nos cutuca a ferida e nos aponta, queiramos ou não, saibamos ou não, o porquê de nossas mazelas.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 23 de outubro de 2007.

Um comentário:

  1. Fiquei estonteado com tanta sabedoria e ao mesmo tempo considero-me privilegiado pelo oportunidade em conhecer suas lindas e profundas dissertações; enfim, parabenizo-a por tão belas palavras.

    Já sou seu fã...

    Beijos

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